Esquerda perde o rumo e tenta reescrever a História (editorial de O GLOBO)

Publicado em 18/08/2017 04:18
Bloco nada aprende, mas também nada esquece. Não admite ter trazido de volta a inflação, contra os pobres, e se mantém ao lado da ditadura de Maduro (O GLOBO) E MAIS: O socialismo é contra você (por José Pio Martins), na GAZETA DO POVO... ( A fibra de um povo é tão maior quanto menos ela depende do governo)

Sem rumo, partidos como o PT, o PSOL, o PCdoB, o PDT e outras organizações autodenominadas de esquerda, como a Central Única de Trabalhadores, têm dado exemplos diários de perda de capacidade de formular propostas realistas, construtivas, para o país. Esvaiu-se a vivacidade com que somavam ideias ao debate nacional, mesmo quando inspirados em modelos fracassados no século passado, como se viu na extinta União Soviética. É lamentável, porque a vitalidade da democracia depende da participação construtiva de todos.

Antes fecundo, o PT se mostra desértico em proposições para o país. Subsiste em estado de negação da própria crise, de fundamentos éticos. Limita-se à tentativa de reescrever o passado, com evidentes falsificações da História.

O PSOL, o PCdoB, o PDT e parcela da Rede aderiram à autodesconstrução. Está visível na Câmara e no Senado a virtual conversão desses partidos em satélites petistas, alinhados nos dogmas e na destruição da identidade.

Esses agrupamentos denominam-se de esquerda. É compreensível no atual e gelatinoso universo parlamentar, mesmo quando desfilam com ideias apropriadas do liberalismo, como é o caso das políticas de renda mínima.

Grave, porém, é a perene negativa à História. Na tentativa diária de reescrevê-la, renegam o direito à verdade, conceito que invocaram no campo jurídico para construir uma narrativa do passado sob a ditadura.

Abjuraram o exercício da política com o maniqueísmo. Cooptaram os movimentos sociais. Omitem os erros nas políticas de saúde e educação — o sistema educacional está devastado, sobretudo nas universidades, por uma pedagogia que alinhou a didática e a formação à negação do debate, admitindo-se apenas as ideias originadas na autodenominada esquerda.

Desequilibraram as contas públicas e reacenderam o estopim da inflação punitiva dos mais pobres. Nos governos de Lula e Dilma premiaram empresas financiadoras de campanhas — as “campeãs nacionais” —, com subsídios do Tesouro em volume dez vezes maior que o destinado aos programas sociais. Essas relações incestuosas emularam a corrupção sistêmica. No Congresso, PT, PSOL, PCdoB, o PDT e parte da Rede uniram-se na interdição do debate, debitando a culpa pela quebra do país na conta do PMDB, antigo sócio no poder e que governa há apenas 14 meses.

Dissimulam, também, na sedução totalitária. Exaltam Getulio Vargas e abstraem a ditadura do Estado Novo. Apoiaram o autoritarismo de Hugo Chávez na Venezuela até com negócios extremamente prejudiciais ao Brasil, como no projeto da refinaria de Pernambuco. E, agora, solidarizam-se com a ditadura de Nicolás Maduro abduzindo a centena de mortos neste ano e os incontáveis presos políticos. Sem aprender com os erros, tentam mudar a História.

O socialismo é contra você (por José Pio Martins), na GAZETA DO POVO

Estamos em um momento crucial da vida brasileira. O governo causou a mais profunda recessão desde que o Brasil passou a ter melhores estatísticas econômicas, em 1901. Desde então, os últimos quatro anos foram os piores. A população cresceu e a produção caiu. A renda por habitante (RPH) diminuiu 11,6% de 2013 até hoje, e já é um quinto da RPH dos Estados Unidos. A nação está mais pobre.

Em artigo anterior, afirmei que o país tem uma parte capitalista (o setor privado) e uma parte socialista (o Estado). O Estado vive do que retira da sociedade. Se gasta mais do que arrecada, tem de fazer dívida. Se persiste, tem de aumentar impostos. Na crise, o setor privado (pessoas e empresas) aperta o cinto, reduz gastos e luta para não ir à falência. Já o governo segue inchando, não reduz gastos, seus servidores não perdem o emprego, e a saída é sempre a mesma: mais dívidas e mais impostos. 

A Revolução Americana de 1776 foi a revolta do povo contra os impostos cobrados pela monarquia inglesa. Foi a luta pela independência dos EUA. Porém, os norte-americanos sabiam que não ter nenhum governo levaria ao caos, e que a função primária do governo é cuidar da defesa nacional e instituir um sistema judicial. Mas os “pais fundadores” da pátria tinham duas premissas: uma, o governo não deve depender de políticos e burocratas altruístas e angelicais (que não existem); outra, não tinham a intenção de permitir que o governo se tornasse um mecanismo para “roubar” os frutos do trabalho de um homem e dar a outro que não trabalhou para obtê-los.

A Constituição dos Estados Unidos foi elaborada para preservar as liberdades individuais e ter um governo com poderes limitadíssimos. A vida de um indivíduo pode ser vista em duas grandes partes: uma é o espectro de sua liberdade; outra é o espectro de suas ações comandadas por um aparato de coerção e controle, o governo. Os fundadores da nação norte-americana sabiam que quanto mais atribuições fossem dadas ao governo, maiores seriam os impostos, mais fortes seriam os controles sobre a vida das pessoas, e os poderes dos políticos e dos burocratas seriam crescentes. Cada vez mais a vida humana sairia do controle do indivíduo e passaria ao controle do Estado.

Em sua obra O Manifesto Comunista, Marx e Engels propunham a ditadura do proletariado – aquilo que chamavam de “socialismo” –, cuja construção dependeria de três coisas: eliminar o direito de propriedade privada (privar o homem dos frutos de seu trabalho); dissolver a unidade familiar (os filhos não pertenceriam mais aos pais, mas ao Estado); e destruir a religião (que para Marx era o “ópio do povo”). Com a queda do Muro de Berlim e a desintegração do império sanguinário soviético, os socialistas passaram a controlar a vida das pessoas por meio dos impostos, de excessivos poderes governamentais e da estatização de tudo que pudessem, desde o preço do ingresso que um bar cobra de homens e mulheres até que músicas podem ser tocadas no carnaval baiano.

O pai de Pítocles reclamava do excesso de gastos do filho, que vivia lhe pedindo sempre mais dinheiro, e recebeu do filósofo Epicuro o seguinte conselho: “Se queres enriquecer Pítocles, não lhe acrescentes riquezas, diminui-lhe os desejos”. É assim que devíamos agir contra a voracidade do governo, que insiste em crescer, confiscar sempre mais de nossa renda e controlar nossas vidas. A fibra de um povo é tão maior quanto menos ela depende do governo, que no fim das contas é um pai terrível.

(José Pio Martins,economista, é reitor da Universidade Positivo).

 
 

Com a queda do Muro de Berlim, os socialistas passaram a controlar a vida das pessoas por meio de excessivos poderes governamentais e da estatização de tudo que pudessem

A condenação de Lula é a redenção do Brasil? (por RODRIGO VALVERDE, na GAZETA DO POVO)

A agenda de reformas e uma nova postura do Brasil para com empresas, empresários e gestão da economia precisa ser diferente – e melhor 

Com a recente condenação do ex-presidente Lula, discussões foram travadas, algumas sob o ponto de vista ideológico, outras sob o olhar socioeconômico. Mas, afinal, o que esta decisão traz como mensagem principal?

Poderíamos apenas replicar partes da sentença do juiz Sergio Moro, em especial aquela que diz que “ninguém está acima da lei”. Mas o objetivo deste artigo não é entrar nos pormenores jurídicos da decisão, nem nos efeitos políticos da sentença condenatória. Queremos abordar o que entendemos que esta decisão pode trazer de mensagem para o Brasil e para aqueles que acreditam e investem no país.

boom econômico vivido na época do governo Lula e em parte do governo Dilma conseguiu abafar medidas de cunho ideológico-partidário que afetaram o país e que, agora mais do que nunca, obrigam toda a população a pagar uma dívida nunca vista antes na história do Brasil. Só para dar um exemplo, as várias decisões da ex-presidente Dilma no setor elétrico trouxeram uma instabilidade sem precedentes e, como é sabido hoje, uma conta bilionária de ao menos R$ 62,2 bilhões – valor que deverá ser pago pelos consumidores em suas faturas nas contas de energia até 2025.

Quando não temos mais um cenário em que um cartel de construtoras domina todas as obras públicas, temos empresas estrangeiras dispostas e aptas a operar as obras de infraestrutura. Quando ideologias e benesses aos amigos do rei estão sendo objeto de ações penais, condenações e prisões, aliado a um movimento de discussão e aprovação de reformas – trabalhistas e previdenciárias, por exemplo –, os investimentos poderão ser destravados. 

Em janeiro, US$ 11,5 bilhões ingressaram no país direcionados para o setor produtivo, um recorde para o mês. Comparado com janeiro do ano passado, o volume de investimentos estrangeiros mais que dobrou, crescendo 111,3%. Esses indicadores motivam o país a trabalhar em agendas que permitam o aumento do Índice de Confiança do Investimento Externo Direto e a reconquistar o grau de investimento, adquirido em 2008 e perdido em 2015. Se tudo isso acontecer, o mercado de ações no Brasil pode voltar a crescer.

Leia também:Sentença traz fartas provas da corrupção de Lula (editorial de 12 de julho de 2017)

Leia também:A condenação que pode libertar o país (artigo de Paulo Martins, publicado em 14 de julho de 2017)

Em 2016, tivemos dez operações no mercado de ações que movimentaram R$ 10,6 bilhões, mas somente delas foi um IPO de fato: a abertura do capital da Alliar, da área de saúde. Vale lembrar que este IPO foi o primeiro em 15 meses. Para 2017, estimativas apontam para um número entre 15 a 40 ofertas, as quais dependem muito do capital dos investidores estrangeiros – na oferta da Azul, por exemplo, 80% das ações foram compradas por estrangeiros.Também por isso, a agenda de reformas e uma nova postura do Brasil para com empresas, empresários e gestão da economia precisa ser diferente – e melhor.

O Brasil continua sendo um mar de oportunidades a serem exploradas. Há muito espaço para investimentos nos mais diversos setores, como infraestrutura, saúde e educação. Acho que falta pouco para virarmos por completo uma história de uma economia de compadres para uma economia competitiva e de livre mercado. Quando tudo isso acontecer, o nível de emissão de títulos, públicos e privados, aumentará de forma significativa e apenas um dos indicadores do retrato do país que merecemos. Neste dia, lembraremos da sentença do juiz Sergio Moro como um marco da redenção do Brasil.

Rodrigo Valverde é advogado e professor convidado da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 
 

Militantes anti-Lula são presos com arma em Salvador, boneco pixuleco foi destruído por petistas até a dentadas (FOLHA)

Cinco militantes anti-Lula foram detidos pela Polícia Militar da Bahia na noite desta quinta-feira (17) após um deles sacar uma arma durante chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Salvador.

Adjalbas Pereira (que se identificou para a Folha como sendo policial) foi detido, segundo o major responsável pela segurança do ato. E será submetido a exame para confirmar se havia atirado para o alto no momento em que a van de Lula passava diante da calçada onde os cinco carregavam faixas em favor de intervenção militar no Brasil.

Lula chegou a Salvador às 16h30. E pegou metrô para chegar à Arena Fonte Nova. No trem, viajou na cabine.

 

No meio do caminho, um grupo exibia faixas contra o ex-presidente. Policiais cercaram os manifestantes para que não houvesse confronto com apoiadores de Lula.

Segundo os policiais, um deles sacou a arma. Pereira e Marcelo Vasconcelos (que se identificou como blogueiro) já haviam discutido com petistas horas antes, dentro da estação onde Lula era aguardado.

Diante da Arena Fonte Nova, um manifestante de apelido Jarrão também foi detido sob acusação de porte de armas.

Ele e cerca de 30 manifestantes anti-Lula faziam um protesto em frente ao estádio. Diante de um boneco gigante do "pixuleko", um repetia em um carro de som que todos de vermelho eram vagabundos. O boneco foi destruído até a dentadas. Um policial deu três tiros para o alto.

Na confusão, um dirigente do Sindicato dos Petroleiros também foi detido. Jairo Batista foi encaminhado para a Central de Flagrantes da polícia.

Integrantes do Vem Pra Rua e do MBL acusaram o governo da Bahia, sob comando do petista Rui Costa, de usar o aparato estatal para dar apoio à caravana. 

Lula diz não ser o problema do país: 'Se fosse, me matava' (na FOLHA)

No primeiro discurso da caravana pelos Estados nordestinos, em Salvador, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se comparou a Tiradentes, criticou as elites "de São Paulo" e disse não ser o problema do país.

"O problema [para os adversários] não é o Lula, são os milhares de brasileiros que tem consciência política. Se o problema fosse eu, eu me matava", disse, afirmando na sequência que não quer ser "nenhum revolucionário, mas um despertador de consciências".

Ao citar o mártir da Inconfidência Mineira, Lula disse que Tiradentes foi resgatado e transformado em herói durante a Proclamação da República pela elite que apoiou a sua morte no final do século 18. "Gente lá de São Paulo", afirmou.

Falando para uma plateia de militantes petistas, Lula falou que está sofrendo uma "perseguição".

"Eles pensam que me incomodam, e às vezes incomoda, mas não estou com medo do que está acontecendo comigo. Mas [estou com medo] dos milhões de crianças que estão ficando desnutridas no Brasil, do Brasil ter voltado ao mapa da fome", disse o ex-presidente.

HOMENAGEM BARRADA

Lula também lamentou a decisão da Justiça Federal de suspender a entrega de um título de doutor honoris causa da UFRB (Universidade Federal do Recôncavo Baiano). E criticou o vereador de Salvador Alexandre Aleluia (DEM), que moveu a ação popular pedindo a suspensão da honraria.

"Ele tem o direito de não gostar de mim porque ele é do DEM e quem é do DEM não precisa gostar de mim porque eu não gosto deles. () Talvez esse vereador não pediu [a suspensão] pelo que eu fiz, ele está com medo é que eu receba o título pelo que vamos fazer daqui para frente", afirmou.

O ex-presidente afirmou que a entrega do título é "uma formalidade", mas que vai à cidade de Cruz das Almas, sede da universidade, "dar um beijo na testa do reitor e dos professores e um abraço nos alunos".

DORIA E CRACOLÂNDIA

No ato, Lula fez o lançamento de uma das etapas do site Museu da Democracia e criticou a decisão da Justiça de embargar a cessão do terreno em São Paulo onde seria erguido um memorial para brigar o seu acervo presidencial. Ele vai prestar depoimento à Justiça sobre o terreno.

E arrematou com uma crítica ao prefeito de São Paulo João Doria, que intensificou sua agenda no Nordeste nesta semana.

"Nós íamos fazer [o museu] na região da cracolândia. () Se o prefeito de São Paulo já invadiu a cracolândia, imagine se fizermos o Museu da Democracia na cracolândia o que vai acontecer", disse.

Nesta sexta-feira (18), Lula visitará as cidades de Cruz das Almas e São Francisco do Conde, no recôncavo baiano. A caravana deve durar 20 dias e passar por 28 cidades do Nordeste.

"Manifestação ruidosa do réu Luiz Inácio Lula da Silva" (blog O ANTAGONISTA)

O Antagonista teve acesso à decisão do juiz Evandro Reimão dos Reis, da 10ª Vara Federal Cível da Bahia, que mandou cancelar a cerimônia marcada para amanhã na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) em que Lula receberia o título de doutor honoris causa.

Vejam o que ele escreve:

 

 

 

Fonte: O Globo / Gazeta do Povo/Folha

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