Dólar cai a R$ 2,63 após declarações de Joaquim Levy de compromisso com cortes
O dólar terminou em queda nesta terça-feira afetado pelas declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que reforçou seu compromisso com o ajuste fiscal. O declínio do dólar em relação o real, que ocorreu na contramão da alta registrada ante outras divisas internacionais, também refletiu um movimento de ajustes após o avanço registrado recentemente.
No fim da sessão, o dólar à vista fechou em queda de 1,31%, aos 2,63 reais. O volume de negócios totalizava 1,431 bilhão de dólares, por volta das 16h30 desta terça-feira. No mercado futuro, o dólar para fevereiro recuava 1,64%, aos 2,64 reais.
O dólar iniciou a sessão em alta, alinhado ao sinal positivo registrado no exterior devido à queda do preço do petróleo, mas devolveu os ganhos mais tarde com os leilões de swap cambial do Banco Central — operação que consiste na venda de dólares no mercado futuro.
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A moeda americana acelerou as perdas ainda durante a manhã de terça, com as declarações do ministro e o aumento da entrada de dólares de investidores estrangeiros, cujo destino era o leilão de títulos públicos realizado pelo Tesouro Nacional.
Os comentários de Levy de que as políticas fiscal e monetária devem caminhar juntas agradaram ao mercado. Durante café da manhã com jornalistas, o ministro falou também sobre "realismo tarifário" para setor elétrico, confirmando que o Tesouro Nacional não fará mais o aporte de despesas orçamentárias de 9 bilhões de reais para Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial que bancou a política de redução da energia elétrica do setor implementada pela presidente Dilma no primeiro mandato.
Bolsa de valores — O principal índice da bolsa paulista devolveu ganhos de mais cedo e fechou com leve variação negativa nesta terça-feira, na mínima do dia, acompanhando o enfraquecimento dos negócios em Wall Street
O Ibovespa fechou em queda de 0,18%, a 48.051 pontos, após ter subido 1,66% e se aproximado dos 49 mil pontos na máxima do dia, de acordo com dados preliminares. O volume financeiro da sessão atingiu 6,7 bilhões de reais.
Declarações do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, repercutiram bem no mercado desde cedo, beneficiando particularmente Petrobras. Levy disse acreditar que a empresa definirá os preços com base em motivos corporativos.
Na máxima, pela manhã, as preferenciais da estatal chegaram a subir 5,4%, mesmo com forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional. Os papéis fecharam com alta de 1%.
Iniciativa privada é 'quem toca a banda' no Brasil, diz Levy
Ministro da Fazenda afirmou que reforçará mudanças na política econômica brasileira no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça
"Brasil é uma economia que tem grandes recursos e com mudanças na sua política econômica", afirmou Levy (Paulo Giandalia/Estadão Conteúdo)
Em café da manhã com jornalistas, em Brasília, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, manifestou sua intenção de reforçar para o mundo que o Brasil adotará uma nova política econômica no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). O ministro afirmou que deve participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, com o objetivo de levar ao mundo a mensagem de que "o Brasil é uma economia que tem grandes recursos e com mudanças na sua política econômica". Levy ainda reforçou que o país é uma economia de mercado, em que a iniciativa privada "é quem toca a banda".
Levy fez uma comparação do segundo mandato de Dilma a um segundo tempo de jogo de futebol. "A gente vai acertar o jogo no segundo tempo para fazer uma analogia com o futebol. Precisamos sair do zero a zero e arrumar no segundo tempo para começar a fazer gol", disse.
Saco de maldades - O ministro da Fazenda também voltou a admitir que o governo poderá fazer alguns ajustes na área tributária. No entanto, afirmou que um eventual aumento de impostos será compatível com o crescimento da poupança nacional e com o impacto nas decisões das famílias. Ao tratar do tema, Levy descartou que o governo prepara um "saco de maldades" ou pacote de medidas com o objetivo de promover a retração econômica.
Segundo ele, o governo tem limitação de gastos e está promovendo ajustes para preservar direitos e corrigir distorções e excessos. Ele citou as reformas em benefícios trabalhistas e previdenciários encaminhadas ao Congresso e que devem trazer uma economia de 18 bilhões de reais este ano. "Essas distorções geram dispêndios e acabam com a capacidade de incluir outros direitos", justificou.
Na ocasião, o ministro também confirmou que o Tesouro Nacional não fará mais um aporte de despesas orçamentárias de 9 bilhões de reais para Conta de Desenvolvimento Energético(CDE) e afirmou que não pretende "neste momento" mudar as alíquotas do Imposto de Renda (IR). Além disso, Levy também afirmou que o governo quer trazer a dívida pública bruta para a faixa de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) no longo prazo. A dívida bruta em novembro, dado mais recente disponível, representava 63% do PIB.
(Com Estadão Conteúdo e agência Reuters)
Levy sinaliza mudança de IR para prestador de serviço
Por Sofia Fernandes , na Folha. Comento no próximo post:
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta terça-feira (13) que haverá ajustes de impostos, sem ser específico. Ele negou que esses ajustes estejam dentro de um “saco de maldades”, como questionou a imprensa, e que haverá um “pacote” dessas medidas. Dentro do esforço do governo de aumentar suas receitas para reequilibrar as contas, Levy sinalizou que poderá haver mudanças na cobrança de imposto de renda para prestadores de serviços que recebem como pessoa jurídica.
O ministro afirmou que deve analisar a situação de “pessoas que têm renda através de pequena empresa, que pagam 4%, 5% de imposto em vez de 27,5%”, e que isso deve ser prioridade dentro de possíveis mudanças na cobrança do IR. “Primeiro teria que tratar desse egrégio.” Levy disse ainda que deve rever a isenção do IR sobre investimentos em Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), dentro da estratégia de “melhorar a composição de investimentos”.
O ministro afirmou que a mudança não deve ser “imediata”, tendo que passar ainda por consulta. Ele sinalizou ainda que pode haver ajuste nos instrumentos de poupança, sem dar detalhes. Segundo o titular da Fazenda, o aumento de impostos será “compatível” com o objetivo de aumentar a poupança pública.
(…)
Joaquim Levy alimenta delírios confiscatórios e quer tungar a classe média que já paga a conta! Eis um dito “neoliberal” fazendo o que nem o esquerdista Mantega teve coragem! É a geleia geral brasileira onde prospera o atraso. À luta, oposições!
O Brasil é mesmo um país sui generis, com particularidades bem extravagantes. Uma delas deu certo: a jabuticaba. Só prospera por aqui e é uma delícia. O resto, como não se cansa de dizer por aí, é besteira e fabrica o nosso atraso. Em nenhum outro país do mundo, liberais empedernidos servem a governos de esquerda, nominalmente ao menos. Em tese, teríamos essa particularidade. Todos sabemos que Joaquim Levy, novo ministro da Fazenda, chegou para, digamos, refazer as pazes entre o governo Dilma e o mercado.
Levy participou nesta terça de um café da manhã com a imprensa. Deixou claro que é mesmo diferente do esquerdista Guido Mantega, seu antecessor. Chamou o mandato em curso de Dilma de “segundo tempo”, afirmou que houve um “empate em zero a zero” no primeiro — não especificou quem era o adversário — e disse ser chegada a hora de marcar gol. Para quem está à caça de frases de efeito, decarou com pompa: é a iniciativa privada que toca o país. Beleza! Tudo no lugar!
Sob Levy, está claro, mudanças importantes serão operadas na economista, também no quesito despesas. As barbeiragens cometidas no setor elétrico no primeiro mandato de Dilma tendem a ser corrigidas agora. Cessará o subsídio ao setor, e o consumidor tenderá a pagar pela energia algo mais parecido com o que ela custa. É ruim? Para quem paga, é. Mas é necessário. Um país começa a se danar quando os preços entram em parafuso.
O governo decidiu também dar uma paulada na bagunça do seguro-desemprego, como se pode ler posts abaixo. Ninguém ignora que o benefício se transformou numa forma de captação de recursos públicos, a um custo bilionário. E poderíamos dizer, então: “Eis aí o liberal Levy! Ele serve a um governo que se diz de esquerda, mas está fazendo a coisa certa”.
Pois é. Ocorre que o “liberal” — ou “neoliberal”, como querem alguns — Levy também está preocupado com a arrecadação, não é? Sim, eu acho isso justo. Aliás, se o Brasil voltar a crescer, se gastar menos na administração da própria máquina, se desperdiçar menos dinheiro, se puser fim à corrupção, é certo que arrecadará mais. Ocorre que o homem anda com outras ideias.
Ele está de olho no bolso dos prestadores de serviço e disse que vai analisar a situação das “pessoas que têm renda através de pequena empresa, que pagam 4%, 5% de imposto em vez de 27,5%”. Ou seja: o senhor Joaquim Levy está empenhado agora em tirar salário — porque é disto que se trata — de uma fatia da classe média. A classe média, leitores, é aquela gente que sempre paga a conta no Brasil.
Espera-se que o senhor Joaquim Levy se lembre de que os ditos “prestadores de serviço”, que atuam como pessoas jurídicas, não gozam de benefícios que oneram tanto o estado como as empresas com as quais mantêm contrato. Elevar o imposto pago por esses profissionais vai, sim, lhes roubar renda, sem que voltem a ter nenhum dos benefícios dos quais abriram mão. Mais: o governo pode estar dando um tiro no pé, estimulando a informalidade.
Em nenhum país do mundo, um liberal proporia tomar dinheiro da sociedade — especialmente da camada que impõe maior dinamismo na economia — em favor de um estado perdulário — todos são; o brasileiro é mais. Com que discurso Levy vai bater a carteira da classe média? Também ele vai brincar de luta de classes, a exemplo de seus neocompanheiros do PT?
Aliás, para onde vai um governo que decide ampliar o “Supersimples” e que, ao mesmo tempo, demonstra a disposição de tungar seus eventuais beneficiários — o que, convenham, nem o esquerdista Guido Mantega decidiu fazer?
Que país sui generis! O comunista do Brasil, Flávio Dino, novo governador do Maranhão, diz que seu Estado precisa de um choque de capitalismo. E o liberal Joaquim Levy alimenta delírios confiscatórios. Isso tudo poderia parecer engraçado. Mas isso tudo é só parte do nosso atraso e na nossa miséria, também intelectual e política. Espero que as oposições não se deixem encantar pelo dito conservadorismo do sr. Levy e se organizem para impedir um novo assalto a uma fatia da sociedade que já paga a conta.
Por Reinaldo Azevedo