Ações asiáticas sobem com retomada da China, mas Nikkei recua
Por Lisa Twaronite e Hideyuki Sano
TÓQUIO (Reuters) - As ações asiáticas tiveram alta na sexta-feira enquanto investidores tomavam coragem frente à recente volatilidade dos mercados chineses, e depois da proposta grega de um novo plano de reformas, aumentando as esperanças de um acordo no fim de semana, durante encontro dos líderes europeus.
Às 8h15 (horário de Brasília), o índice MSCI que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão avançava 1,31 por cento, mas ainda caminhava para uma queda acumulada na semana de mais de 3 por cento em um período marcado por forte correção nos mercados acionários da China.
As ações chinesas subiram pelo segundo dia seguido, impulsionadas por uma leva de medidas de apoio vindas de Pequim, o que pareceu acalmar os investidores depois do pânico de vendas que levou a uma desvalorização de um terço do seu valor nos mercados da China continental desde seu pico em junho.
"A Grécia também está ajudando e os operados estão expressando a visão de que a 'Grécia está resolvida' ou palavras com mesmo efeito. As novas propostas que foram anunciadas na sessão asiática mais cedo tem feito um movimento de alta nos papéis futuros nortes-americanos e em nossa abertura a chamadas européias também parecem forte," disse em nota Chris Weston, chefe de estratégias de mercado na IG.
O governo grego irá pedir nesta sexta-feira aprovação parlamentar para negociar no texto as "ações prioritárias" que pode formar a base do acordo de reformas em troca de ajuda financeira com os credores, disse uma fonte do governo.
. Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,38 por cento, a 19.779 pontos.
. Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 2,08 por cento, a 24.901 pontos.
. Em XANGAI, o índice SSE ganhou 4,57 por cento, a 3.878 pontos.
. Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,17 por cento, a 2.031 pontos.
. Em TAIWAN, o índice TAIEX não teve operação.
. Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,38 por cento, a 3.279 pontos.
. Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,39 por cento, a 5.492 pontos.
O Globo: Dez perguntas para entender a crise na China
RIO - Não bastasse a crise da Grécia, uma possível bolha no mercado de ações da China vem sendo alvo de preocupações entre economistas. Isso porque um possível tombo na economia chinesa afetará em cheio o Brasil. Hoje, cerca de 20% das exportações brasileiras têm como destino a China, com destaque para produtos como minério de ferro e soja. Mas, afinal, o que está acontecendo na segunda maior economia do mundo? O mercado de ações vive uma bolha prestes a estourar? E, por que, as bolsas subiram tanto em um prazo tão curto e, agora, desabam?
1. Há uma bolha no mercado de ações da China?
Segundo economistas, a valorização superior a 150% em apenas doze meses nas Bolsas de Xangai e Shenzhen é considerada alta demais para um período tão curto. Eles lembram que neste período essa alta não foi sustentada por fundamentos econômicos, o que torna a classificação de "bolha" plausível por parte dos economistas. Mas analistas de mercado ainda estão divididos quanto ao atual momento do mercado acionário chinês. Os especialistas citam que a queda superior a 30% no último mês nas duas bolsas pode indicar o início do movimento de estouro de uma bolha.
2. Qual é a origem da crise na China?A origem da crise chinesa começou em 2008, quando o país asiático, para encarar a crise financeira global, após a quebra do banco americano Lehman Brothers, injetou trilhões de dólares na economia. O excesso de liquidez, num primeiro momento, alimentou uma bolha no mercado imobiliário. As medidas adotadas por Pequim para frear a especulação com imóveis levaram o dinheiro a migrar para um mercado paralelo de crédito, conhecido como shadow banking (financiamento nas sombras), que opera à margem da regulação do banco central chinês. E, de novo, as restrições impostas pelo governo a esse mercado informal de crédito levaram o dinheiro a procurar um novo destino. Desssa vez, mercado acionário, que foi incentivado pelo próprio governo.
3. Por que a bolsa subiu tanto em um ano, antes da despencada?
As Bolsas de Xangai e Shenzhen começaram o movimento de valorização em meados do ano passado por uma série de fatores, segundo economistas e analistas de mercado. Para aquecer a economia, o governo tomou algumas medidas, como a redução da taxa de juros, tornando os investimentos em Bolsa mais atraentes. Além disso, desde 2010, o governo vem flexibilizando e incetivando que chineses comprem ações na Bolsa, o que vem permitindo o aumento da demanda. Houve assim um efeito manada, segundo economistas, com a demanda maior que a oferta, o que presssionou os preços. De olho nisso, muitas empresas chinesas decidiram abrir seu capital no mercado acionário desde o ano passado.
4. E por que caiu tão rapidamente?Há vários motivos que explicam a queda repentina. Com a alta tão rápido, muitos economistas começaram a questionar se o movimento não era o de uma bolha, já que, enquanto o mercado de ações subia, a economia crescia abaixo do esperado. Economistas lembram que em meados deste ano várias instituições passaram a projetar um crescimento abaixo de 6% para a China neste ano, o que seria o menor patamar em pelo menos duas décadas. Com isso, houve novamente um efeito manada. Mas agora com a saída de recursos. Ou seja, os investidores começaram a vender suas ações, saindo do mercado de capitais.
5. O fato de um dia a bolsa chinesa subir significa que a crise acabou?Não. Em momento como o atual, é comum muita volatilidade no mercado acionário, com dias de alta e de baixa.
6. Que medidas o governo chinês tomou para estancar a crise?Na tentantiva de evitar mais quedas, o governo vem tomando uma série de medidas, como a proibição de lançamento de ações a curto prazo no país (IPO, na sigla em inglês) e a criação de um fundo de quase US$ 20 bilhões para que corretoras comprem ações, mantendo a demanda alta. O governo também proibiu que investidores com mais de 5% das ações de uma companhia vendam suas posições por um período de seis meses. O Banco Popular da China também fará injeções de US$ 41,87 bilhões no mercado para manter a liquidez. Além disso, 1.476 empresas já suspenderam a negociação de suas ações nas bolsas, medida aceita pelo órgão regulador local.
7. Qual é a relação da bolsa chinesa com a economia real?A queda nas bolsas chinesas afetam a expectativa de crescimento futuro do país asiático e reduzem a expectativa de lucro das empresas. Com a menor demanda, o mercado de commodities tende a sofrer, com a queda na cotação de minério de ferro, soja e petróleo, por exemplo. Segundo o Bank of America Merrill Lynch, os acontecimentos do mercado de ações aumentam os riscos de contaminação para a economia. Além disso, como parte dos chineses investiu suas economias em ações, essa queda no mercado pode representar um recuo no poder do consumo interno. E isso é visto com preoucupação por economistas, já que o país passa por uma transição de sua economia, de um modelo baseado em exportação para um modelo com foco no mercado interno.
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