Maior produção de milho na Argentina gera necessidade de mais negócios com o cereal
A Argentina tem uma produção de milho que excede - e muito - o que demanda o mercado interno. Nos últimos anos, o país exportou, em média, 18 milhões de toneladas anuais do cereal.
Um estudo dos economistas do Instituto de Estudos sobre a Realidade Argentina e Latinoamericana da Fundação Mediterrânea (Ieral) Juan Manuel Garzón, Nicolás Torre e Valentina Rossetti aponta que contar com excedentes é uma "grande oportunidade" para transformar esses grãos em proteína animal, alimentos, insumos de base industrial ou etanol.
O excedente registrado no ciclo 2014/15 mostra uma disponibilidade interna de milho de mais de 2,33 vezes a necessidade doméstica (por uso industrial e em alimento de animais), o que deixa um saldo exportável de 18 milhões de toneladas ao ano.
A oferta interna - de acordo com os autores do estudo - tem a possibilidade de expandir-se a uma taxa muito mais rápida do que a de consumo nos próximos anos. O milho plantado durante as safras 2012/13 e 2014/15 representou, em média, somente 21% dos 29 milhões de hectares que o país conta com boas condições para o plantio de cultivos de verão. A superfície restante foi para a soja (69%), girassol (5,1%), sorgo (3,5%) e amendoim (1,5%).
"Não há risco de desabastecimento e se conta com uma vantagem competitiva de dispor de uma matéria prima a um preço muito bom", indica o documento, que também adverte que para atrair investimentos - além de excedentes - se requer energia, infraestrutura de transporte, financiamento de longo prazo, acesso a mercados externos e marcos regulatórios estáveis.
Na Argentina, cerca de 45 departamentos de províncias geram mais de 95% do excedente. Todos produzem um volume anual de milho que supera, ao menos, em mais de 150.000 toneladas o consumo nas regiões. Deste grupo, há uma dezena que se destaca por superar a demanda em 500.000 toneladas ao ano, que se encontra em Córdoba, Santa Fe, Santiago del Estero e Buenos Aires.
Na safra atual, a área plantada com milho aumentou, o que deverá gerar uma produção maior em 20%. Nesse contexto, o excedente registrará um forte salto - passaria de 18 milhões para cerca de 23 milhões de toneladas;
Os economistas apontam que o potencial de crescimento da produção do cereal é muito grande, tanto por melhora de produtividade quanto por aumento de área, ainda que seja preciso uma mudança no sistema de produção com maior prática de rotação de cultivos, que terá mais participação do milho.
Somente em sete das 20 províncias com consumo de bioetanol há um déficit de milho. São elas: Entre Ríos, Mendoza, Río Negro, San Juan, Neuquén, Corrientes e La Rioja. Todas somam 950.000 toneladas, um número muito pequeno em relação ao excedente geral argentino.
Tradução: Izadora Pimenta