Produção de etanol de milho deve crescer 56,25% para a safra 20/21 e chegar a 8 bilhões de litros em 27/28

Publicado em 06/08/2020 14:37

Na safra 2019/20 o Brasil produziu 1,6 bilhão de litros de etanol de milho e o potencial para o próximo ciclo 2020/21 é de crescimento de 56,25% chegando a 2,5 bilhões de litros, de acordo com Guilherme Nolasco, presidente da Unem (União Nacional do Etanol de Milho).

Essa discussão aconteceu durante um webinar organizado pela consultoria Datagro para debater a abertura de safra de soja, milho e algodão 2020/21. Durante o encontro, a instituição declarou que a expectativa é chegar a até 8 bilhões de litros produzidos na safra 2027/28, impulsionando também o aumento da produção de milho no Brasil.

“A nossa projeção é de produzir 150 milhões de toneladas de milho no país em 2028 e absorver parte disso na produção de etanol, com 1 tonelada do cereal sendo transformada em 420 litros de etanol”, aponta Nolasco.

A liderança destaca ainda que, este aumento na produção do bicombustível não vai afetar o abastecimento de outros players do mercado, já que 1/3 do milho utilizado retorna para o setor de rações animais de maneira mais barata.

“O incremento do etanol de milho estimula também o crescimento da pecuária, pelo DDG que permite que o produtor tenha mais gado no mesmo espaço e destine essas antigas áreas de pastagem para o cultivo de grãos”, afirma.

O ex-presidente da Abramilho, Sérgio Bortolozzo, também acredita nesta evolução da área cultivada com milho e no aumento da produção nos próximos anos.

“Este projeto de destinar pastagens para os grãos pode liberar 10 milhões de hectares para o cultivo. Além disso, novas tecnologias estão chegando ao mercado nos próximos anos para ampliar muito a produtividade das áreas já existentes”, diz.

Bortolozzo destaca também que na safra 2018/19, 15% das áreas de soja foram utilizadas para o cultivo da segunda safra de milho, enquanto em 2019/20 este índice subiu para 25%. Outro ponto que mereceu comentário da liderança foi a terceira safra do cereal nos estados da Sealba (Sergipe, Alagoas e Bahia) que tem garantido abastecimento o ano todo.

Este momento de crescimento do etanol de milho ajudou a reformular o comportamento do mercado de milho com o estimulo às negociações antecipadas. Nolasco aponta que em junho de 2019, a segunda safra 2020 está 18% vendida e que em junho de 2020 este patamar já era de 40% para a segunda safra de 2021.

“A usina de etanol não pode ficar a mercê do mercado para se abastecer, então isso estimula essas vendas antecipadas. Isso também é bom para o produtor, que tem mais poder para negociar os insumos e aumentar as áreas nas próximas safras”, comenta.

Questionado sobre como os preços altos do milho nos últimos meses tem afetado o setor do etanol, Nolasco relatou que “O custo do milho disponível subiu muito, mas o setor trabalha com compras estratégicas antecipadas. Ao mesmo tempo, com o milho em alta, o farelo de milho foi muito valorizado, trazendo uma boa contribuição a receita total da atividade”.

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Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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