Milho se apoia no dólar e sobe quase 1% na B3 nesta 2ªfeira

Publicado em 26/09/2022 16:54
Chicago pesa economia, trigo e colheita e despenca 2%

A segunda-feira (26) chega ao final com os preços futuros do milho contabilizando movimentações positivas na Bolsa Brasileira (B3). As principais cotações registraram flutuações na faixa entre R$ 89,81 e R$ 95,60. 

O vencimento novembro/22 foi cotado à R$ 89,81 com alta de 0,79%, o janeiro/23 valeu R$ 93,90 com elevação de 0,75%, o março/23 foi negociado por R$ 96,55 com valorização de 0,90% e o maio/23 teve valor de R$ 95,60 com ganho de 0,31%. 

Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o mercado vai se sustentando em bons níveis, mesmo com quedas de preços na Bolsa de Chicago. Um dos fatores que ajudam nesta sustentação é o dólar, em alta ante ao real. 

“Isso reflete também no balcão com boas cotações e sem grandes quedas, mesmo após o término da colheita da segunda safra no país”, diz Brandalizze. 

O Brasil exportou 5.101.740,9 toneladas de milho não moído (exceto milho doce) até aqui no mês de setembro, de acordo com o relatório divulgado pelo Ministério da Economia, por meio da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Sendo assim, o volume acumulado nos 16 primeiros dias úteis do mês já ultrapassa em 78,99% o total de 2.850.171,7 toneladas que foram exportadas durante todo o mês de setembro de 2021. 

No mesmo período, o Brasil importou 322.943 toneladas de milho. Isso significa que, nos 16 primeiros dias úteis do mês, o país recebeu 79,2% do total registrado em setembro de 2021 (407.379,2 toneladas). Sendo assim, a média diária de importação foi de 20.183,9 toneladas contra 19.399 do mesmo mês do ano passado, aumento de 4%.         

No mercado físico brasileiro, o preço da saca de milho também teve movimentações positivas neste primeiro dia da semana. O levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas encontrou desvalorização apenas em Castro/PR. Já as valorizações apareceram em Rondonópolis/MT, Primavera do Leste/MT, Alto Garças/MT, Itiquira/MT, Brasília/DF, São Gabriel do Oeste/MS, Campo Grande/MS, Amambai/MS, Machado/MG e Porto de Santos/SP. 

Confira como ficaram todas as cotações nesta segunda-feira 

De acordo com a análise diária da Agrifatto Consultoria, “no mercado físico do milho, a queda no volume de negociações na sexta-feira fez com que os preços seguissem estáveis na casa dos R$ 84,50/sc, na cidade de Campinas/SP”. 

Ainda nesta segunda-feira, o Cepea divulgou sua nota semanal apontando que, os preços do milho estão firmes no mercado interno, influenciados pela paridade de exportação.  

“Esse cenário é verificado mesmo diante de dados indicando estoques de passagem nacionais 20% maiores no fim da temporada 2021/22 (frente aos da safra anterior), da boa expectativa da safra verão e do atual menor interesse de consumidores domésticos”.  

Nos portos, conforme pesquisas do Cepea, os valores também estão se sustentando, devido às elevações externas, que, por sua vez, são influenciadas por preocupações relacionadas ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, pela quebra de safra na União Europeia e por incertezas quanto à produtividade das lavouras que estão sendo colhidas nos Estados Unidos.  

“A desvalorização do dólar, no entanto, impediu que os avanços nos portos fossem maiores. Inclusive, os preços nos portos operam em patamares acima dos verificados no spot nacional, contexto contrário do registrado no mesmo período do ano passado, quando compradores nacionais estavam mais ativos, e a demanda internacional, desaquecida”. 

Mercado Externo 

Já os preços internacionais do milho futuro abriram a semana contabilizando movimentações baixistas na Bolsa de Chicago (CBOT). 

O vencimento dezembro/22 foi cotado à US$ 6,66 com queda de 10,50 pontos, o março/23 valeu US$ 6,70 com desvalorização de 11,00 pontos, o maio/23 foi negociado por US$ 6,71 com perda de 10,75 pontos e o julho/23 teve valor de US$ 6,65 com baixa de 10,50 pontos. 

Esses índices representaram quedas, com relação ao fechamento da última sexta-feira (16), de 1,48% para o dezembro/22, de 1,62% para o março/23, de 1,61% para o maio/23 e de 1,48% para o julho/23. 

Segundo informações da Agência Reuters, os contratos futuros de milho a tendência do trigo, que caiu 2% nesta segunda-feira, com os temores de uma desaceleração econômica global, um dólar em alta e as expectativas de uma safra abundante de trigo na Rússia pesando sobre os mercados de commodities. 

“A previsão econômica para a economia global é muito ruim. Então, como resultado, estamos vendo os longos saindo. Todo mundo está focado no dólar”, disse Terry Linn, analista da Linn & Associates, com sede em Chicago. 

Junto com os problemas macroeconômicos, as estimativas da safra de trigo na Rússia, o maior exportador mundial, estão aumentando. O serviço de monitoramento de safras da União Europeia, MARS, elevou suas projeções para a safra de trigo da Rússia em 2022 para um recorde de 95,0 milhões de toneladas, ante 88,8 milhões em junho. 

“O dólar mais forte será um fardo para as exportações dos EUA, especialmente em um momento em que se espera uma grande colheita de trigo na Rússia. Milho e soja também estão vendo fraqueza nas previsões de clima seco nos EUA nesta semana, o que será positivo para o trabalho de colheita nos EUA”, disse Matt Ammermann, gerente de risco de commodities da StoneX. 

Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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