Após lista de Fachin, vice-presidente da Câmara defende que não é momento de votar reforma da Previdência
BRASÍLIA (Reuters) - O vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), defendeu nesta quarta-feira que não é o momento de o Congresso analisar temas polêmicos como a reforma da Previdência e a recuperação fiscal de Estados super endividados, um dia após a divulgação de lista de políticos a serem investigados pelo STF com base em delações de executivos da Odebrecht.
O deputado acredita que o clima criado após a autorização para a abertura de inquérito de ministros, governadores e parlamentares --incluindo os presidentes da Câmara e do Senado, importantes lideranças e relatores de propostas prioritárias para o governo--, entre outras autoridades, pode atrapalhar o andamento dos trabalhos no Congresso.
“Neste momento é muito ruim passar qualquer tipo de reforma aqui no Parlamento”, disse Ramalho a jornalistas. “Eu, se fosse o governo, recolheria ela (a reforma da Previdência). É melhor recolher ela do que perder. E mandaria uma nova (reforma da) Previdência discutida com a sociedade. É a melhor maneira de ganhar essa batalha.”
Muito influente na bancada mineira, o deputado foi eleito para a primeira-vice-presidência da Câmara em uma candidatura avulsa que não teve o apoio de seu partido, o PMDB. Desde então, tem mostrado pouco alinhamento com o governo do presidente Michel Temer.
Questionado, Ramalho afirmou que a lista de inquéritos autorizados pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, também pode atrapalhar a votação na Câmara de projeto que estabelece um regime de recuperação fiscal a Estados super endividados.
“Acho que o momento hoje é de você recolher, pensar, e acho que o governo tem que ver realmente qual é a estratégia de agora para frente”, afirmou.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)