Primeiro-ministro britânico adia metas climáticas do Reino Unido

Publicado em 20/09/2023 16:32 e atualizado em 20/09/2023 17:09

Por Kate Holton e William James

LONDRES (Reuters) - O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, diluiu os compromissos do Reino Unido para combater as mudanças climáticas nesta quarta-feira, adiando as metas de troca de carros e aquecimento doméstico para manter o apoio popular no processo de mudança para reduzir as emissões líquidas a zero.

Sunak disse que o seu governo continua comprometido com a meta juridicamente vinculativa de atingir emissões líquidas zero até 2050, mas disse que o governo pode se dar ao luxo de desacelerar seu progresso porque já está "muito à frente de todos os outros países do mundo".

Para aliviar o que descreveu como "custos inaceitáveis" para as famílias britânicas, ele adiou a proibição de novos carros a gasolina e diesel de 2030 até 2035, desacelerou a velocidade de transição para bombas de calor a partir de caldeiras a gás nas residências e disse que não forçaria nenhuma família a melhorar o isolamento térmico residencial. 

Sunak disse que foi forçado a mudar a política porque os governos anteriores agiram muito rapidamente no estabelecimento de metas de emissões líquidas zero, sem garantir o apoio do público.

“Se continuarmos neste caminho, corremos o risco de perder o povo britânico e a reação resultante não seria apenas contra políticas específicas, mas contra a própria missão mais ampla”, disse ele em uma coletiva de imprensa.

Relatos de que Sunak deveria diluir algumas das metas de emissões líquidas zero do país atraíram o desprezo de ativistas ambientais e empresas que produzem de tudo, desde carros a painéis solares, pontos de carregamento de veículos elétricos e energia.

Lisa Brankin, presidente da Ford Reino Unido, foi contundente sobre a mudança na meta de carros EV para 2030: "Nosso negócio precisa de três coisas do governo do Reino Unido: ambição, comprometimento e consistência. Um relaxamento (da meta) de 2030 prejudicaria todos os três."

As empresas e os ativistas ambientais afirmaram que a histórica descarbonização da economia representa uma oportunidade para estimular o investimento e o crescimento econômico, e criar empregos bem remunerados, incluindo em antigas cidades industriais.

Mas com eleições nacionais previstas para o próximo ano, Sunak parece apostar que a redução de algumas políticas verdes conquistará os eleitores que lutam contra uma inflação resistente e elevada e um crescimento econômico estagnado.

(Reportagem adicional de Elizabeth Piper, Kylie MacLellan, Suban Abdulla, William James, Susanna Twidale, Muvija M, Nick Carey, Sachin Ravikumar, Sarah Young, Gloria Dickie)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Tocantins oferecerá R$2,5 bilhões em créditos de carbono
Anfitrião da COP29, Azerbaijão ataca Ocidente por críticas a seu setor de petróleo e gás
Materiais de energia limpa podem ser problema futuro, diz pesquisadora
Desmatamento na Amazônia cai 30,6% em um ano
Medida provisória destina R$ 938 milhões para ações de combate à seca e a incêndios florestais
Governo brasileiro lança plataforma para acelerar investimento sustentável
undefined