Expansão da Petrobras para África não tira foco nº 1 do Brasil, diz diretora

Publicado em 26/09/2024 15:43 e atualizado em 26/09/2024 16:20

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Um avanço da atuação da Petrobras para o continente africano não vai tirar o foco da estatal no Brasil, sua prioridade número 1, disse a diretora de Exploração e Produção da petroleira brasileira, Sylvia dos Anjos, em entrevista à Reuters.

Mas em um momento em que a empresa retomou a busca por ativos que assegurem reservas no futuro, a África ganha relevância nas análises da companhia.

A Petrobras avalia blocos bilionários, como um ofertado na Namíbia, dentro de uma dezena de outras possibilidades, que incluem ofertas de parcerias com petrolíferas globais, afirmou a executiva.

"A gente pode ficar com os dois. A campanha na África e aqui. Nossa prioridade número um é o Brasil... O investimento lá fora não está competindo com os recursos destinados ao Brasil", declarou a executiva, nos bastidores do congresso do setor ROG.e.

"O Atlântico Sul é um complemento", adicionou ela, em momento em que a Petrobras está preparando a atualização de seu próximo plano de investimento, que deverá ser divulgado em novembro.

No governo anterior, a estatal parou de olhar para fora das fronteiras brasileiras e ainda vendeu vários ativos no mercado interno. Enquanto no primeiro governo Lula a Petrobras teve atuação ampliada na África.

Anjos, indicada para o posto na gestão da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, que assumiu o cargo no final do primeiro semestre, reforçou que a petroleira está focada em aumentar suas reservas e buscar "boas e rentáveis oportunidades dentro e fora do país".

Em entrevista à Reuters nesta quinta-feira, a executiva reafirmou que a expansão da Petrobras para a África passa por conversas com todas as "majors" do setor de petróleo, como Exxon, Shell e TotalEnergies.

"Várias majors têm nos oferecido propostas para entrar nos blocos que elas já têm. Com certeza mais de dez blocos sendo avaliados", destacou.

Ela disse que a Petrobras está analisando "todas as principais bacias na África", salientando que há similaridade geológica entre as costas brasileira e africana, o que de alguma forma habilita a estatal a explorar o outro lado do Atlântico.

Durante o congresso nesta semana, o presidente global da francesa TotalEnergies, Patrick Pouyanné, afirmou estar ciente do interesse da Petrobras de explorar fora do Brasil, na bacia do Atlântico, e que está em conversas com a estatal brasileira para possíveis parcerias.

"Namíbia que é a mais forte por conta das descobertas, África do Sul, São Tomé e Príncipe e Angola são as áreas que a gente está trabalhando mais", citou Anjos, sobre as possibilidades.

Ela reforçou que a Petrobras permanece na disputa pela operação do bloco exploratório de petróleo e gás de Mopane, na Namíbia, e deverá buscar toda a fatia de 40% colocada à venda pela portuguesa Galp, que detém hoje 80% do ativo.

"A Galp está oferecendo a operação. Ela tem 80% e está oferecendo (para todo mundo) 40. Não dá para você operar com menos de 40%, fica muito difícil", disse.

Estima-se que Mopane tenha pelo menos 10 bilhões de barris de petróleo e gás equivalente e pode ser avaliado em mais de 10 bilhões de dólares, de acordo com algumas estimativas.

"A ideia é entrar em blocos "grandes". "Para pequenas, não vamos não. Para ir para fora você tem que ter volume, e nossa prioridade é óleo", adicionou a executiva.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Expansão da Petrobras para África não tira foco nº 1 do Brasil, diz diretora
Opep eleva previsões de demanda por petróleo no médio e longo prazos
Opep valoriza cooperação em energias com o Brasil, diz secretário-geral
Brasil quer cooperar com Índia na exploração de petróleo no mar, diz ministro
Petróleo fecha semana em alta após anúncio de cortes de taxas do Fed
Preços médios da gasolina e do etanol mantêm tendência de estabilidade no País no início de setembro, aponta Edenred Ticket Log