Conflito no Oriente Médio traz riscos, mas os ganhos ao petróleo devem ser limitados; confira análise da Hedgepoint

Publicado em 18/04/2024 10:20
O Irã, um dos principais produtores de petróleo do mundo, lançou um ataque contra Israel no último fim de semana. Esse foi o primeiro ataque direto do Irã a Israel e marca uma nova fase no conflito no Oriente Médio. O mercado de petróleo se beneficiou dos riscos geopolíticos e manteve correções modestas na semana passada, apesar de dados negativos, como o aumento nos estoques e a resiliência da inflação nos EUA. No entanto, à medida que os maiores riscos não se materializam, os ativos do mercado energético devem ter uma semana de correções, mas ainda sustentados pelo déficit no balanço do petróleo.

A semana passada foi marcada por turbulências nos mercados, com dados econômicos baixistas exercendo forte influência nas cotações de commodities. O índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA, que subiu para 3,5% ao ano em março, contrariou as expectativas e sinalizou que a inflação continua resistente. A Hedgepoint Global Markets esses e outros temas do complexo energético no relatório desta semana.

“Em contraste com a queda nas commodities em geral, o mercado energético se mostrou resiliente na semana passada, com o WTI e o Brent registrando pequenas perdas de -1,44% e -0,79%, cotados a US$ 85,66, e US$ 90,45, respectivamente. Isso porque tensões geopolíticas, especialmente a escalada do conflito entre Irã e Israel no Oriente Médio, continuam a influenciar o mercado de petróleo. A percepção de riscos à oferta global impulsiona a demanda pela commodity, elevando seus preços”, avalia Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da Hedgepoint.

De acordo com o analista, “no momento, espera-se que o conflito se limite aos desdobramentos dos últimos dias, mas a incerteza continuará a pairar sobre o mercado. Enquanto isso, o principal fundamento continuará sendo o balanço em déficit devido às ações da OPEC+”.

Escalada no Oriente Médio traz suporte para o petróleo

No último fim de semana, o Irã lançou uma série de ataques com drones e mísseis contra Israel, em retaliação ao ataque israelense ao consulado do país na Síria em 1º de abril. Esse foi o primeiro ataque direto do Irã a Israel e marca uma nova fase no conflito no conflito com Oriente Médio.

“O Irã se destaca como um importante produtor de petróleo no região, com uma produção atual que ultrapassa os 3 milhões de barris por dia (bpd). Sendo um dos maiores exportadores do mundo, qualquer conflito mais amplo que afete sua infraestrutura energética oferece risco ao suprimento mundial. Além disso, o país frequentemente ameaça fechar o Canal de Suez, uma importante rota marítima na comercialização de petróleo. Quando há um aumento de tensão na região, crescem os riscos de interrupção no abastecimento de petróleo. Sejam através de sanções ou ataques diretos à infraestrutura, o que induz prêmios maiores ao mercado”, explica.

“No entanto, caso os eventos acima mencionados não se materializem, é provável que vejamos uma correção nos preços. Uma escalada mais ampla resultaria em grandes prejuízos econômicos para Israel e o Irã, além de causar aumentos nos preços da gasolina nos EUA”, acredita.

A maior demanda nos EUA é um elemento que falta no mercado

O panorama macroeconômico da semana passada foi marcado por dados baixistas para commodities. A inflação nos Estados Unidos permanece elevada, diminuindo as chances de um corte de juros em junho deste ano.

“Como resultado, o rendimento do tesouro americano para 2 anos fechou em 4,88% (+3,17%), atingindo um patamar não observado desde novembro do ano passado. De modo geral, um dólar mais forte é prejudicial para as commodities, já que as torna mais caras para detentores de outras moedas. No entanto, as ações da OPEC+, grupo composto pelos principais países exportadores de petróleo, mostraram-se eficazes em reduzir a oferta no mercado, resultando em um déficit de suprimento que deverá persistir ao longo do segundo trimestre deste ano”, analisa.

Essa estratégia visa equilibrar o mercado e sustentar os preços do barril. O grupo implementou um corte voluntário na produção de 2,2 milhões de bpd, sendo a Arábia Saudita o maior contribuinte, com 1 milhão de bpd.

“Essa medida tem contribuído para a elevação dos preços, que registraram um aumento de mais de 17% até abril”, destaca.

As principais agências que realizam estudos sobre o setor preveem déficits para 2024, com a OPEC estimando um déficit de -1,64 milhões de bpd, o IEA de -0,30 milhões de bpd e o EIA de -0,26 milhões de bpd.

 

A combinação de inflação persistente, taxas de juros em compasso de espera e um dólar forte devem gerar pressão negativa sobre os preços das commodities no curto prazo. Isso deverá resultar em uma correção nos preços do petróleo, porém limitada, visto que as principais agências do setor mostram um déficit no suprimento para 2024.

Acesse o relatório completo clicando aqui.

Fonte: Hedgepoint

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