Conab eleva produção da safrinha para 82,8 milhões de toneladas e espera maior escassez do grão até a colheita
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou seu boletim de acompanhamento da safra brasileira de grãos para o mês de março e trouxe dados sobre as três safras de milho além de projeções sobre oferta e demanda brasileiras.
Para a segunda safra, que está sendo plantada neste momento, a entidade estima atingir 14.678,4 mil hectares, representando acréscimo de 6,7% em relação a safra anterior. Já a produção esperada é de 82.802,3 mil toneladas, representando incremento de 10,3% em comparação ao último ciclo e maior do que a projeção divulgada no mês passado de 80.076,6 mil toneladas.
“Apesar dos recentes níveis de precipitações ficarem abaixo das médias, na maioria dos estados produtores do milho segunda safra, as operações de semeadura foram mais afetadas pelo atraso na colheita da soja, uma vez que a umidade acumulada no solo, adicionada às chuvas pontuais, mantiveram condições de disponibilidade hídrica dentro do mínimo aceitável em quase todas as regiões produtoras”, detalha a publicação.
Olhando para as principais regiões produtoras, a Conab aponta que o Paraná deve produzir 18,7% mais do que em 2020 e chegar em 13.552,3 mil toneladas, apesar de o plantio seguir lento devido ao alongamento do ciclo da soja. No Mato Grosso, a semeadura já foi concluída em 60,6% das áreas, bem atrás dos 92,1% do mesmo período do ano passado.
“Tal atraso decorre do retardamento no plantio da soja e de suas consequências, bem como do excesso de chuvas em algumas localidades, que faz com que o atraso nos trabalhos de plantio se intensifique ainda mais. Existe certa preocupação pelo fato de a janela ideal de plantio ter finalizado no último dia de fevereiro e ainda há muita área a ser semeada no estado, o que resulta em certo risco climático. Contudo, é importante ressaltar a forte adesão por parte dos produtores em relação a pacotes de alta tecnologia”, diz a Conab.
Outras regiões destacadas foram Mato Grosso do Sul, com plantio em 22% e também atrasado e com parte sensível das lavouras ficando fora do período indicado pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), Goiás, com 40% plantado, Minas Gerais que deve plantar 16,4% a mais do que em 2020, Rondônia que espera ampliar a área em 7,5%, Piauí com 18% já semeado e Maranhão onde a área semeada de milho deverá aumentar 5,3%.
Primeira Safra
Para a safra de verão, os técnicos da Conab destacam que “o atraso das precipitações ocorrido no início do plantio, nas principais regiões produtoras do país, desempenhou importante influência no desenvolvimento das lavouras do milho primeira safra. Com o plantio mais tardio, todo o ciclo e a estratégia produtiva foi alterada, provocando modificações no planejamento acerca do tamanho da área e até sobre quais lavouras produzir”.
Sendo assim, a área plantada cresceu 1,1% indo de 4.235,8 mil hectares no ano passado, para 4.281,2 mil nesta safra, em função da animação dos produtores com os preços, e a produção apresentou forte redução, atingindo 23.490,5 mil toneladas, queda de 8,6% em comparação ao produzido no período 2019/20.
Terceira Safra
O relatório aponta dados finais da safra 2019/20 com plantio realizado em 535,6 mil hectares, com produção de 1.775,8 mil toneladas, representando acréscimo de 45,4% em relação à safra 2018/19. Já para o exercício 2020/21, as projeções apontam a continuidade do incremento da área plantada, condição que será melhor avaliada nos próximos meses.
“A consolidação das três safras indica, para o período 2020/21, uma área plantada com o cereal atingindo 19.495,2 mil hectares, com uma produção esperada de 108.068,7 mil toneladas, representando incremento de 5,2% na área plantada e 5,4% na produção esperada”.
Oferta e Demanda
Diante desta expectativa de produção total de 108,1 milhões de toneladas de milho, a companhia destaca a elevação de 10,3% na produção da safrinha, que irá compensar as perdas da primeira safra.
“Todavia, é imperioso destacar que a queda da produção de milho durante a safra de verão poderá causar uma maior escassez do grão enquanto a safrinha não é colhida”, aponta a Conab.
De olho no consumo, as projeções subiram para 72,9 milhões de toneladas para a safra 2020/21, aumento de 6,2% com relação ao ciclo anterior. “O ajuste no consumo interno ocorre após revisão dos modelos preditivos que captaram um aumento na taxa de crescimento de consumo interno, sobretudo o consumo de milho destinado para a produção de etanol”, explica.
Com as estimativas de importação e exportação inalteradas em 1 milhão de toneladas e 35 milhões de toneladas, respectivamente, o estoque final esperado em 2020/21 deverá ser de 11,7 milhões de toneladas, aumento de 10,3% em relação à safra anterior.
“O ajuste é explicado pelo aumento da produção total de milho em montante superior ao aumento esperado para consumo agregado”.