Realização de lucros e proximidade da safrinha pressionam milho na B3

Publicado em 05/05/2021 18:20 e atualizado em 06/05/2021 09:18
Em Chicago, 4ªfeira foi de elevações nos futuros

A quarta-feira (05) chega ao fim com os preços do milho, em sua maioria, mais altos no mercado físico brasileiro. Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, foram percebidas desvalorizações em Ponta Grossa/PR, Sorriso/MT, Brasília/DF e Amambaí/MS.

Já as valorizações apareceram em Cascavel/PR, Rondonópolis/MT, Itiquira/MT, Jataí/GO, Rio Verde/GO, Maracaju/MS e Campo Grande/MS.

Confira como ficaram todas as cotações nesta quarta-feira

De acordo com o reporte diário da Radar Investimentos, poucas mudanças acontecem no mercado físico do milho paulista. “Os negócios são poucos com cautela de ambas as partes, seja comprador ou vendedor. O mercado segue atento às especulações climáticas, dólar e ao tamanho da safrinha + safra dos Estados Unidos”.

Em Goiás, por exemplo, a saca do cereal encerrou a sexta-feira (30) valendo, em média, R$ 83,50 com elevação de R$ 0,47 com relação à semana anterior.

“O mercado do milho em Goiás continua se mostrando firme frente a toda dinâmica do mercado com compradores buscando oferta do cereal, mesmo diante dos elevados patamares de preço. Por outro lado, compradores se mantêm firmes em comercializar poucos volumes, aguardando ainda maiores altas do mercado. O resultado deste cenário é a alta nos preços e baixa liquidez”, aponta o Ifag.

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No Mato Grosso do Sul, o preço médio do cereal entre 26 de abril e 03 de maio de 2021 se valorizou 2,18% e foi cotado a R$ 93,63/sc.

“O movimento foi justificado pela valorização do cereal no mercado internacional, nos contratos de curto prazo, pela incerteza quanto ao resultado de produtividade e produção da safra e pela demanda consistente”, diz a Famasul. 

+ Falta de chuvas prejudica o milho no MS e apenas 13% das lavouras são classificadas como boas pela Famasul

Em ambas as regiões as lavouras da segunda safra estão sofrendo impactos da falta de chuvas. “A situação da safrinha continua crítica, visto o baixo volume de chuvas no estado. Algumas perdas já começam a ser materializadas e podem resultar em uma quebra na expectativa de produção”, relata o Ifag sobre Goiás.

 “O desenvolvimento do milho está sendo prejudicado gradativamente devido a falta de chuva nas regiões produtoras. De acordo com os modelos agroclimáticos o estado possui em média 30 dias de estiagem agrícola”, destaca a Famasul sobre o Mato Grosso do Sul.

+ Menor umidade do solo dos últimos 30 anos impacta lavouras de milho no Paraná e Mato Grosso do Sul

Uma solução para que esse tipo de situação não volte a acontecer nas próximas safras pode vir de uma pesquisa de 12 anos desenvolvida pela Embrapa que resultou em uma nova solução que pode ajudar as plantas de milho a resistirem melhor à períodos de seca. Uma bactéria encontrada no mandacaru, um importante cacto da região da Caatinga, é quem permite este efeito protetor ao milho.

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Itamar Soares de Melo, explica que, a bactéria é parte de uma solução líquida aplicada juntamente as sementes no momento do plantio que estimula o crescimento do sistema radicular do milho, potencializa a crescimento das plantas e protege as raízes de períodos de estiagem, até mesmo em momentos de “seca extrema”.

+ Estudo da Embrapa utiliza bactérias do mandacaru para aumentar resistência do milho à seca

B3

A Bolsa Brasileira (B3) registrou, pelo segundo dia consecutivo, movimentações de realização de lucros e recuos dos preços futuros do milho. As principais cotações registraram flutuações negativas entre 1,02% e 1,82% ao final da quarta-feira.

O vencimento maio/21 foi cotado à R$ 101,60 com queda de 1,02%, o julho/21 valeu R$ 103,26 com perda de 1,38%, o setembro/21 foi negociado por R$ 101,49 com baixa de 1,48% e o novembro/21 teve valor de R$ 102,00 com desvalorização de 1,82%.

Para o analista de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, as movimentações de hoje na B3 refletem uma realização de lucros.

“O dólar está em queda e o pessoal está liquidando, fazendo lucros e buscando alternativas. Muita gente que aplica no milho da B3 acaba aplicando em outros papéis e nesse cenário outros papéis passam a ficar atrativos”, explica.

Brandalizze destaca ainda que as cotações parecem ter atingido um teto, sem conseguir ultrapassar a barreira dos R$ 110,00 e a safrinha se aproxima cada dia mais. “Não choveu bem e a safrinha continua perdendo. Porém, o que o consumidor também olha é que dentro de 3 semanas vai ter alguma colheita no Mato Grosso e, quando o vídeo mostrar a máquina colhendo, tem um fator psicológico que dá um banho de água fria e acaba assustando um pouco os vendedores”.  

Mercado Externo

Já os preços internacionais do milho futuro tiveram muita volatilidade, em especial nos primeiros contratos da Bolsa de Chicago (CBOT). As principais cotações registraram movimentações positivas entre 8,50 e 24,25 pontos ao final do dia.

O vencimento maio/21 foi cotado à US$ 7,53 com alta de 8,50 pontos, o julho/21 valeu US$ 7,08 com elevação de 11,75 pontos, o setembro/21 foi negociado por US$ 6,31 com ganho de 20,75 pontos e o dezembro/21 teve valor de US$ 6,04 com valorização 24,25 pontos.

Esses índices representaram elevações, com relação ao fechamento da última terça-feira, de 1,21% para o maio/21, de 1,72% para o julho/21, de 3,44% para o setembro/21 e de 4,14% para o dezembro/21. 

Segundo informações da Agência Reuters, os futuros do milho na Bolsa de Valores de Chicago estabeleceram seu preço mais alto em mais de oito anos na quarta-feira, uma vez que as preocupações com o abastecimento global e a forte demanda geraram fortes ganhos.

Os maiores ganhos foram no contrato de dezembro, que representa a safra norte-americana que será colhida neste outono, já que os produtores estão focados no plantio.

“O mercado de milho está em missão de capturar mais hectares usando preços altos para atrair os agricultores a aumentar as plantações”, disse Rich Feltes, chefe de insights de mercado da corretora RJ O'Brien.

Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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