Governo Temer em números: Uma melhora significativa na economia do Brasil (Gazeta do Povo)

Publicado em 17/10/2017 13:46
Por Rodrigo Constantino. E mais: "Pobres saem do sufoco", editorial do ESTADÃO (A economia voltou a crescer e o desemprego, embora em queda, ainda é alto. Com realismo e sem jogadas eleitoreiras, mudanças positivas poderão acelerar-se, em O Estado de S. Paulo)

A avaliação de Temer é a pior da história, segundo as pesquisas. Pior até do que a de Dilma, o que é espantoso. Praticamente ninguém considera seu governo bom. Mas será que estão sendo justos com ele? Ao menos no que diz respeito ao aspecto econômico, parece inegável que o presidente tem bons números para mostrar. E uma reversão tão rápida não tem ligação com o cenário externo: é mérito de suas medidas mesmo.

Está circulando pelas redes sociais um quadro resumindo alguns desses dados que mostram a impressionante melhora da economia brasileira nesse curto espaço de tempo. Vejam:
 

Não é algum tipo de milagre, mas sim o resgate de algum bom senso, a troca da equipe econômica, colocando gente mais ortodoxa lá, a mudança no quadro de comando das estatais, as propostas de reformas etc. Enfim, o grande mérito de Temer foi ter construído mesmo a tal “ponte para o futuro”, um governo de transição que, ao menos, estancou a sangria da era lulopetista e preparou o terreno para avanços, que virão se um governo mais liberal entrar em 2018.

Aliás, se simplesmente interromper o ciclo do nacional-desenvolvimentismo e adotar uma gestão minimamente mais séria já causou essa melhora toda, imaginem colocar no comando um governo realmente liberal. Que tipo de números veríamos em pouco tempo?

Mas não pensem que é só Temer que tem bons números para mostrar. Lula também “mostrou”, ainda que involuntariamente, um número espantoso esses dias: o patrimônio de sua falecida esposa, Dona Marisa. Estonteantes 11,7 milhões de reais! Coisa de pobre mesmo, de gente humilde que luta contra as elites malvadas e opressoras.

Pobres saem do sufoco, editorial do ESTADÃO

As famílias de baixa renda, geralmente as mais prejudicadas quando os preços disparam, estão sendo beneficiadas pelo recuo da inflação. Aos poucos, e ainda com muito cuidado, voltam a diversificar as despesas, buscando no comércio algo além do essencial para a sobrevivência. Com alimentos menos caros, sobra mais dinheiro para outros bens e serviços. Elevam-se, portanto, os padrões de consumo. Apesar disso, o normal ainda é reclamar da vida, como se nada tivesse melhorado, mas o movimento nos shoppings e outros indicadores mostram um ambiente de maior animação. Além disso, as pessoas tendem a reconhecer mais prontamente a piora das condições de compras do que qualquer melhora na evolução dos preços. Mas aos poucos se acumulam os sinais positivos. Exemplo: nas lojas de produtos eletroeletrônicos, as vendas de televisores básicos têm crescido mais rapidamente que as de aparelhos mais sofisticados.

Mesmo sem corte de preços, a mera redução do ritmo de aumentos contribui para diminuir o sufoco e produzir algum alívio. Inflação menor significa menor corrosão dos ganhos das famílias. Em outras palavras, significa ampliação do poder de consumo. Todos os grupos de famílias foram beneficiados pelo recuo da inflação.

Os números normalmente mais divulgados e discutidos são os do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para as políticas oficiais. Esse índice é baseado em orçamentos de famílias com renda mensal de até 40 salários mínimos. É preciso, sempre, dar mais atenção a outra pesquisa, a do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente a famílias com renda mensal de um a cinco salários mínimos.

Em setembro, o IPCA subiu 0,16%, numa evolução notavelmente benigna. Sua alta acumulada em 12 meses ficou em 2,54%, ligeiramente acima da contabilizada no período encerrado no mês anterior, 2,46%. No fim de 2016 esse indicador estava acima de 10%. Mas os números do INPC, muito menos divulgados e comentados até pelo próprio governo, são até melhores.

Esse índice caiu 0,03% em agosto e recuou mais 0,02% em setembro. O aumento acumulado em 12 meses foi de apenas 1,63%, no período até setembro, resultado mais notável que o do IPCA. Os dois indicadores são calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Nos dois casos, o recuo foi puxado pelos preços da alimentação. Esse detalhe é especialmente importante para as famílias de baixa renda, porque normalmente gastam uma porcentagem maior da renda mensal para levar comida à mesa. No IPCA, o custo da alimentação diminuiu 1,07% em agosto e 0,41% em setembro. No INPC, as quedas nesses meses foram de 1,18% e de 0,57%. Sem dúvida, menores despesas com comida e bebida contribuem para a recomposição dos gastos e a melhora geral do consumo. Mas a melhora das condições das famílias tem decorrido também da evolução favorável dos demais preços, com aumentos menores.

Com a queda dos preços dos alimentos, o INPC, medida da inflação das famílias de renda até cinco salários mínimos, recuou 0,02%. Ótimo. Mas, se o custo da alimentação, em vez de cair, tivesse tido variação zero, o índice total teria subido apenas 0,15%. Projetado para 12 meses, esse número daria uma inflação abaixo de 19%.

A melhora do orçamento familiar tem resultado, portanto, de vários fatores além da boa produção de comida. Outros preços têm subido bem menos que nos anos anteriores, graças a uma política monetária bem calibrada (e já com redução de juros), à elevação da confiança na economia e à menor indexação, um desdobramento da inflação em queda. Sem populismo, e sem contenção, portanto, de preços de combustíveis e de tarifas de eletricidade, a política em vigor desde o ano passado reduz o sufoco das famílias.

A economia voltou a crescer, lentamente, e o desemprego, embora em queda, ainda é alto. Com realismo e sem jogadas eleitoreiras mudanças positivas poderão acelerar-se de forma segura. O reparo dos danos deixados pelo populismo ainda vai dar muito trabalho.

Uma aposta no ajuste do Brasil

O Estado de S.Paulo

Quando se trata de crescimento econômico, o Brasil perde para a maioria dos países emergentes, mas ganha com folga no confronto das maiores dívidas públicas. Domar essa dívida é um dos objetivos centrais da equipe responsável pelas finanças oficiais. O trabalho é complicado, mas há esperança de sucesso, de acordo com especialistas do Fundo Monetário Internacional (FMI). Pelas projeções, o ajuste das contas avançará nos próximos anos. Em 2021 o déficit primário do setor público será zerado e, mais que isso, o saldo voltará a ser positivo. Apesar dessa vitória, o endividamento ainda crescerá por algum tempo e em 2022 chegará a 96,9% do Produto Interno Bruto (PIB).

Essa proporção pode parecer assustadora, especialmente quando comparada com a situação prevista para o conjunto dos países emergentes, com dívida média estimada para aquele ano em 55% do PIB. Mas o número calculado para o Brasil envolve um considerável otimismo.

A projeção depende de algumas hipóteses nada triviais. Admite-se, em primeiro lugar, um esforço de ajuste continuado até o fim de 2018 e nos três primeiros anos, pelo menos, do próximo governo. As estimativas dependem, além do mais, da aprovação, sem muita demora, de uma razoável reforma da Previdência. Enfim, a tarefa deverá, segundo o conjunto de pressupostos, ser facilitada, embora moderadamente, por um crescimento econômico mais rápido que o deste ano. A expansão deverá, nesse quadro, ficar em torno de 2% ao ano, 0,5 ponto acima do ritmo estimado para 2018.

As hipóteses do Fundo coincidem, segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com a importância atribuída pelo governo a dois fatores – a aprovação da reforma da Previdência e a continuidade do ajuste. Além disso, o ministro tem mencionado a hipótese de um crescimento do PIB mais veloz que o calculado pelos técnicos do FMI, possivelmente na faixa de 2,5% a 3%. O Banco Central já chegou, nas estimativas para 2018, ao patamar de 2,5%.

O esforço de ajuste apontado nas contas do Fundo é considerável, embora os menos pacientes possam julgar o avanço muito lento. O déficit primário do setor público chegou a 2,5% do PIB em 2016. Os economistas da instituição estimam um resultado igual para este ano. O declínio deverá começar no próximo ano, mas o déficit só será eliminado em 2021. Nesse ano, o cenário inclui um superávit primário de 0,2% do PIB. Será um respiro, mas muito limitado.

O resultado primário é calculado sem a conta dos juros. Quando o serviço da dívida é incluído no balanço, obtém-se o chamado resultado nominal – no caso brasileiro, o buraco fiscal completo. Pelas projeções, o déficit nominal, estimado em 9,2% do PIB para este ano, ainda chegará a 9,3% em 2018. Depois diminuirá até 7,6% em 2021 e 7,3% em 2022, quarto ano de mandato do próximo governo.

Com esses detalhes é mais fácil entender por que a dívida bruta continuará aumentando, nesses anos, como porcentagem do PIB. Também no caso do resultado nominal a posição brasileira é bem pior que a da maioria dos emergentes. O déficit estimado para a média dos países emergentes e em desenvolvimento em 2022 é de 3,7% do PIB.

Projeções para prazos médios ou longos são normalmente sujeitas a riscos enormes, como desastres naturais, turbulências políticas, terrorismo e guerras.

Não é preciso pensar em nada tão extremo no caso do Brasil. O cuidado com os fundamentos da economia está longe de ser uma preocupação comum de muitos políticos ou partidos e isso inclui parte do Executivo. O cronograma das necessidades do País, como a reforma da Previdência, é muito menos importante para a maioria dos parlamentares que o de seus interesses, como indica seu comportamento habitual.

Além disso, muitos provavelmente se disporiam a repetir ou a apoiar a repetição dos desmandos causadores do desastre recente. Enfim, quantos hesitariam diante de uma jogada de efeito eleitoral, mesmo diante do risco de jogar o País de novo no atoleiro? Quando se consideram essas questões, o aparente pessimismo das projeções do FMI se converte quase num otimismo de Pollyana. Sem o confessar, o governo deve saber disso.

Caem o risco Brasil e o custo das captações

O CDS é uma das principais medidas da confiança dos investidores nos países, ajudando a determinar o custo de captação de recursos externos

O risco Brasil medido pelo credit default swaps (CDS, espécie de seguro contra a desvalorização dos papéis brasileiros) vem oscilando na faixa dos 180 pontos, nível inferior ao observado antes do agravamento dos problemas políticos, em maio. É mais um sinal de vitalidade da economia.

O CDS é uma das principais medidas da confiança dos investidores nos países, ajudando a determinar o custo de captação de recursos externos. Os aplicadores globais observam, além do custo do CDS, o prêmio de risco do Embi+ (Emerging Market Bonds Index, do JPMorgan, que mede o quanto um país paga em média acima da taxa do Tesouro norte-americano) e as notas dadas pelas agências de classificação de risco.

Desde o agravamento do quadro fiscal, as notas brasileiras têm sido baixas e poderão piorar mais, segundo agências de classificação de risco. Mas tanto o CDS quanto o Embi+ mostram que o pior parece ter ficado para trás, pela confiança na atuação do Ministério da Fazenda e do Banco Central. No final do governo Dilma Rousseff, o custo do CDS havia passado dos 500 pontos e se mantinha na casa dos 260 pontos há um ano.

Com a diminuição do risco, têm sido mais fáceis as colocações de bônus e a tomada de empréstimos no mercado global. Entre janeiro e setembro, companhias brasileiras captaram no exterior quase o mesmo valor que em igual período de 2016, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). As últimas emissões internacionais foram feitas com taxas de retorno entre 3,73% e 6% ao ano e demanda bem superior à oferta.

São esperadas novas emissões de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões até dezembro. As emissões brasileiras ainda oferecem bom rendimento comparativamente às de países desenvolvidos e emergentes, embora os patamares de risco do Brasil sejam inferiores, por exemplo, aos da Turquia e da Argentina.

O risco Brasil caiu, mas não se deve ignorar a ameaça de novos problemas. Em fase eleitoral, como em 2018, não são raras as turbulências políticas e econômicas. Há, ainda, incertezas quanto à economia norte-americana, e o juro básico do Fed deve subir. Ante o desequilíbrio fiscal, uma reforma da Previdência minimamente razoável reduziria os custos de captação do governo e das empresas brasileiras.

 
Fonte: ESTADÃO

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