Fitch corta rating do Brasil a "BB+" e tira selo de bom pagador do país
SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch retirou nesta quarta-feira o selo de bom pagador do Brasil, ao cortar o rating do país em um degrau, de "BBB-" para "BB+", citando a recessão mais profunda do que o antecipado e a dificuldade que o quadro fiscal e o aumento das incertezas políticas trazem à capacidade do governo de estabilizar a dívida.
Além de retirar o Brasil do patamar de grau de investimento, a Fitch sinalizou que pode colocar o país ainda mais para dentro do território especulativo, ao manter a perspectiva da nota como "negativa".
A decisão da Fitch acontece um dia depois de o governo da presidente Dilma Rousseff ter alterado a meta de superávit primário para 2016, permitindo no limite zerar a economia do governo no próximo ano para o pagamento de juros da dívida pública.
A Fitch foi a segunda importante agência de classificação de risco a retirar o grau de investimento do Brasil, situação que pode trazer ainda mais volatilidade aos mercados financeiros e levar à saída de recursos do país. O dólar ampliou a alta sobre o real e chegou a subir 2,35 por cento, enquanto os juros futuros saltaram e a Bovespa ampliou a queda.
Em setembro, a Standard & Poor's foi a primeira a rebaixar o Brasil para grau especulativo, ao cortar a nota para "BB+", além de manter a perspectiva negativa. A Fitch havia cortado a nota de crédito do país em outubro, mas manteve o grau de investimento, porém com perspectiva negativa para a nota.
Em nota, a Fitch explicou que rebaixou o Brasil diante do quadro fiscal, calculando que o déficit fiscal do governo supere 10 por cento do PIB em 2015 e permaneça elevado, com média acima de 7 por cento em 2016 e 2017.
Diante disso, a agência informou que a deterioração da situação aumenta desafios para autoridades adotarem medidas corretivas no tempo adequado. Além disso, avalia que o processo de abertura de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff adiciona incertezas ao ambiente político.
Em nota, o Ministério da Fazenda, afirmou que "reitera a confiança na capacidade da economia brasileira de retomar um ciclo de crescimento. Apesar dos indicadores de curto prazo e da incerteza atual, a economia brasileira tem fundamentos positivos e sólidos".
(Por Patrícia Duarte)