Ministro da Justiça diz que ação no Rio acaba 'com mito do crime organizado' (na FOLHA)

Publicado em 05/08/2017 15:44

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, defendeu a operação realizada pelas Forças Armadas no Rio, neste sábado (5), que terminou com dois mortos e 18 presos. Ele disse que a razão principal da operação é apoiar "o povo" da cidade.

Desde o início da madrugada, 4.931 militares das Forças Armadas e policiais ocupam várias comunidades na cidade.

De acordo com o balanço da Secretaria de Segurança do Rio, dois homens morreram até agora. Dos 40 mandados de prisão expedidos pela Justiça, 15 foram cumpridos, sendo apenas seis nas ruas. Outros três foram presos em flagrante durante a operação.

Uma morte aconteceu no Complexo do Lins. A outra no Morro São João. As duas comunidades ficam na zona norte.

"A razão principal é reafirmar o apoio ao povo do Rio. Estamos aqui para ajudar", disse Torquato.

"O governo unido pode, o governo unido faz, o governo unido acontece. Os órgãos de inteligência somados já estão a produzir resultados marcantes. O primeiro é acabar com o mito do crime organizado e poderoso", acrescentou o ministro da Justiça.

Segundo o balanço da secretaria, outros dois adolescentes foram presos e 16 carros apreendidos, além de três pistolas e duas granadas.

A ação deste sábado marca o começo da segunda fase da integração da segurança estadual com as Forças Armadas.

SEM FALHAS

O secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, classificou a operação de "exitosa".

"Está acontecendo sem nenhum incidente. Mas ao final da operação que está em curso, faremos um briefing com todas as forças e com toda a humildade para buscar o aperfeiçoamento permanente. Nesse momento não identificamos nenhuma falha", disse o secretário.

Ao ser questionado sobre a baixa resistência dos criminosos durante a operação, Sá afirmou que "é bom para todos" que poucos confrontos tenham ocorrido.

"Isso é bom. Não estamos em busca de confronto. O nosso desejo é fazer prisões. Os confrontos acontecem porque os criminosos dão o primeiro tiro. Se ele evadir e não tiver confronto, é melhor para todos. A prisão vai acontecer em outro momento. Eles se intimidaram e não fizeram o confronto", disse o secretário.

Dois morrem e 18 são presos em operação das Forças Armadas no Rio

Dois homens morreram e outros 18 foram presos na manhã deste sábado (5) em uma grande operação das Forças Armadas no Rio.

Outros dois adolescentes foram presos e 16 carros apreendidos. Os dados foram anunciados no primeiro balanço feito pelos comandantes da operação. Os envolvidos na ação apreenderam também três pistolas e duas granadas até agora.

Quase 5.000 homens participam da Operação Onerat, que tem o objetivo de combater o roubo de cargas e o tráfico de drogas na cidade. Eles atuam em diversas comunidades, como os Complexos do Lins e Camarista Méier, na zona norte.

A coordenação da Onerat –carga, em latim– é feita pela Secretaria de Estado de Segurança do Estado (Seseg), por meio da ação das polícias Civil e Militar, com o apoio do Comando Militar do Leste (Exército, Marinha e Aeronáutica), da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Força Nacional de Segurança Pública.

Por causa da operação integrada das forças de segurança, a avenida Grajaú-Jacarepaguá está fechada para o trânsito de veículos nos dois sentidos.

Desde o dia 28 de julho, 10 mil homens das Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional reforçam a segurança do Rio. Num primeiro momento, militares com tanques de guerra e armamento pesado se fizeram notar pela população com presença ostensiva nas ruas.

"Estamos empenhados com a nossa capacidade máxima em colaborar com o Estado do Rio de Janeiro, com a Secretaria de Segurança Pública", destacou o secretário nacional de segurança, o general Carlos Alberto Santos Cruz.

SEGUNDA FASE

A operação começou de madrugada com militares do Exército e da Marinha ocupando o complexo de favelas do Lins, na zona norte do Rio.

Por volta das 4h, os primeiros homens se infiltram pelas matas que dão acesso às comunidades. Em seguida, policiais militares entraram com carros blindados pela ruas.

A estrada Grajaú-Jacarepaguá foi interditada por horas para facilitar o deslocamento das forças de segurança. A via de cerca de 9 km é palco de arrastões nos últimos meses.

De acordo com o Comando Militar do Leste, 3,6 mil homens da Brigada de Infantaria Paraquedista e dos Fuzileiros Navais participaram no Lins da operação Onerat, que tem o objetivo de combater o roubo de cargas e o tráfico de drogas na cidade.

No total, 4.931 militares das Forças Armadas e policiais ocupam várias comunidades na cidade.

A ação deste sábado marca o começo da segunda fase da integração da segurança estadual com as Forças Armadas.

Neste sábado, a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos completa um ano.

O complexo do Lins é uma das regiões mais violentas da cidade. Nesta segunda, um carro da polícia foi incendiado pelos traficantes locais.

No mês passado, uma menina de dez anos foi morta com um tiro na cabeça durante um tiroteio em uma das comunidades do complexo. Ela foi ferida dentro de casa.

Na operação deste sábado, dois homens morreram até agora. Dos 40 mandados de prisão expedidos pela Justiça, 15 foram cumpridos, sendo apenas seis nas ruas. Outros três homens foram presos em flagrante durante a operação.

Uma morte aconteceu no complexo do Lins. A outra no Morro São João. As duas comunidades ficam na zona norte.

"Essa ação é o primeiro passo numa direção de visibilidade. Outras ações estão acontecendo, de inteligência, mas que não são visíveis. Mas nós buscamos resultados e não visibilidade", disse oministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Sergio Etchegoyen.

VIOLÊNCIA

A insegurança recente no Estado fluminense, que levou ao reforço de policiais da Força Nacional de Segurança e de militares das Forças Armadas, é corroborada por dados.

O número de mortes violentas no primeiro semestre deste ano (3.457) cresceu 15% em relação ao mesmo período de 2016. Foi o pior primeiro semestre desde 2009 (3.893). A região onde essas mortes mais aumentaram foi a Baixada Fluminense (23%), conjunto de 13 municípios, com 3,7 milhões habitantes, na região metropolitana.

Na capital, as mortes violentas subiram 21%. Os números são do ISP (Instituto de Segurança Pública), braço estatístico da Secretaria de Segurança Pública, e somam homicídio intencional, roubo seguido de morte, lesão corporal seguida de morte e homicídio após oposição a intervenção policial.

Este último indicador, que sugere confronto, foi o que mais subiu dentre as mortes violentas, em relação ao primeiro semestre de 2016 (45%).

"Isso acontece porque a política de segurança não está voltada para as grandes apreensões de drogas, mas para o varejo, que acontece dentro das favelas, onde há cada vez mais armas", diz o coronel Ibis Pereira, que foi comandante interino da PM do Rio.

"Para ilustrar, em 2016, 50% das apreensões de drogas foram de 10 gramas, uma quantidade muito pequena. Daí o aumento dos confrontos, das mortes de policiais e por policiais", afirma.

A taxa de mortes violentas por 100 mil habitantes no Rio no primeiro semestre de 2017 foi quatro vezes a registrada no Estado de São Paulo.

  Apu Gomes/Folhapress  
Soldado inspeciona mochila durante operação contra roubo de cargas na manhã deste sábado, no Rio
Fonte: Folha de S. Paulo

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