Nanosatélites que captam ondas próximas ao infravermelho são ideais para monitorar desmatamento e queimadas

Publicado em 16/05/2023 14:52
Durante seminário da Mundogeo Connect 2023, especialista em tecnologia explicou como usar este recurso no controle ambiental é essencial para preservar os biomas brasileiros

O Brasil é um país de clima predominantemente tropical e, apesar de contar com diferentes biomas em sua extensão, boa parte do nosso território fica encoberto por nuvens durante o ano. Então, como satélites que enviam fotografias “comuns” podem determinar de forma precisa em quais áreas houve alteração na vegetação natural?

Na verdade, eles não podem. Durante o evento Mundogeo Connect 2023, dentro do Seminário Geotecnologias no contexto do meio ambiente e créditos de carbono, no bloco “Nanosatélites no combate ao desmatamento e queimadas ilegais”, que aconteceu no dia 11 de maio, o especialista em tecnologia e CEO da AgTech SciCrop, José Damico, explicou o porquê.

De acordo com ele, o ideal para monitorar o desmatamento e as queimadas em diferentes regiões e períodos é a combinação das imagens geradas pelos satélites com instrumentos óticos multiespectrais, que captam um conjunto de comprimento de ondas próximos do infravermelho, com imagens construídas por nanossatélites que captam dados de radar.

Os nanosatélites são formados por pequenos “cubos” de 10 cm cúbicos. Eles podem ser lançados e entrar em órbita por uma fração do custo de grandes satélites com centenas de quilos, apesar do baixo custo quando comparados aos satélites maiores, geram imagens digitais de alta nitidez, nas quais cada pixel representa uma área de 10 x 10 metros e até menos.

“As áreas mais suscetíveis às queimadas e desmatamento têm muitas nuvens encobrindo-as, o que dificulta o entendimento por imagens comuns. Por isso, o monitoramento por satélites óticos necessita de complemento dos nanosatélites com instrumentos SAR (synthetic aperture radar), pois eles conseguem medir alturas de cobertura florestal mesmo com as nuvens no céu, assim como outras variáveis geométricas. Além disso, por se tratar de uma tecnologia de radar, a cada passagem do satélite é possível revelar onde há floresta e desmatamento de forma rápida independente de índices vegetativos”, pontua o especialista.

Por fim, Damico destaca outro uso do SAR para detectar diferentes tipos de práticas que podem ser consideradas crimes ambientais. Ele ressalta que o uso de nanossatélites é inclusive extremamente útil para detecção de cicatrizes de fogo de áreas desmatadas para plantio.

Fonte: SciCrop

NOTÍCIAS RELACIONADAS

COP29: organizações sociais apontam falhas em regras de financiamento
Tocantins oferecerá R$2,5 bilhões em créditos de carbono
Anfitrião da COP29, Azerbaijão ataca Ocidente por críticas a seu setor de petróleo e gás
Materiais de energia limpa podem ser problema futuro, diz pesquisadora
Desmatamento na Amazônia cai 30,6% em um ano
Medida provisória destina R$ 938 milhões para ações de combate à seca e a incêndios florestais
undefined