Gravação expõe pedido de propina para evitar delação na Lava Jato
Uma gravação de áudio anexada a um dos processos da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal) expõe o funcionamento de uma espécie de mercado de delação premiada no esquema de corrupção da Petrobras.
O protagonista é Alexandre Margotto, ex-sócio do corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, acusado de ser operador do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No diálogo, ele pede dinheiro para não dar depoimentos contra Funaro.
Na conversa, Margotto diz: "Eu quero estar do lado do Lúcio e que ele não me desampare financeiramente nem juridicamente. Mas eu já quero cem pau agora, R$ 100 mil".
A Folha teve acesso ao áudio, anexado pela defesa de Funaro ao processo que determinou a prisão preventiva dele no dia 1º, sob acusação de ser operador de Cunha em um esquema de corrupção na Caixa Econômica. Os desvios foram denunciados na delação do exvice da Caixa Fábio Cleto e resultou na Operação Sépsis da Polícia Federal. Margotto foi sócio de Cleto.
O diálogo revela outro caso de negociação para evitar delação. O de maior notoriedade até agora ocorreu em novembro, quando o exsenador Delcídio do Amaral (exPTMS) foi preso após ser gravado oferecendo dinheiro para impedir a delação do exdiretor da Petrobras Nestor Cerveró. A defesa de Funaro disse ao STF que o áudio mostra tentativa de Margotto chantagear seu cliente.
O interlocutor identificado como Bob pergunta a Margotto o que ele poderia falar sobre a disputa entre Funaro e o grupo Schahin. "Não depor contra ele já é um grande favor. Eu sei toda a história do Schahin", diz Margotto, que afirma que Funaro "comprou um juiz que eu arrumei".
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