Negociações sobre clima global promovem medidas para reduzir metano e desmatamento
Por Jake Spring e William James
GLASGOW (Reuters) - Os líderes da conferência global do clima COP26 em Glasgow se comprometeram a interromper o desmatamento até o final da década e reduzir as emissões do potente gás metano do efeito estufa.
Enquanto as grandes potências trocam culpas pela incapacidade do mundo de chegar a um acordo sobre reduções rápidas no uso de combustíveis fósseis para limitar o aquecimento global a níveis controláveis, há pelo menos sinais de determinação em outras áreas.
Quase 90 países se juntaram a um esforço liderado pelos EUA e pela União Europeia para reduzir as emissões de metano em 30% até 2030 em relação aos níveis de 2020, disse um alto funcionário do governo Biden antes de um anúncio formal na terça-feira.
O metano tem vida mais curta na atmosfera do que o dióxido de carbono, mas é 80 vezes mais potente no aquecimento da Terra. Como resultado, reduzir as emissões do gás, que se estima ter respondido por 30% do aquecimento global desde os tempos pré-industriais, é uma das formas mais eficazes de desacelerar as mudanças climáticas.
O Compromisso Global do Metano, que foi anunciado pela primeira vez em setembro, agora inclui metade dos 30 principais emissores de metano, respondendo por dois terços da economia global, de acordo com o funcionário dos EUA.
Entre os novos signatários a serem anunciados nesta terça-feira está o Brasil - um dos cinco maiores emissores mundiais de metano, gerado no aparelho digestivo das vacas, nos resíduos de aterros e na produção de óleo e gás. Três dos outros - China, Rússia e Índia - não se inscreveram, enquanto a Austrália disse que não apoiará a promessa.
A humanidade também aumentou os gases de efeito estufa na atmosfera ao derrubar as florestas que absorvem cerca de 30% das emissões de dióxido de carbono, de acordo com a organização sem fins lucrativos World Resources Institute.
Em 2020, o mundo perdeu 258.000 km2 de floresta - uma área maior do que o Reino Unido, de acordo com o Global Forest Watch do WRI.
'MASSACRE DE SERRA DE CORRENTE'
Mais de 100 líderes nacionais se comprometeram na segunda-feira a deter e reverter o desmatamento e a degradação da terra até o final da década, sustentados por US$ 19 bilhões em fundos públicos e privados para investir na proteção e restauração de florestas.
"Vamos acabar com este grande massacre global de motosserras fazendo com que a conservação faça o que sabemos que pode fazer e também forneça empregos e crescimento sustentáveis a longo prazo", disse o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
A COP26 visa manter viva a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais para evitar danos ainda maiores das ondas de calor intensificadas, secas, tempestades, inundações e danos costeiros que a mudança climática já está causando.
Sob o acordo, 12 países se comprometeram a fornecer US$ 12 bilhões de financiamento público entre 2021 e 2025 para os países em desenvolvimento restaurarem terras degradadas e combater os incêndios florestais.