Bovespa avança 5% em meio à animação com arrancada de Aécio no 1º turno
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa sustentava fortes ganhos na tarde desta segunda-feira, embora longe das máximas da sessão vistas no início do pregão, quando o principal índice chegou a disparar 8 por cento, após o desempenho do candidato de oposição Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno da eleição presidencial superar as expectativas.
Às 15h54, o Ibovespa avançava 5,15 por cento, para 57.350 pontos, tendo alcançado os 58.897 pontos na máxima até esse horário. Se manter esse ritmo de alta até o fechamento, será a maior alta desde 29 de outubro de 2009, quando o índice subiu 5,9 por cento.
O volume financeiro no pregão somava 11,3 bilhões de reais.
Em uma arrancada final surpreendente, o tucano garantiu vaga no segundo turno com muito mais facilidade do que as últimas pesquisas apontavam e ainda se aproximou da primeira colocada, a presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, como em nenhum momento da campanha.
Dilma teve 41,6 por cento dos votos válidos e Aécio obteve 33,6 por cento.
"O ano de 2015 vai ser um ano de ajustes duro, ganhe quem ganhar. O mercado se anima com o potencial de uma vitória do Aécio pois traz a expectativa de mudanças no manejo da economia, menos intervenção, mais controle fiscal...", disse Will Lander, gestor sênior de fundos de investimentos da BlackRock, em Nova York.
"O mercado se anima com o potencial de um crescimento melhor e uma vitória da presidente (Dilma Rousseff) indicaria para mais do mesmo do que vimos nos últimos quatro anos", acrescentou.
Operadores e analistas têm manifestado insatisfação com as diretrizes econômicas do governo Dilma. Perspectivas de alternância em Brasília têm servido como argumento para compras na bolsa nos últimos meses e vice-versa.
O sócio e diretor de estratégia na consultoria Arko Advice, Thiago Aragão, avaliou que a disputa agora será "tête-à-tête, em igualdade de condições --pelo menos do que diz respeito a tempo na televisão e recursos financeiros".
Ações de estatais que têm reagido fortemente ao cenário eleitoral lideravam os ganhos do Ibovespa nesta sessão.
Após terem disparado mais de 17 por cento em seu melhor momento, as preferenciais da Petrobras avançavam 13 por cento -- patamar que se mantido no fechamento representará o maior ganho desde novembro de 2008. Os papéis ordinários da petroleira ganhavam 11 por cento.
Analista do UBS Securities revisou nesta segunda-feira a recomendação para a as ações ordinárias da Petrobras para compra, ante neutra, e elevou o preço-alvo do papel para 21,50 reais, ante 20 reais.
Papéis do setor financeiro e imobiliário também se destacavam na ponta positiva do Ibovespa.
Operadores atribuíram a alta expressiva principalmente à cobertura de posições vendidas daqueles que apostavam em um cenário mais tranquilo para Dilma na corrida presidencial, movimento conhecido como "short squeeze", e não identificaram investidores assumindo posições com base nos fundamentos das empresas.
Analistas ponderam que ainda é incerto o desfecho da disputa pelo Palácio do Planalto. Assim, a expectativa é que a bolsa brasileira continue com alta volatilidade pelo menos até o próximo dia 26, quando acontece a votação final.
"A eleição ainda continua muito apertada e incerta, o que dificulta qualquer tomada de decisão de investimento baseada apenas neste evento", ponderou Marcelo Mesquita, sócio e diretor de análise da Leblon Equities Gestão de Recursos.
Fora do Ibovespa, a ação da Cosan Log, resultado da cisão da parcial da Cosan, avançava 8 por cento na sua estreia na bolsa nesta sessão.