Hillary e Trump buscam apoios de última hora na véspera da eleição nos EUA
Por Amanda Becker e Emily Stephenson
PITTSBURGH/SARASOTA (Reuters) - A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump viajaram de um lado a outro dos Estados Unidos nesta segunda-feira com o anseio de influenciar eleitores indecisos em uma disputa presidencial na qual Hillary tem uma vantagem pequena, de acordo com pesquisas de opinião.
Faltando somente um dia para a eleição, a campanha de Hillary foi auxiliada por um anúncio repentino de domingo no qual o FBI informou que manteve sua decisão de julho de não acusar a ex-senadora criminalmente pela maneira como usou seus emails durante seu período no Departamento de Estado.
Uma pesquisa da rede Fox News feita nesta segunda-feira mostrou Hillary à frente de Trump, milionário do setor imobiliário de Nova York, por 4 pontos percentuais entre os eleitores prováveis – o voto é facultativo nos EUA.
Também nesta segunda-feira, os mercados financeiros se animaram em reação aos desdobramentos mais recentes do que tem sido uma campanha presidencial repleta de emoções. As ações e o dólar registraram seus maiores ganhos em semanas depois do pronunciamento do FBI.
As pesquisas mostram uma disputa acirrada, mas tendendo para Hillary. As maiores casas de aposta e operações cambiais da internet se revelaram mais confiantes em uma vitória da ex-primeira-dama do que as pesquisas de intenção de voto para a eleição de terça-feira. O Predictit estimou em 81 por cento as chances de Hillary conquistar a Casa Branca.
Tanto ela quanto Trump passam o dia visitando um punhado de Estados indefinidos que podem afetar a eleição devido ao sistema de Colégio Eleitoral, que outorga a Presidência com base nas vitórias Estado a Estado.
Trump realizou sua primeira atividade de campanha do dia em Sarasota, na Flórida, Estado com um grande contingente de eleitores latinos onde ele e Hillary estão empatados em uma batalha dura.
Lá, ele desdenhou das sondagens. Prevendo que vai vencer, ele disse aos apoiadores em Sarasota que Hillary "é muita falsa" e "estamos cansados de ser liderados por pessoas estúpidas."
Trump também fez paradas em Carolina do Norte, Pensilvânia, New Hampshire e Michigan, onde encerra com um comício de fim de noite em Grand Rapids.
SURPRESA
O diretor do FBI, James Comey, gerou repercussões na corrida presidencial ao dizer ao Congresso, no domingo, que investigadores trabalharam "dia e noite" para completar uma revisão sobre novos emails de Hillary descobertos recentemente e não encontraram razão para alterar a decisão de julho, que mostrava que Hillary não é culpada de quaisquer atos criminais no seu uso de um servidor privado de email enquanto secretária de Estado.
É incerto se o anúncio acontece a tempo de reverter os danos de dias de ataques republicanos contra Hillary devido à polêmica. Dezenas de milhões de norte-americanos já votam há dez dias, desde que Comey falou pela primeira vez ao Congresso sobre os emails descobertos.
"Nada vai mudar entre hoje e amanhã para ajudar (Hillary) a ganhar de volta eleitores indecisos", disse a gerente da campanha de Trump, Kellyanne Conway, no programa "Good Morning America", da rede ABC.
Trump, que não disse se irá aceitar o resultado da eleição de terça-feira, questionou a profundidade da investigação do FBI, e disse que a questão não irá desaparecer.
Hillary não mencionou a investigação do FBI durante seus dois eventos de campanha no domingo.
"Isto está no nosso passado agora", disse o gerente de campanha da candidata democrata, Robby Mook, à CNN nesta segunda-feira.
Hillary faria duas paradas na Pensilvânia e visitaria Michigan antes de um evento em Raleigh, na Carolina do Norte. Ela irá participar também de um evento no Hall da Independência da Filadélfia com o presidente Barack Obama e a primeira-dama, Michelle Obama, além do músico Bruce Springsteen.
Conversando brevemente com os repórteres antes de embarcar em seu avião de campanha em Pittsburgh, a ex-senadora enfatizou seu compromisso de unificar os EUA.
"Acho que estas discordâncias, estas divisões que foram não só expostas, mas exacerbadas pela campanha do outro lado são as que realmente precisamos para... unir o país", disse ela.
Indagada se conseguirá curar a nação após uma eleição tão conflituosa, Hillary disse "com certeza".
Notícias da investigação aparentemente impulsionaram uma recente perda de terreno de Hillary nas pesquisas. O levantamento Reuters/Ipsos mais recente mostrou liderança de 5 pontos percentuais de Hillary sobre Trump, com 44 por cento a 39 por cento nacionalmente, enquanto corridas em Estados-chave como Flórida e Carolina do Norte se tornaram difíceis de prever.
Pesquisas ABC/Washington Post e CBS News divulgadas nesta segunda-feira mostraram Hillary com 4 pontos percentuais de vantagem sobre Trump.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu e Susan Heavey em Washington)