Milho: mercado interno segue caindo e registra menor preço dos últimos 43 dias; B3 também opera em baixa

Publicado em 15/04/2020 16:25 e atualizado em 16/04/2020 08:37
CBOT amplifica perdas e atinge menor valor desde 2016

A tendência de baixa para as cotações do milho mercado interno brasileiro segue presente e os preços médios registraram queda de 4,27% somente na última terça-feira (14), atingindo o valor de R$ 53,79 a saca, de acordo com levantamento realizado pela Agrifatto Consultoria, que destaca que este é o menor patamar dos últimos 43 dias.

“A demanda interna dá sinais mais forte de retração, com consumidores do cereal saindo das compras e pressionando para baixo o mercado físico”, diz a publicação.

Em levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, não foram percebidas valorizações em nenhuma das praças pesquisadas. Já as desvalorizações apareceram em Palma Sola/SC (2,27% e preço de R$ 43,00), Pato Branco/PR (2,29% e preço de R$ 42,70), Ubiratã/PR (2,35% e preço de R$ 41,50), Londrina/PR (2,35% e preço de R$ 41,50), Cascavel/PR (2,35% e preço de R$ 41,50), Assis/SP (3,19% e preço de R$ 45,50) e Brasília/DF (6% e preço de R$ 47,00).

Confira como ficaram todas as cotações nesta quarta-feira.

A Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná divulgou, por meio do Departamento de Economia Rural (Deral), seu o relatório de plantio, colheita e comercialização das principais safras do estado.

O relatório semanal apontou que 98% das lavouras de milho verão no Paraná já foram colhidas até a última segunda-feira (13). Do montante que segue em campo, 92% estão em boas condições e 94% já estão no período de maturação além de 6% em frutificação.

Já para a segunda safra, foram semeadas 100% do total previsto, com 72% em descaso vegetativo, 22% em floração e 6% já em frutificação. Quanto à qualidade destas áreas, 79% estão boas, 18% estão em médias e 3% em condições ruins.

B3

Os preços futuros do milho na bolsa brasileira operaram durante todo o dia no campo negativo, com as principais cotações caindo até 1,49% por volta das 16h21 (horário de Brasília).

O vencimento maio/20 era cotado à R$ 46,25 com desvalorização de 1,49%, o julho/20 valia R$ 43,90 com baixa de 0,57% e o setembro/20 era negociado por R$ 42,66 com perda de 0,47%.

“Ainda que haja preocupações com o clima em algumas regiões do Brasil, o bom desenvolvimento da segunda safra de maneira geral e a previsão de aumentos dos estoques nos Estados Unidos, não tem dado margem para altas do cereal”, aponta a Agrifatto Consultoria.

Mercado Externo

A quarta-feira (15) chegou ao fim com movimentações negativas para os preços internacionais do milho futuro na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais cotações registraram quedas entre 3,75 e 6,75 pontos ao final do dia.

O vencimento maio/20 foi cotado à US$ 3,19 com desvalorização de 6,75 pontos, o julho/20 valeu US$ 3,26 com perda de 5,50 pontos, o setembro/20 foi negociado por US$ 3,32 com baixa de 4,50 pontos e o dezembro/20 teve valor US$ 3,42 com queda de 3,75 pontos.

Esses índices representaram desvalorizações, com relação ao fechamento da última terça-feira, de 2,15% para o maio/20, de 1,81% para o julho/20, de 1,48% para o setembro/20 e de 1,16% para o dezembro/20.

Segundo informações da Agência Reuters, as preocupações com a fraca demanda por etanol devido à queda nos preços do petróleo continuam pressionando o mercado de milho. Os contratos de milho de maio, julho e setembro caíram para novos mínimos durante as negociações e seu primeiro contrato atingiu o menor nível desde 14 de setembro de 2016.

Para Conab, queda na demanda por milho nos EUA preocupa mercado brasileiro

  • (Reuters) - O recuo na demanda por milho nos Estados Unidos preocupa o mercado brasileiro, pois pode aumentar a competitividade nos preços de exportação do grão entre os dois países, disse nesta quarta-feira o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Guilherme Soria.

"É preocupante sim. O que pode acontecer é ter um excedente de milho americano e ele passar a competir mais com o brasileiro", afirmou durante videoconferência.

A queda na demanda pelo cereal norte-americano é puxada pela redução no uso de milho para fabricação de etanol. O consumo do biocombustível, por sua vez, tem sido pressionado tanto pelas medidas de isolamento domiciliar contra o coronavírus quanto pela retração nos preços do petróleo.

Os contratos futuros do milho negociados em Chicago recuaram nesta quarta-feira para o menor nível em cerca de três anos e meio, depois de a produção de etanol dos Estados Unidos registrar uma mínima recorde, refletindo a fraca demanda pelo grão.

Para o presidente da Conab, caso o milho norte-americano fique mais atrativo que o brasileiro no mercado internacional, a saída será o escoamento para o mercado interno.

"Apostamos em um consumo interno da ordem de 70 milhões de toneladas. Não só puxado pela plantas de fabricação de etanol, como pela indústria de carnes (que usa o grão como ração dos animais)."

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Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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