Na Veja: Palocci negocia delação com força-tarefa da Lava Jato

Publicado em 18/04/2017 16:09
E veja também: Retórica de Lula empurra Palocci para a delação, por JOSIAS DE SOUZA (UOL)

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci deu início às negociações para sua delação premiada. Há cerca de duas semanas ele teve uma reunião com a força-tarefa da Operação Lava Jato na Polícia Federal em Curitiba, onde está preso desde setembro de 2016. As informações são da edição desta terça-feira do jornal Folha de S. Paulo.

Pessoas ligadas a Palocci dizem que os principais temas que o político pretende tratar envolvem corrupção de empresas do sistema financeiro, como bancos, além de conglomerados que não integram grupos de empreiteiras. Na lista também há fatos ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – de quem ele defendeu interesses econômicos – e às campanhas do Partido dos Trabalhadores.

Também estava na reunião com a força-tarefa da Lava Jato o delegado Felipe Pace, que conduziu investigações que prenderam o político. Desde 2016, a PF não participa de delações negociadas pelo Ministério Público Federal (MPF) e Procuradoria Geral da República (PGR).

Leia a notícia na íntegra no site da Veja.

Retórica de Lula empurra Palocci para a delação, por JOSIAS DE SOUZA (UOL)

Antonio Palocci tomou gosto pela ideia de se tornar um colaborador da Justiça. Sua movimentação injeta na decomposição do petismo uma novidade: a autofagia companheira. Acusado de coletar verbas por baixo da mesa em nome de Lula, Palocci viu-se imprensado entre dois gigantes. De um lado, a provedora Odebrecht, que diz ter bancado os confortos do morubixaba petista. Na outra ponta, o beneficiário dos mimo$, que jura não ter recebido nada. Se não colocar o dedo para suar, Palocci acaba migrando para a inusitada condição de desviador dos desvios.

Com sua retórica da negação, o próprio Lula empurra o companheiro para o colo dos investigadores. Na semana passada, o “guerreiro do povo brasileiro” ironizou a revelação de Marcelo Odebrecht de que provisionou R$ 40 milhões nas planilhas do departamento de propinas para atender às necessidades do “Amigo” da construtora. Tudo combinado com Palocci, que destacou um assessor, Branislav Kontic, para apanhar dinheiro vivo e levá-lo até Lula. Coisa de R$ 13 milhões entre entre 2012 e 2013.

Disse Lula: “Quem tiver contando mentiras, quem tiver inventando historinhas, quem tiver dizendo que criou uma conta pra mim, para um terceiro… Já faz sete anos que eu deixei a Presidência. Essa conta está onde? Esse terceiro está onde? Esse cara deve estar comendo, então, o dinheiro que era pra mim, porra!”

Lula deixou Palocci na situação do português da piada, que recebe sua primeira aula prática depois de entrar para divisão de pára-quedismo da Aeronáutica. “Estamos a dois mil pés de altura”, diz o instrutor ao recruta. “Você saltará por aquela porta. Ao puxar a primeira cordinha, o pára-quedas se abrirá. Se isso não acontecer, o que é improvável, puxe a segunda cordinha. Se não abrir, o que é improbabilíssimo, puxe a terceira cordinha e o equipamento se abrirá. Lá embaixo, haverá um jipe à sua espera, para levá-lo de volta ao quartel.” Joaquim salta. Puxa a primeira cordinha. Nada. Puxa a segunda. Nem sinal. Puxa a terceira. E o pára-quedas permanence fechado. O recruta se inquieta: “Ai, Jesus! Agora só falta o jipe não estar lá embaixo.”

Palocci ouviu dizer que a Lava Jato não chegaria à Odebrecht. Chegou. Disseram-lhe que Marcelo Odebrecht jamais seria preso. Está hospedado numa unidade do Moro’s Inn de Curitiba há quase dois anos. Juraram-lhe que o príncipe das empreitteiras nunca se tornaria um delator. Os vídeos da deduragem estarrecem os brasileiros no horário nobre da tevê há uma semana. As falas de Lula mostraram a Palocci que não há nenhum jipe esperando lá embaixo.

Delação de Palocci trataria de relação com bancos, por Mateus Leão (G1)

Um eventual acordo de delação de Antonio Palocci com a Lava Jato incluiria não somente as informações obtidas pelo ex-ministro ao longo de anos nas relações políticas, mas também aquelas "catalogadas” na área econômica, relacionadas, por exemplo, a bancos. 
 

Segundo o Blog apurou, tem crescido a avaliação do político de que uma colaboração com a Justiça talvez seja a melhor forma de enfrentar a sua situação jurídica.
 

Palocci é réu em processo no qual ele é acusado de receber propina para atuar em favor da Odebrecht, entre 2006 e o final de 2013, interferindo em decisões tomadas pelo governo federal.
 

A robustez da delação da própria Odebrecht, tornada pública na semana passada, pode potencializar delações de outros envolvidos na Lava Jato, como Palocci, avaliam interlocutores do petista. 
 

Preso em setembro do ano passado, o político foi ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff e ministro da Fazenda do ex-presidente Lula. 
 

O advogado José Roberto Batochio, que defende Palocci, tem negado que o seu cliente esteja avaliando aderir ao instituto da delação premiada. "Não vou comentar porque estou alheio a isso. Desconheço essa informação", disse o criminalista ao Blog.

Petista enxerga ‘fraudes’ em Congresso do PT, JOSIAS DE SOUZA (UOL)

O PT já não consegue manter entre quatro paredes as brigas que trava consigo mesmo. Engalfinham-se em público dois dirigentes da legenda: o presidente do diretório paulista, Emídio de Souza, e o secretário Nacional de Formação, Carlos Henrique Árabe. O ringue é o site do PT.

Criticado por Emídio num artigo, Árabe revidou com um texto ácido. A certa altura, anotou: “Há indícios de fraudes, que serão averiguados” Referia-se a irregularidades farejadas na etapa municipal do 6º Congresso do PT, que elegerá os dirigentes novos e seminovos da legenda. O autor do texto não dá nome às fraudes nem aos fraudadores. Quer dizer: o arranca-rabo terá novos round.

João Santana confessa a Moro que é ‘cúmplice de sistema eleitoral corrupto, negativo’

Interrogado nesta terça-feira, 18, marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula e Dilma diz que 'assume toda a sua responsabilidade', POR Ricardo Brandt, Fausto Macedo, Julia Affonso e Luiz Vassallo, O ESTADO DE S. PAULO

O publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014), confessou nesta terça-feira, 18, ao juiz federal Sérgio Moro. “Eu assumo toda a minha responsabilidade”, declarou em audiência no processo criminal em que é réu ao lado da mulher, Monica Moura, e do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda).

Ao final de seu interrogatório, Santana fez uma ressalva. Assume sua responsabilidade, ‘não como vítima, mas fica difícil assumir uma culpa e virar um antiexemplo individualmente’.

“Eu acho que nossas contradições constroem as nossas armadilhas. E o nosso cérebro ajuda a amenizar essas contradições. Eu, mesmo sendo pessoa organicamente a favor das coisas bem feitas, legais e honestas, criei um escudo em minha cabeça, duplo escudo, um social e externo que era doutrina do senso comum do caixa 2 e outro, interno, que é ‘receba pelo trabalho honesto que estou fazendo’.”

“Construí esse equivoco em mim mesmo, sem perceber que, ao fazer isso, estava sendo cúmplice de um sistema eleitoral corrupto e negativo”, seguiu o marqueteiro. “Não estou aqui demagogicamente dizendo que eu não tinha culpa, que só fui vítima disso, não, eu fui agente disso. Quanto mais transparência houver, principalmente de profissionais como eu, do marketing político, isso vai ajudar.”

João Santana enfatizou. “Não que os grandes responsáveis sejam marqueteiros, mas acho que é o momento de os próprios marqueteiros abrirem os olhos sobre isso, e da Justiça também.”

Ele confessou. “Eu assumo toda a minha responsabilidade, não como vítima, mas fica difícil assumir uma culpa e virar um antiexemplo individualmente.”

E reiterou compromisso que firmou em acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato. “Estou estou disposto a colaborar e acho que é importante para o Brasil que isso seja feito.”

Fonte: Veja + FOLHA + UOL + ESTADÃO

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