Brasil encolhe 0,3% no 1º tri, menos que o esperado; investimentos caem menos

Publicado em 01/06/2016 09:48

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A contração da economia brasileira desacelerou nos três primeiros meses deste ano, com queda de 0,3 por cento sobre o período imediatamente anterior, bem menos que o esperado mas marcando o quinto trimestre seguido de contração, diante da menor retração em investimentos produtivos.

Sobre o primeiro trimestre de 2015, o Produto Interno Bruto (PIB), caiu 5,4 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira. No quarto trimestre do ano passado, havia recuado 1,3 por cento sobre o trimestre anterior, em número ligeiramente revisado sobre queda de 1,4 por cento informada antes.

Pesquisa da Reuters apontava que a economia teria queda de 0,8 por cento entre janeiro e março na comparação com o trimestre anterior e de 6 por cento sobre o primeiro trimestre de 2015.

Segundo o IBGE, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), medida de investimento, recuou 2,7 por cento no trimestre passado sobre o período imediatamente anterior, quando a queda foi de 4,8 por cento. Sobre o primeiro trimestre de 2015, a retração foi de 17,5 por cento.

Apesar de a queda neste indicador ter desacelerado, foi a maior entre os demais no trimestre passado. Em seguida, veio o consumo das famílias, com queda de 1,7 por cento na comparação com outubro a dezembro passado e de 6,3 por cento sobre um ano antes, em meio ao desemprego elevado e renda em queda.

A indústria, ainda segundo o IBGE, mostrou contração de 1,2 por cento no trimestre, sobre o quarto, e de 7,3 por cento sobre um ano antes.

Apenas o consumo do governo mostrou expansão no trimestre passado, de 1,1 por cento quando comparado com o período anterior, mas marcou queda de 1,4 por cento sobre o primeiro trimestre de 2015.

Pesquisa Focus do Banco Central, que ouve semanalmente uma centena de economistas, mostra projeção de contração do PIB de 3,81 por cento neste ano, com leve recuperação em 2017, com crescimento de 0,55 por cento.

A expectativa da maioria dos economistas era de que a economia se estabilizasse apenas a partir do segundo semestre, ajudada pela alta do dólar frente ao real e pela queda dos estoques das empresas.

(Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte)

PIB: resultado do 1º trimestre é melhor do que previam economistas (O GLOBO)

O desempenho da economia brasileira no começo deste ano, a despeito da retração de 0,3%, foi melhor do que previam os analistas de bancos e firmas de pesquisa. Esses economistas estimavam queda muito maior, de 0,8% no primeiro trimestre do ano, segundo a mediana de um grupo de 45 previsões compiladas pela agência Bloomberg.

Alguns especialistas chegaram a prever contração de 1,4% no período, como Neil Shearing, da britânica Capital Economics, e Thais Zara, da consultoria brasileira Rosenberg Associados. Os grandes bancos também estavam mais pessimistas, com o Safra calculando recuo de 0,9%, Santander e Itaú apostando em queda de 0,8% e o Bradesco, de 0,7%. Os únicos economista que acertaram nas previsões foram Silvia Mattos, do Ibre/FGV, e Thiago Carlos, da UBS Securities.

“A queda do PIB do Brasil no primeiro trimestre foi muito menor do que o esperado mas apenas por causa do salto nos gastos do governo. Com a expectativa de que a política fiscal seja apertada na segunda metade do ano, esse estímulo econômico vai desaparecer”, justificou Neil Shearing, da Capital Economics, aquele que segue sendo um dos mais pessimistas. “O resultado do primeiro trimestre não é tão bom quanto parece. Esperamos que as exportações líquidas continuarão proporcionando contribuições positivas no restante do ano, enquanto o investimento deve se estabilizar. Mas os gastos do governo de das famílias vão continuar sob pressão. A segunda metade deste ano deve apresentar alguma estabilidade nas taxas trimestrais do PIB mas qualquer recuperação, quando vier, será fraca e frágil.”

A alta do consumo do governo foi de 1,1% e, segundo o IBGE, é explicada por um corte menor nas despesas públicas, após quatro trimestres de reduções mais intensas. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, os gastos do governo caíram 1,4%, recuo menos intenso que o de 2,9% registrado no quarto trimestre, também frente ao mesmo período do ano anterior. 

— Estava havendo uma redução, que continuou no primeiro trimestre, mas como ela foi menor, comparando com o trimestre imediatamente anterior, dá essa subida. O governo estava fazendo uma contenção da despesa de consumo. Essa contenção continuou, mas ela foi menor do que ocorrido no trimestre anterior, que tinha sido a mais forte desde o início da série histórica. Durante o ano passado todo, o governo restringiu as despesas de consumo em relação ao ano anterior — explicou Rebeca Palis, coordenadora da Contas Nacionais do IBGE.

MENORES QUEDAS EM MAIS DE UM ANO

Mas a economia brasileira também trouxe outros destaques positivos. Em alguns segmentos, a retração foi a menor em vários meses, por exemplo. É o caso da indústria. Com queda de 1,2% no primeiro trimestre, na comparação com o quarto trimestre de 2015, o setor registrou o menor recuo desde os três primeiros meses do ano passado, quando registrou o mesmo resultado. O setor de serviços também teve resultado melhor. A queda de 0,2% no trimestre foi a menos intensa dos últimos cinco trimestres e o melhor desempenho desde a discreta alta de 0,1%, registrada no quarto trimestre de 2014.

Pela ótica da despesa, um dos destaques foi a formação bruta de capital fixo (FBCF), um indicador de investimento, que recuou 2,7% no trimestre. A queda, porém, foi a menos intensa desde o recuo de 0,7% do quarto trimestre de 2014. As exportações aumentaram 6,5%, melhor resultado desde os 12,6% do primeiro trimestre.



 

Fonte: Reuters + O GLOBO

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