"Quero desidratar essa coisa de centrão", diz Temer ao Estadão

Publicado em 15/07/2016 08:08

(Reuters) - O presidente interino Michel Temer afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, que pretende desidratar o chamado centrão, grupo que reúne mais de dez partidos, para acabar com divisões na base parlamentar.

"Quando chegar agosto, não haverá cicatriz", disse Temer, sobre as consequências da eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados.

"Eu quero aos poucos desidratar essa coisa de centrão e outro grupo (antiga oposição). Quero que não haja mais essa coisa. É preciso unificar isso. Quero que seja tudo situação", afirmou Temer ao jornal, depois da vitória do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa.

Maia foi eleito na madrugada de quinta-feira para suceder o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) derrotando no segundo turno o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), do chamado centrão e nome ligado ao peemedebista.

"Hoje, conversando com Rodrigo (Maia), nossa ideia é acabar com essa história de divisão. O que houve foram pequenas ranhuras, pequenas rachaduras", disse na entrevista publicada nesta sexta-feira.

Embora o Palácio do Planalto tenha declarado oficialmente que se manteria alheio à disputa, acabou atuando para influenciar o resultado quando percebeu o crescimento de um candidato de seu próprio partido, Marcelo Castro (PMDB-PI).

O Planalto mobilizou-se para desidratar o peemedebista, que foi ministro da presidente afastada Dilma Rousseff e votou contra o impeachment da petista.

Para Temer, a Câmara quis dar uma mensagem de apoio ao governo com os dois candidatos que foram para o 2º turno.

"Acho que está havendo uma distensão na Câmara. O candidato que teve apoio de outras alas foi justamente o nosso peemedebista Marcelo Castro. O que restou de tudo isso foi apoio ao governo", disse.

MEDIDA AMARGA "PARA ADOCICAR"

Sobre a economia do país, que enfrenta uma forte recessão, o presidente interino disse que acredita que no início do próximo ano a situação possa dar sinais de melhoras, mas reconheceu que virão medidas amargas. Mas descartou que o governo cogite aumentar impostos "no momento".

"Quando você fala em medidas amargas, elas são para adocicar os interesses da população", disse.

O presidente interino tem dito que se "colocar o Brasil nos trilhos" durante seu governo não terá mais ambições na vida pública.

Temer assumiu interinamente a Presidência da República no lugar de Dilma, cujo processo de impeachment será julgado no fim de agosto.

Fonte: Reuters

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