Dólar tem dia de sobe e desce frente ao real com exterior e apreensão política local

Publicado em 01/06/2016 12:44

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha uma sessão de leve sobe e desce nesta quarta-feira, em meio ao ambiente externo misto e com investidores avaliando que a fraqueza econômica brasileira deve perdurar mesmo após o Produto Interno Bruto (PIB) contrair menos que o esperado no primeiro trimestre.

Operadores citavam ainda fluxos corporativos de vendas de dólares como um fator que pressionava a moeda norte-americana para baixo no mercado local. O cenário político turbulento no Brasil também era motivo de cautela, em meio a escândalos envolvendo figuras importantes do governo.

Às 12:35, o dólar recuava 0,29 por cento, a 3,6018 reais na venda, após marcar em maio a maior alta mensal em oito meses. A moeda norte-americana chegou a cair a 3,5949 reais na mínima e 3,6365 reais na máxima da sessão.

O dólar futuro recuava cerca de 0,30 por cento.

"Vimos alguns vendedores de dólares ao longo do dia, provavelmente atraídos pelas cotações altas", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

Ele citou ainda o fato de que o dólar reduziu o avanço em relação às principais moedas emergentes, em linha com a recuperação dos preços do petróleo. Quatro fontes da Opep afirmaram à Reuters que a organização provavelmente vai discutir novo teto de produção em reunião na quinta-feira.

O mercado também observava com ceticismo os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que contraiu menos que o esperado no primeiro trimestre.

"O número cheio (do PIB) é um pouco enganador. Quando você abre os dados, percebe que um fator importante foram os gastos do governo, que tendem a diminuir no futuro", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.

A economia brasileira encolheu 0,3 por cento no primeiro trimestre em relação ao período anterior, abaixo da contração de 0,8 por cento prevista por analistas em pesquisa Reuters. O consumo do governo mostrou expansão de 1,1 por cento na comparação com o quarto trimestre de 2015.

O governo do presidente interino Michel Temer propôs na semana passada limites de gastos públicos e vem afirmando que anunciará outras medidas para colocar a economia de volta nos trilhos.

Muitos operadores temem, porém, que enfrente dificuldades para angariar apoio no Congresso Nacional devido à instabilidade política. Essa percepção ganhou força nas últimas semanas com a saída de dois ministros em meio a notícias sugerindo que eles se oporiam às operação Lava Jato, que investiga escândalo de corrupção centrado na Petrobras.

O Banco Central ainda não anunciou qualquer intervenção cambial para esta sessão. A autoridade monetária realizou na sessão passada leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, após ficar ausente do mercado por sete sessões consecutivas.

(Por Bruno Federowski)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Dólar abre semana estável antes de decisões de juros no Brasil e nos EUA
Mercado eleva expectativas para a inflação em 2024 e 2025 no Focus
Atividade manufatureira da China deve registrar queda crescente em julho
Confiança da indústria no Brasil avança pelo 4º mês consecutivo em julho, diz FGV
Minério de ferro fecha em leve alta em Dalian com dados industriais da China
Índice de Xangai fecha estável antes de reunião do Politburo