Datafolha aponta que metade dos brasileiros prefere Temer a Dilma (na FOLHA)
Entre a volta da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ao poder e a permanência do interino Michel Temer (PMDB), 50% dos brasileiros avaliam que, para o Brasil, seria melhor que o peemedebista continuasse no cargo até 2018. Apenas 32% achariam melhor que Dilma retornasse ao Palácio do Planalto.
Os 18% restantes responderam "nenhum", preferiram uma eleição, deram outras respostas ou disseram não saber.
Na primeira avaliação do governo Temer realizada pelo Datafolha em pesquisa nos dias 14 e 15 de julho, o interino tem, dois meses depois de assumir, uma taxa de aprovação similar à de Dilma antes de deixar o cargo:
14% consideram sua gestão ótima ou boa. No início de abril, 13% tinham a mesma opinião sobre o governo Dilma.
A reprovação a Temer, porém, é muito inferior à de Dilma . Ele é visto como ruim ou péssimo por 31%, cerca de metade do atribuído a Dilma (65%) antes de ser afastada.
A diferença é explicada pelo índice dos que consideram a gestão Temer regular (42%), em patamar superior ao obtido pela petista (24%). Parcela de 13% não soube opinar sobre a gestão do interino.
Em relação a levantamento feito em abril (antes do afastamento de Dilma) e que procurou medir as expectativas dos brasileiros sobre um futuro governo Temer, houve uma diminuição de sete pontos na taxa de ruim/péssimo (que passou de 38% na ocasião para 31% agora).
Já o índice de regular subiu nove pontos, de 33% para 42%. O de ótimo e bom variou de 16% para os atuais 14%.
Um dado que chama a atenção é que um em cada três brasileiros (33%) não sabe o nome do atual ocupante do cargo da Presidência da República. Questionados, 65% respondem corretamente que Michel Temer é o ocupante do cargo. Outros 2% citaram nomes errados.
IMPEACHMENT
A pesquisa mostra também que o afastamento definitivo de Dilma pelo Senado é defendido por 58% dos brasileiros, e 35% se opõem à saída. Há ainda 3% que declaram ser indiferentes em relação à situação, e 3% não opinaram.
Em abril deste ano, quando consultados sobre o afastamento da petista pela Câmara dos Deputados, 61% defendiam o impedimento da presidente, e 33% eram contrários à medida.
Independente da posição sobre o assunto, 71% acreditam que Dilma será afastada definitivamente da Presidência da República, e para 22% ela não será afastada. Há ainda 7% que preferiram não opinar sobre o tema.
Com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos, o Datafolha ouviu 2.792 eleitores em 171 municípios.
Otimismo com economia tem melhor patamar desde 2014, diz Datafolha
As expectativas dos brasileiros sobre o futuro da economia do país e em relação à sua situação pessoal deram um salto nos últimos meses e atingiram o maior patamar desde dezembro de 2014.
Segundo nova pesquisa Datafolha realizada nos dias 14 e 15 de julho, os brasileiros estão mais confiantes em relação à queda da inflação, à diminuição do risco de ficar desempregados e ao aumento do poder de compra.
Na comparação com fevereiro, antes do início do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e da posse do governo interino do presidente Michel Temer (PMDB), o Índice Datafolha de Confiança (IDC) registrou melhora em cinco dos sete indicadores que compõem o índice geral.
No conjunto, o IDC registrou 98 pontos, uma alta de 11 pontos em relação a fevereiro. Esta é a melhor pontuação desde o final de 2014, quando chegou a 121 pontos.
Este foi o terceiro levantamento consecutivo em que o índice apresentou melhora.
O maior salto, de 34 pontos entre fevereiro e agora, foi em relação à expectativa de avanço da situação econômica do país, que passou de 78 para 112 pontos.
Em relação à perspectiva pessoal dos entrevistados, o aumento foi de 17 pontos, passando de 128 para 145.
Pela metodologia do Datafolha, índices acima de 100 são considerados positivos e abaixo disso, negativos.
RECESSÃO
A melhora na percepção dos brasileiros em relação à economia no geral e à sua situação pessoal coincide com uma expectativa de agentes do mercado financeiro, do comércio e da indústria de que o pior da recessão possa estar ficando para trás.
Nas últimas semanas também foram registradas quedas contínuas na cotação do dólar frente o real e valorização do índice Bovespa, principal termômetro do mercado de ações no país.
A pesquisa mostra que os indicadores mais próximos do dia a dia dos brasileiros (relativos ao emprego, poder de compra e inflação) continuam no campo negativo (abaixo de 100 pontos).
Mas todos apresentaram melhora na comparação com o levantamento realizado em fevereiro deste ano.
No caso da inflação, a alta foi de 18 pontos (para 40). Em relação ao desemprego, de 17 (para 50). Já em relação ao poder de compra dos entrevistados, a variação foi de 10 pontos, passando a 54.
Depois de atingir 10,67% no ano passado, o mercado prevê uma variação de preços pouco superior a 7% em 2016, o que significará uma melhora no poder de compra dos consumidores.
Mas, com exceção das boas notícias na inflação e do dólar em queda, o governo Temer ainda não produziu mudanças profundas na economia que justifiquem o otimismo dos brasileiros revelado na pesquisa.
Para serem atacados, os grandes problemas macroeconômicos de fundo, como o insustentável aumento da dívida pública provocado por deficits fiscais crescentes, além do rombo na Previdência, ainda dependem de medidas impopulares a serem aprovadas no Congresso.
E embora a pesquisa mostre algum otimismo em relação ao futuro do mercado de trabalho, a taxa de desemprego atingiu 11,2% no trimestre encerrado em maio e é provável que continue a subir mais nos próximos meses antes de começar a cair.
BRASIL EM BAIXA
Enquanto os indicadores econômicos melhoraram e alcançaram as pontuações mais altas desde dezembro de 2014, o Índice Datafolha de Confiança aponta que a avaliação dos entrevistados sobre o Brasil como lugar para se viver e o sentimento de orgulho de ser brasileiro foram os únicos indicadores que apresentaram quedas.
Embora ainda se mantenham acima da média geral do índice (98 pontos), os dois indicadores desceram às pontuações mais baixas de toda a série histórica: 145 e 138, respectivamente.
A pesquisa mostrou também que uma parcela de 32% dos brasileiros cita espontaneamente a corrupção como o principal problema do país.
Na sequência aparecem a área da saúde (17%), desemprego (16%; índice mais alto desde março de 2009), violência e falta de segurança (6%) e educação (6%).
Em dezembro de 2014, após a reeleição de Dilma, apenas 9% viam a corrupção como o principal problema.