CVM investiga operações de câmbio e venda de ações pela JBS antes da divulgação das gravações

Publicado em 19/05/2017 05:10 e atualizado em 19/05/2017 06:59
Joesley Batista divulgou nota em que afirma ter errado ao interagir com Poder Público

SÃO PAULO (Reuters) - A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma investigação sobre os negócios de câmbio e ações feitos por executivos da JBS após a divulgação de conversa gravada com o presidente Michel Temer como parte de um acordo de delação premiada, segundo o jornal Valor Econômico na quinta-feira.

Os depoimentos dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que são presidente do conselho e presidente-executivo da JBS, puxaram a bolsa brasileira e o real para baixo na quinta-feira, em meio a temores de que as revelações poderiam derrubar Temer.

O presidente negou irregularidades e se recusou a renunciar em pronunciamento.

Sem identificar as fontes, o Valor disse que a CVM tomou conhecimento de que o grupo de empresas dos irmãos Batista teria adquirido uma posição superior a 1 bilhão de dólares no mercado local de câmbio horas antes do vazamento da notícia sobre o acordo de delação.

A operação teria sido feita através de vários corretores, a pedido da JBS, de acordo com o jornal.

CVM e JBS não responderam a pedidos de comentário da Reuters fora do horário comercial.

Na quinta-feira, o dólar subiu 8,15 por cento ante o real e encostou na marca de 3,40 reais, registrando a maior alta desde o início de 1999.

A CVM ainda investiga a venda de ações da companhia por parte dos acionistas controladores, segundo a reportagem.

A Reuters noticiou que o grupo de controle da JBS vendeu 329 milhões de reais em ações da empresa em abril, depois que os irmãos Batista começaram a negociar secretamente um acordo de delação premiada.

Dono da JBS pede desculpa e diz que vai expor corrupção no governo  (em O GLOBO)

O dono da JBS, Joesley Batista, divulgou nota na noite desta quinta-feira em que pede desculpas e se compromete a “expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro”. O empresário reconhece ter errado.

“Concordamos em participar de alguns dos mais incisivos mecanismos de investigação existentes e nos colocamos à disposição da Justiça para expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro”, afirma a nota.

Joesley inicia o comunicado afirmando: “erramos e pedimos desculpa”. “Não honramos nossos valores quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o Poder Público brasileiro. E não nos orgulhamos disso.”

Joesley justifica que “nosso espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar, quando deparados com um sistema brasileiro que muitas vezes cria dificuldades para vender facilidades, nos levaram a optar por pagamentos indevidos a agentes públicos”.

O empresário reconhece, em seguida, que ainda que “possamos ter explicações para o que fizemos, não temos justificativas”. “Em outros países fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir valores éticos.”

O dono da JBS afirma também que “o Brasil mudou e nós mudamos com ele”. “Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um compromisso público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção”.

Leia a íntegra da nota:

Erramos e pedimos desculpas.

Não honramos nossos valores quando tivemos que interagir, em diversos momentos, com o Poder Público brasileiro. E não nos orgulhamos disso.

Nosso espírito empreendedor e a imensa vontade de realizar, quando deparados com um sistema brasileiro que muitas vezes cria dificuldades para vender facilidades, nos levaram a optar por pagamentos indevidos a agentes públicos.

Ainda que nós possamos ter explicações para o que fizemos, não temos justificativas.

Em outros países fora do Brasil, fomos capazes de expandir nossos negócios sem transgredir valores éticos.

Assim construímos um grupo empresarial gerador de mais de 270 mil empregos diretos, com times extraordinários e competentes, que operam 300 fábricas em cinco continentes e oferecem mundialmente produtos de qualidade.

O Brasil mudou, e nós mudamos com ele. Por isso estamos indo além do pedido de desculpas. Assumimos aqui um Compromisso Público de sermos intolerantes e intransigentes com a corrupção.

Assinamos acordos com o Ministério Público. Concordamos em participar de alguns dos mais incisivos mecanismos de investigação existentes e nos colocamos à disposição da Justiça para expor, com clareza, a corrupção das estruturas do Estado brasileiro.

Pedimos desculpas a todos os brasileiros e a todos que decepcionamos, que acreditam e torcem por nós.

Enfrentaremos esse difícil momento com humildade, e o superaremos acordando cedo e trabalhando muito.

Joesley Batista

J&F Investimentos.

Governo fala em 'crise forçada'  sem base na realidade

O Palácio do Planalto minimizou, nesta quinta-feira, o conteúdo dos áudios gravados pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, em conversa com o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu.

Segundo interlocutores do governo, a tese de defesa que será adotada a partir desta sexta-feira é a de que Temer não se debruçou sobre detalhes da conversa gravada por entender que a versão do Ministério Público não tem base na realidade.

Após a divulgação dos áudios pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a explicação de assessores e ministros próximos ao presidente é a de que, quando Temer disse a Joesley que "tinha de manter isso", estava se referindo não a pagamentos ao ex-deputado Eduardo Cunha, mas à manutenção de uma boa convivência que o empresário dizia estar nutrindo com Cunha. O Planalto admite que a crise que atingiu o governo é grave, mas o objetivo será manter o foco nessa linha de defesa.

Um ministro do núcleo de Temer disse que os áudios não apontam qualquer referência à compra de silêncio de Eduardo Cunha.

- Não tem nada disso que foi colocado, de que Temer comprou o silêncio de ninguém. Não vi nada disso, acho que foi uma crise forçada - afirmou, pedindo sigilo.

Além disso, o governo espera que o deputado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer tido como o interlocutor do presidente para resolver assuntos com a JBS, dê as devidas explicações e isente o presidente de qualquer responsabilidade.

Oficialmente, a secretaria de comunicação do governo disse que Temer "não acreditou na veracidade das declarações" e que Joesley, por ser alvo de inquérito, "parecia contar vantagem":

"O presidente Michel Temer não acreditou na veracidade das declarações. O empresário estava sendo objeto de inquérito e por isso parecia contar vantagem. O presidente não poderia crer que um juiz e um membro do Ministério Público estivessem sendo cooptados", diz a nota divulgada.

Os arquivos de áudio foram enviados ao presidente pelo STF e só depois divulgados para a imprensa.

10 perguntas e 1 previsão sobre a morte do Brasil (decupando o furo de o GLOBO), por FERNÃO LARA MESQUITA

Na véspera das reformas que esbarram de leve nos marajás; no ponto mais baixo da derrocada de Lula; na enésima vez que o Brasil ensaiava por o nariz acima da linha d'água, lá vamos nós, de novo, para profundezas abissais...

Mas, como desconfiador profissional que sou, tenho aqui umas perguntas martelando na cabeça.

1 - A delação dos 2 maiores ladrões da era Lula que deu a eles com que comprar o planeta inteiro, só atinge Temer e Aécio?

2 - Os 2 ésleys só falaram mesmo do Mantega?

3 - Foi para que entregassem essa "novidade", como exige a regra das delações, que ficou combinado que não vão por nem tornozeleira? Informa-se que, com ordem da Polícia Federal, eles já estão nos seus suntuosos apartamentos em Nova York de onde assistem o Brasil arder "chocados com a corrupção de que têm tomado conhecimento pelos demais delatores". Isso pode? Sair limpinho sem nunca ter entrado na jaula que fez os outros delatores falar?

4 - Se são delatores é porque cometeram pecados que, de Odebrecht para baixo, dão cana. Quanto eles serão instados a devolver das centenas de bilhões que pegaram do BNDES? Ou nem isso?

5 - Eles foram arregimentados como "policiais" para vir ao Brasil especialmente para armar armadilhas gravadas e com chips em malas de dinheiro? E dentro do Palácio do Jaburu? Quem tem poder para dar-lhes missões como essa? A PGR? O MPF? Isso é legal?

6 - Qual o assunto que o emissário de Temer ia "resolver" para a J&F? Porque estavam precisando ajuda de presidentes da republica?

7 - Produzir provas armando falsos achaques não é ilegal? Não foi esse o primeiro dos pontos excluídos da lei anti-corrupção do MPF por inconstitucional?

8 - A "acusação" seria o "Tem de manter isso aí" dado ao suborno, verdadeiro ou apenas armado não se sabe ainda, dos ésleys ao Eduardo Cunha? O que eles estariam pagando para Cunha não dizer? Seja qual for a resposta o detalhe destacado pela Globo desde o primeiro "Plantão" no meio da novela antes do Jornal Nacional numa história que, para além desse item, é vaga e imprecisa, configura obstrução de justiça que dá impeachment e cadeia.

9 - A Globo chegou com o "furo" e, antes mesmo de confirmá-lo (a menos que já saiba muito mais que O Globo escreveu), suas televisões já puseram o país inteiro, com força total, na discussão da "solução". Ou renuncia, ou a "cassação da chapa Dilma-Temer" que estava vai-não-vai no TSE. Não estaria tudo isso se precipitando rápido demais, antes de qualquer apuração mais ampla que o segredo soprado nos ouvidos do colunista Lauro Jardim?

10 - E quem vazou isso visa mesmo o bem do Brasil? O alívio dos 15 milhões de desempregados que já não têm de onde tirar comida para a mesa de seus filhos? Animar o que resta da iniciativa privada a tirar leite de pedra para tratar de reconstruir o país depois de quatro anos sem respirar? Evitar que o mundo nos dê definitivamente as costas? Quem seria, afinal, esse obcecado pelo ideal de justiça a ponto de faze-lo prevalecer sobre todos os desastres que sua realização, ainda que momentânea, vai custar?

Seja como for, as reformas estão definitivamente mortas e a decorrência lógica da queda de Temer, para além do definitivo desastre econômico, seria que, como por o Congresso corrupto no poder não dá e fazer outra eleição antes de 2018 seria meio absurdo ... Carmen Lucia. É ela a resposta à "grande consertação nacional" que, desde hoje, a rede já diz que "será necessária". O nome ainda não surgiu na cobertura de hoje mas surgirá, logo adiante, com certeza. É a terceira vez que essa onda rola forte em Brasilia, via Globo, desde o início do governo Temer.

Durmo com estas antes de acordar para o velório do Brasil...


 



 

 

Fonte: O GLOBO + blog O VESPEIRO

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