Argentina possui potencial para "roubar" fatias de mercado do milho dos Estados Unidos e do Brasil

Publicado em 14/11/2016 09:58

Ao mesmo momento em que os Estados Unidos se prepara para a entrada de uma superssafra no mercado, mantendo a preocupação pelos preços das commodities, a economia agrícola da Argentina está revivendo aos poucos.

Por conta das mudanças nas taxas de exportação, os agricultures argentinos estão tirando vantagem das oportunidades de embarques e aproveitando o momento, pois agora possuem mais dinheiro em seus bolsos.

Esta será a primeira safra plantada depois de o governo retirar as taxas de exportação para o milho (anteriormente, de 20%).

Uma vez que a situação para a redução das taxas de exportação para a soja ainda não ocorreu para muitas províncias do país, há um forte otimismo para a nova safra de milho, com indicações de gastos mais altos dos agricultores com a safra.

As vendas de fertilizantes e agroquímicos no país subiu 50%. Outro indicador é o aumento das vendas de picapes, que subiram 30%, estimuladas pela demanda dos agricultures. Adicionado a isso, o crescimento total da agricultura na Argentina para a safra 2016/17 é o maior a nível global, com um aumento de 5%, seguido por 4,6% na Rússia e 4,5% no Cazaquistão.

Um informe privado de uma consultoria baseada em Boston, com presença global, diz que a Argentina possui potencial para roubar fatias de mercado de milho dos Estados Unidos e do Brasil. Por outro lado, analistas dizem que isso talvez não seja possíivel, porque o crescimento da produção argentina pode ser ofuscado pela alta demanda da China pelos produtos dos três países.

Neste cenário, as estimativas mais recentes da Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) apontam que o país poderá ter uma safra total de 36 milhões de toneladas neste ano, o que representa 20% a mais do que em 2015. Ao mesmo tempo, a produção de soja deve chegar a 52,5 milhões de toneladas, o que é menor do que no ano anterior, de acordo com estimativas da Bolsa de Rosário, devido a chuvas recentes nas regiões produtoras.

Don Roose, da U.S. Commodities, de West Des Moines, Iowa, nos Estados Unidos, diz que é importante lembram que a nova safra da Argentina não estará disponível no mercado até abril.

"Eu penso que a Argentina terá uma fatia de mercado bem limitada, porque os produtores americanos serão muito agressivos nas vendas de milho. Isso deve manter os preços baixos", disse Roose.

Para Esteban Copati, analista da BCBA, existem razões para ser otimista a respeito da nova safra de milho e das safras seguintes por conta do aumento de área e da retirada das taxas. "Há boas condições de plantio, depois de um ano de El Niño. As condições climáticas devem ser favoráveis agora", diz Copati. O milho argentino possui 38% da área plantada.

Ramiro Costa, economista-chefe, também da BCBA, diz que esta safra e as próximas serão diferentes em termos de mercado porque os agricultores argentinos vão parar de reter grãos, uma vez que o momento é bom para as vendas.

Exportações de milho

Gustavo López, diretor da consultoria Agritrend, acredita que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) está certo em prever que a Argentina deve exportar cerca de 22 a 23 milhões de toneladas neste ano comercial. "A Argentina estará muito próxima do Brasil em termos de porcentagem no mercado global. Será um aumento de 17% para 17,5% na participação total no mercado, o que não é tão alto".

Tradução: Izadora Pimenta

 

Fonte: Agriculture.com

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