Jair Bolsonaro concedeu entrevista exclusiva a Claudio Dantas durante viagem, ontem, a Uberlândia.
O bate-papo, de quase duas horas, se deu no trajeto (de carro) de seu apartamento ao aeroporto de Brasília e de lá (de avião) até a cidade mineira.
A partir de agora, O Antagonista publica os principais trechos da entrevista. A íntegra você confere na newsletter do site e no canal do YouTube
Na entrevista exclusiva a Claudio Dantas, em O Antagonista, Jair Bolsonaro disse que vai governar com ajuda dos militares e já teria uma lista de cinco generais como prováveis ministros.
Um dos nomes cotados é o do general Antonio Hamilton Martins Mourão, que defendeu uma eventual intervenção militar em caso de falência institucional.
“Não há a menor dúvida (de que Mourão terá vaga no meu governo). Ele é aquela figurinha carimbada.”
Segundo Bolsonaro, “a intervenção militar poderá vir, mas através de um militar eleito”.
Na entrevista exclusiva a Claudio Dantas, em O Antagonista, o deputado Jair Bolsonaro revelou que, caso eleito, pretende fundir os ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Ele, porém, não quis entrar em detalhes sobre como será a política econômica em seu governo. Bolsonaro disse que tem recebido conselhos de um economista cujo nome não quis revelar, para evitar retaliações.
“Quem vai cuidar das particularidades da economia será o futuro ministro da Fazenda. Eu tenho que entender tanto de economia? Por que não tenho que entender de medicina, se vou indicar o ministro da Saúde?”
Segundo ele, “o período que o país mais cresceu foi o período militar”. “Nenhum dos presidentes era formado em economia. O negócio é escalar o time certo.”
‘O eleitor espera um perfil reformista liberal’ (FLAVIO ROCHA, RIACHUELO)
Flávio Rocha, dono da Riachuelo, disse ao Estadão que a candidatura de Jair Bolsonaro “não vingará”. Na avaliação do empresário, que pretende se filiar ao Partido Novo, o eleitor espera um perfil “reformista liberal”.
Veja este trecho da entrevista:
Quem é o seu candidato para o Palácio do Planalto em 2018?
O processo que mostrou a virada da cabeça do eleitor foi a eleição de 2016. O caso mais emblemático foi o prefeito de São Paulo, João Doria. Entre os nomes colocados, ele é o melhor porta-voz de uma campanha reformista e liberal. Vejo João Doria como um nome nacional. Vejo nele mais viabilidade e chance de ganhar.
Seu nome é cotado como vice dele…
Fico honrado com a lembrança, mas a composição de uma chapa deve trazer complementaridade de novos segmentos. Sou muito parecido com ele. Somos ambos empresários e liberais. Na hora H, os estrategistas vão recomendar que buscar alguém que complemente.
‘Candidatura de Bolsonaro não vingará’
Ainda na entrevista ao Estadão, o empresário Flávio Rocha explica por que acha que a candidatura de Jair Bolsonaro não vai vingar.
“Não vingará. Sobre o discurso, o pano de fundo é a segurança. O liberal de fato, que acredita no indivíduo em detrimento do Estado, defende isso na economia e na segurança. A população não admite o monopólio da força pelo Estado. Uma questão fundamental que será reaberta será o debate sobre desarmamento. O povo rejeitou o desarmamento. É uma tática perversa das esquerdas: desarma o camponês e solta o MST em cima. Ninguém ainda, que está dentro de um viés liberal, manifestou essa coerência.”
O dono da Riachuelo acrescentou:
“Ser liberal na economia é ser liberal também na segurança. Acreditar no indivíduo. Se é o individuo será o protagonista da prosperidade econômica, ele também tem o papel fundamental nessa guerra que estamos perdendo, que a guerra da segurança.”
Bolsonaro em primeiro lugar em Sta. Catarina (em O Antagonista)
Jair Bolsonaro, em Santa Catarina, dá uma surra em todos os outros candidatos.
O Antagonista teve acesso a uma pesquisa do Instituto Paraná em que ele aparece com 24,7% dos votos no estado. Lula tem 18,3%, João Doria 10,8% e Marina Silva 9,6%.
Quando o adversário é Geraldo Alckmin, sua vantagem aumenta. Jair Bolsonaro tem 26,2%, Lula 18%, Marina Silva 9,3% e Geraldo Alckmin 8,2%.
Lula pede suspeição de Moro. Sim, de novo
Há três coisas certas no Brasil: morte, impostos e advogados de Lula pedindo a suspeição de Sérgio Moro porque alegam que o juiz federal é “parcial”.
Cristiano Zanin tentou de novo, no processo em que o petista é acusado de receber R$ 12,5 milhões em propina da Odebrecht.
A Oitava Turma do TRF-4 negou o pedido por unanimidade.
Doze ligações de Roberto Teixeira para Glaucos
O Ministério Público Federal apresentou hoje a Sérgio Moro um relatório apontando ligações telefônicas entre Roberto Teixeira e Glaucos da Costamarques.
Segundo os procuradores, foram 12 ligações do advogado e compadre de Lula para o empresário e primo de José Carlos Bumlai entre novembro e dezembro de 2015, quando Glaucos estava internado no Sírio-Libanês.
Para a força-tarefa da Lava Jato, Glaucos é laranja de Lula: o ex-presidente seria o verdadeiro dono do apartamento vizinho ao seu em São Bernardo, pago pela Odebrecht.
A defesa do petista alega que o imóvel foi locado a Marisa Letícia. Para comprovar a tese, apresentaram uma série de recibos com erros de data e de grafia.
“Os elementos ora trazidos [as ligações] vêm a corroborar a narrativa feita por Glaucos da Costamarques a respeito de ter sido contatado por Roberto Teixeira, durante a internação, período em que o contador João Muniz Leite compareceu ao hospital levando recibos para a colheita de assinaturas referentes à simulada locação do apartamento 121”, escreveu o MPF.
Moro remarca depoimento de Dilma para dia 27
Sérgio Moro marcou para o dia 27 o depoimento de Dilma Rousseff como testemunha de defesa de Aldemir Bendine.
Dilma será ouvida de Belo Horizonte, por videoconferência. Segundo o juiz, a ex-presidente está na capital mineira “para acompanhar a sua genitora, internada naquela cidade desde 11 de outubro de 2017, sem previsão de alta hospitalar.”
Bendine, ex-presidente da Petrobras e do BB, é acusado de receber R$ 3 milhões em propinas da Odebrecht.
PT quer arrastar Lula até setembro
O PT calcula que pode arrastar a candidatura do condenado até setembro de 2018.
Segundo a Folha de S. Paulo, “o parecer de Luiz Fernando Casagrande Pereira deu ao PT a segurança de que Lula, mesmo condenado em segunda instância, poderá ser inscrito no TSE em agosto de 2018 para as eleições.
Eventual impugnação demoraria um mês para ser julgada, garantindo a presença dele na campanha até setembro”.
Diz a Folha de S. Paulo:
“Dirigentes do partido avaliam que a participação de Lula em ao menos uma etapa da campanha de 2018, ainda que ele venha a ser impugnado na reta final, é fundamental para ajudar o partido a eleger bancada mínima de senadores e deputados.
A presença dele no horário eleitoral e em viagens nas primeiras semanas da campanha livraria o PT de um fiasco nas eleições parlamentares.”
As chaves da cadeia
Lula processou a Veja por uma capa em que ele aparecia vestido de presidiário.
Ontem os desembargadores do TJ negaram seu recurso.
Agora só falta transformar a imagem da Veja em realidade.
Fernão Lara Mesquita: O medo que nos une (estadão)
Poder absoluto para o eleitor interferir a qualquer momento em cada pequeno pedacinho do País é o remédio sem o risco da intoxicação
Democracia é o povo no poder. Ponto.
O desastre brasileiro só se vai aprofundar se continuarmos discutindo “por que” ou “quando” a imunidade dos mandatos parlamentares deve ser suspensa. A discussão que resolve é apenas e tão somente a sobre “quem” deve ter o poder de fazê-lo, até mesmo sem ter de dar satisfação a ninguém sobre o quando ou o por que se decidiu a isso.
O “parágrafo único” do Título I, “Dos Princípios Fundamentais”, da Constituição diz que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Daí o texto deveria saltar para o Título II, que deveria tratar de empoderar o eleitor para fazer valer o I, se essa Constituição acreditasse em suas próprias palavras. Mas não. Há cinco “jabutis” antes e mais pelo menos uma dúzia enfileirados depois desse “parágrafo único” para negar o que ele afirma e tutelar a vontade popular, que deveria ser soberana. E do Título II em diante segue sempre assim.
Nem no STF, nem no Legislativo, nem mesmo nos debates mediados pela imprensa sobre a imunidade parlamentar, instituto que visa a proteger o representado, e não a pessoa do representante, muito menos um cargo, a palavra “eleitor”, esse tal de “povo” de quem todo poder deveria emanar, chega a ser mencionada. Os três Poderes não só estão livres para cassar representantes eleitos e inverter a seu bel-prazer até o que o eleitor afirma em plebiscitos (como o do desarmamento), eles são cobrados pelos cidadãos supostamente mais ilustrados do País a assumir o papel que deveria ser exclusivo deles de decidir quem continua e quem sai, e quando, do jogo da – é sempre bom lembrar o nome – “democracia representativa”. São os cidadãos mais ilustrados e mais genuinamente imbuídos de civismo que, reagindo uns aos outros intoxicados por ondas de indignação adrede semeadas, exigem, “em nome da democracia”... que se extinga a democracia, seja com juízes, seja com a articulação de cúmplices no crime, seja com soldados.
Em plena era da informação é difícil sustentar que essa inversão decorra apenas de falta de informação. Trata-se de um vício bem mais entranhado. A verdade é que o que irmana esquerda, direita e centro desde sempre no Brasil é a desconfiança que todos têm do povo.
Considere o Estado brasileiro. Considere a Petrobrás, a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, o BNDES e as 150 “brases” coadjuvantes no nosso escândalo sem fim. Sai Império entra República, as gerações chegam e se vão, direita e esquerda sucedem-se no poder e as histórias são sempre as mesmas. Só muda o grau da desfaçatez, que vai ficando tanto maior quanto mais óbvia se vai tornando a coisa. O Brasil e o mundo inteiro sabem que empresa e banco estatal só existem para serem roubados. O Brasil e o mundo inteiro sabem que desenvolvimento de verdade só há onde essas excrescências que tratam de justificar-se em nome dele são proibidas. Se quisessem mesmo que o País deixasse de ser roubado, o primeiro alvo de toda essa gente que anda de dedo em riste por aí estaria pra lá de definido. Mas quanto mais roubam o País por meio delas, mais proibido se torna falar em nos livrarmos das estatais.
Qual é o mistério?
Nenhum. Ao redor das empresas estatais e de quem vive específica e confessadamente de roubá-las estão os empregos nas estatais e no serviço público que a alta classe média, “vocal” e politicamente organizada, reserva “aos seus”. Os donos do Estado estendem a ela o regime de privilégios em que vivem de modo a estabelecer a cumplicidade que lhes permite entrar e sair de seus cofres à vontade para comprar e recomprar o poder de continuar eternamente a fazê-lo. Como os empregos públicos, os das estatais também vêm com a garantia da estabilidade eterna, com muito mais salários do que há meses no ano, cercados de “auxílios” isentos de impostos extensivos a toda a raça do agraciado já nascida e ainda por nascer, com aposentadorias precoces por valores muito maiores que os comprados pelas contribuições e dispensada da corrida maluca pela apresentação de resultados. São tão sólidas as garantias de “petrificação” eterna desses “direitos” instantaneamente extensíveis a toda a “privilegiatura” assim que “aquiridos” por qualquer membro individual dela que até os banqueiros, que jamais poderão ser acusados de inclinações altruísticas, lhes concedem crédito para consumo a juros descontados, constitucionalmente assegurados que estão de que o favelão nacional será sempre chamado a pagar a conta nas marés de inadimplência.
Quanto mais miserável esse sistema medieval de servidão faz a Nação neste mundo de competição feroz, mais absolutamente o concurso público, único canal de passagem da nau dos explorados para a nau dos exploradores, afora as nomeações, que são ainda mais explícitas, passa a ser um atestado de rendição. E isso cria um Brasil oficial sem pressa e moralmente entregue desde a partida, com tempo e dinheiro bastantes para tomar de assalto todos os canais de expressão política da Nação, e um Brasil real mudo que aprende a amargas penas que nem correr muito fará qualquer diferença.
O preço disso é a guerra. 60 mil mortos por ano, por enquanto, e piorando por minuto.
Solução só tem uma. Entregar o poder a quem paga a conta. Instituições políticas são uma tecnologia como outra qualquer e a que foi batizada “democracia”, testada e aprovada, pode ser reproduzida sem pagamento de royalties. Poder absoluto para o eleitor interferir a qualquer momento em cada pequeno pedacinho do País é o remédio sem o risco da intoxicação. E isso se faz tirando os porteiros da entrada e escancarando as portas de saída tanto da política quanto do serviço público com eleições distritais, que definem quem é representante de quem, retomada a qualquer hora de mandatos concedidos e empregos contratados sem entrega de resultados e poder de referendo das leis como garantia de uma reconstrução sadia.
Como se faz? Querendo. O Brasil só precisa decidir se quer mesmo democracia, ou seja, o povo no poder.
* FERNÃO LARA MESQUITA É JORNALISTA, ESCREVE EM WWW.VESPEIRO.COM
Fonte:
O Antagonista/ESTADÃO