Dólar cai 1,74% e vai a R$ 3,5249 com perspectiva de alta de juros nos EUA mais à frente

Publicado em 03/06/2016 17:44

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em queda de 1,74 por cento e voltou ao patamar de 3,52 reais nesta sexta-feira, após a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos ficar muito aquém do esperado em maio, enfraquecendo as expectativas de aumento de juros no curto prazo na maior economia do mundo.

O dólar recuou 1,74 por cento, a 3,5249 reais na venda, maior queda diária desde 19 de abril (-1,92 por cento). Na semana, a moeda acumulou queda de 2,38 por cento.

O dólar futuro caía por volta de 1,9 por cento no fim da tarde.

"Tudo sugeria que o Fed podia subir juros muito em breve. Esse dado bate de frente com essa trajetória", disse o economista-chefe da INVX Global Asset Management, Eduardo Velho, referindo-se ao Federal Reserve, banco central dos EUA.

A economia dos EUA criou em maio o menor número de vagas em mais de cinco anos, prejudicada pela greve de funcionários da Verizon e pela queda do emprego no setor de produção de bens. Foram abertas apenas 38 mil vagas no mês passado, contra expectativas de 164 mil vagas em pesquisa da Reuters.

Diversas autoridades do Fed, incluindo a chair Janet Yellen, vinham indicando que estavam confortáveis com aumento os juros talvez até mesmo neste mês. Chances menores de isso acontecer tendem a beneficiar ativos emergentes, que costumam atrair recursos estrangeiros com juros mais altos do que economias desenvolvidas.

A integrante do conselho do Fed Lael Brainard afirmou nesta sexta-feira, porém, que o mercado de trabalho dos EUA pode estar desacelerando e a economia ainda é frágil demais para aumento de juros.

Os contratos de juros futuros dos EUA passaram a mostrar chance de apenas 4 por cento de aumento de juros neste mês, contra 20 por cento antes dos dados, de acordo com o FedWatch do CME Group.

A equipe do HSBC ressaltou que, mesmo se o Fed voltar a subir juros em breve, a alta global do dólar tende a ser limitada. Segundo eles, o banco central quer evitar que a valorização da moeda dos EUA prejudique a recuperação econômica e pode diminuir o ritmo do aperto monetário se a divisa disparar.

Ainda assim, o banco espera que o dólar termine o ano a 4 reais, corrigindo o otimismo exacerbado com o governo do presidente interino Michel Temer que levou a moeda norte-americana abaixo dos 3,50 reais.

"O mercado está lentamente percebendo que o novo governo tem um desafio à frente que não está adequadamente precificado no câmbio", escreveram analistas do HSBC em relatório.

Embora venham recebendo bem as sinalizações do governo interino de austeridade fiscal, temem que enfrente dificuldades para avançar com a agenda no Congresso Nacional e ainda esperam mais medidas concretas.

"O fator local ainda está muito nebuloso, falta clareza. Muito depende da capacidade do governo de consertar as contas públicas e há muitas dúvidas sobre isso", resumiu o superintendente de derivativos de uma gestora de recursos nacional.

O Banco Central não realizou qualquer intervenção cambial para esta sessão, mantendo-se ausente do mercado pelo terceiro pregão consecutivo.

IPC-Fipe sobe 0,57% em maio, ligeiramente acima das expectativas

SÃO PAULO (Reuters) - O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de São Paulo fechou maio com alta de 0,57 por cento, após avanço de 0,46 por cento no mês anterior, informou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) nesta sexta-feira.

O dado informado nesta sexta-feira pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) ficou ligeiramente acima da expectativa em pesquisa da Reuters, de alta de 0,56 por cento no mês na mediana das projeções.

O grupo Saúde foi o que marcou a maior alta no mês de maio, com avanço de 1,53 por cento, sobre 2,32 por cento em abril.

Já o grupo Transportes recuou 0,60 por cento, segundo mês consecutivo de queda, e foi o único a mostrar variação negativa em maio. No mês anterior, a rubrica havia exibido baixa de 0,11 por cento.

O IPC-Fipe mede as variações quadrissemanais dos preços às famílias paulistanas com renda mensal entre 1 e 10 salários mínimos.

Fonte: Reuters

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