Recuperação da economia aumenta chance de candidato de centro em 2018, diz Armando Castelar

Publicado em 02/10/2017 16:42

Por Luiz Guilherme Gerbelli

SÃO PAULO (Reuters) - Um candidato de centro e de perfil reformista terá chances de vitória ampliadas na eleição presidencial do ano que vem favorecido pela melhora da economia brasileira, avalia o coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar.

"A recuperação da economia aumenta muito o espaço para o (candidato de) centro", disse Castelar em entrevista à Reuters, sem citar nomes de eventuais candidatos com esse perfil.

"O eleitor tem ainda a memória fresca da confusão que foi o governo anterior (da ex-presidente Dilma Rousseff) e terá a percepção da melhoria de bem-estar que vai vir com dois anos de crescimento, desemprego em queda, e inflação muito baixa".

O cenário traçado pelo coordenador do Ibre tem como base números mais positivos e a tranquilidade no cenário externo, que estão levando os analistas a melhorarem as projeções de crescimento. Para este ano, ele vê avanço de 0,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e, em 2018, de 2,4 por cento.

As projeções de Castelar estão próximas do relatório Focus, do Banco Central, que colhe a previsão de uma centena de economistas todas as semanas. A expectativa dos analistas é de avanço de 0,70 por cento em 2017 e de 2,38 por cento no ano que vem.

Castelar também aponta que no ano que vem o crescimento deverá ser mais disseminado, com inflação ainda comportada -- ele estima o IPCA em 3,9 por cento --, o que poderá contribuir para o aumento da sensação de bem-estar na população.

Por ora, as pesquisas para a eleição presidencial de 2018 indicam a liderança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato visto pelos analistas como pouco favorável à agenda de reformas na área fiscal.

"O risco para o meu cenário é os votos em candidatos do centro se diluírem e a eleição acabar com dois candidatos populistas no segundo turno", afirmou Castelar, que já foi pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e chefe do Departamento Econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O governo do presidente Michel Temer, embora colecione baixos índices de aprovação popular, tem conseguido levar adiante uma pauta de reformas. Entre outras medidas, já aprovou o teto de gastos, mudanças trabalhistas e a Taxa de Longo Prazo (TLP), que servirá para os empréstimos do BNDES.

A reforma da Previdência, considerada a principal medida de ajuste fiscal do governo, no entanto, enfrenta dificuldades para ser aprovada. Diante das denúncias envolvendo Temer, o governo tem pouca margem de manobra política para tentar avançar com a proposta que está parada no Congresso.

"O tempo para aprovar a reforma da Previdência está ficando escasso. Agora, é um governo que tem capacidade de mobilização no Congresso como há muito tempo não se via. Então, não é impossível, mas a aprovação não é o cenário mais provável", disse.

Se Temer não conseguir aprovar a reforma da Previdência, o próximo presidente terá que se debruçar sobre o tema, acrescentou Castelar.

(Edição de Patrícia Duarte)

Fonte: Reuters

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