Milho: Apesar de problemas climáticos, safra deve ser recorde

Publicado em 23/04/2010 16:01

No Paraná, a safra de verão está na reta final da colheita e a expectativa é de que sejam atingidos 6,6 milhões de toneladas de milho. Apesar de ter tido a menor área plantada desde a década de 70, 30% a menos do que foi cultivado no ano anterior, a produtividade foi excelente chegando a uma média de 7.500 mil kg de milho por hectares. “Já temos 87% da área colhida”, afirma Margorete Demarchi, Engª Agrônoma do DERAL (Departamento de Economia Rural do Paraná). <?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

Para o milho safrinha, a produtividade do Paraná também aumentou em relação ao mesmo período do ano passado, e a produção subiu de 4,5 milhões para 5,9 milhões de toneladas, mesmo com a redução de 11% da área plantada. “Essa diminuição foi para ajuste de mercado e até rotação de cultura”, explica Margorete. “Os produtores não podem ficar na dependência do milho safrinha que é uma colheita mais difícil”, conclui.

Com a colheita chegando ao fim, Margorete acredita que deve sobrar muito milho no mercado, principalmente após a confirmação de uma possível produção recorde no Mato Grosso, algo em torno de 9 milhões de toneladas. A preocupação fica por conta do tipo de armazenagem realizado pelos Estados. “Acontece que o Paraná tem uma estrutura muito boa, inclusive de armazenagem, temos um estoque de passagem alto. Enquanto no Mato Grosso o milho acaba ficando á céu aberto. Infelizmente, para eles a perda parcial do produto pode ser a solução para esse excesso de produção”, reforça.

No Mato Grosso, boa parte da safra já foi colhida e representa uma produção maior do que o mesmo período do ano passado, podendo acarretar, novamente, problemas de armazenamento. “Certamente teremos problema de armazenagem, acredito, inclusive, que ainda exista milho velho rodando pelo interior”, afirma João Birkhan, coordenador do Centrogrãos. Ele afirma ainda que o alívio para o produtor do Estado está nos leilões. “Dependemos 100% dos leiloes da Conab, sem eles não teremos como escoar toda essa grande produção”.

Além da questão dos armazéns, o produtor rural de Mato Grosso também tem outro problema para administrar nas lavouras de milho, a estiagem. Apesar da boa expectativa em relação à produção, a redução das chuvas pode prejudicar até 50% da safra em algumas localidades. “Em Sorriso/MT, já temos 50% da primeira safra colhida, porém o restante pode ser comprometido pela estiagem. Se continuar com o clima desse jeito vai perder muito milho”, confirmou Nelson Picoli, vice-presidente do Sindicato Rural de Sorriso/MT.

Em Sinop/MT as perdas já atingiram 20% da produção. “Estamos há mais de 20 dias sem chuva, se a estiagem continuar teremos uma quebra considerável nesta safra, provavelmente acima de 40% na cultura do milho”, afirmou Antônio Galvan, presidente do Sindicato Rural de Sinop.

Apesar da preocupação dos produtores, João Birkhan acredita que ainda é muito cedo para estimar as possíveis perdas no Estado. “Existe sim uma preocupação por parte do produtor, e é válido, se eu tivesse milho plantado também ficaria apreensivo, mas falar em números de quebra de safra ainda é prematuro, pois não dá pra saber ao certo” afirmou. De acordo com Birkhan, existe uma previsão de chuva para esta sexta-feira (23), no máximo sábado (24), e se isso acontecer é possível salvar todo o milho que está em fase de florescimento. Caso contrário a perda será inevitável.

No Rio Grande do Sul, ao contrário do Mato Grosso, o clima não prejudicou as lavouras e o produtor pode garantir uma produtividade excelente com produção estimada em mais de 5 milhões de tonelada de milho. “Estamos com pelo menos 70% da safra colhida, apenas esperando para colher os 30% restante”, garantiu Dulphe Pinheiro Machado Neto, assistente técnico estadual de milho da Emater/RS.

De acordo com Dulphe, o problema para o Estado está no valor pago pela saca. “Estão pagando em média R$ 15 por saca, ou seja, bem abaixo do mínimo. Dessa forma o produtor fica desanimado e não se sente recompensado”. Em alguns municípios de Mato Grosso a cotação da saca de 60 quilos do produto está abaixo de R$ 9, enquanto o preço mínimo definido pelo governo para o estado é de R$ 13,98. E no Paraná, de acordo com Margorete, a saca está abaixo dos R$ 14 reais.

O problema é ainda maior em Mato Grosso. “O mercado aqui está parado, a saca para consumo interno é negociada a R$ 8 reais. Já o valor para exportação não chega nisso” alerta Birkhan. “Em Sorriso, por exemplo, estão pagando U$ 166 dólares, se descontar o frete a gente chega em aproximadamente R$ 6 reais por saca, é muito baixo”, completa.

 

 Flávia Previato

 

Tags:

Fonte: Redação NA

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Preço do milho na B3 tem leve recuo nesta terça-feira, mas cotações seguem sustentadas
Plantio da safrinha de milho vai a 2% no Paraná, enquanto colheita de verão ainda não soma 1%
Futuros do milho próximos da estabilidade nesta terça-feira
Preço do milho melhora e comercialização avança no Mato Grosso
Colheita do milho verão avança para 2,3% no Brasil, indica Conab
Preços futuros do milho abrem a terça-feira com leves recuos, devolvendo parte dos ganhos nas bolsas
undefined