Frustrados com negociações climáticas, ativistas jogam esterco diante de cúpula da ONU em Madri
MADRI (Reuters) - Ativistas ambientais jogaram esterco de cavalo e fizeram simulações do lado de fora do local onde era realizada a cúpula climática da ONU em Madri neste sábado, expressando sua frustração com o fracasso dos líderes mundiais em tomar medidas significativas contra o aquecimento global.
Lideradas pelo grupo Extinction Rebellion, as ações foram programadas para coincidir com o encerramento da cúpula COP25, onde os negociadores não conseguiram chegar a um acordo sobre como implementar o acordo climático de Paris de 2015.
"Assim como reorganizar as espreguiçadeiras no Titanic, essa brincadeira da COP de contabilidade de carbono e negociação do Artigo 6 não é proporcional à emergência planetária que enfrentamos", disse o Extinction Rebellion em comunicado.
Doze membros do grupo estavam em blocos de gelo derretendo, com laços apertados em volta do pescoço para simbolizar os 12 meses restantes até a próxima cúpula, quando o acordo de Paris entra em uma fase de implementação.
Anexada à pilha de esterco havia uma pequena mensagem para os líderes dizendo "a merda para aqui".
Em contraste com um protesto realizado no final de semana passado, no qual centenas de manifestantes bloquearam uma das ruas comerciais centrais de Madri para uma dança de discoteca em massa, o clima no encontro foi contido.
"Mesmo que eles cheguem a um acordo, ainda não é suficiente. Esta é a 25ª COP que eles tiveram e nada mudou realmente", disse à Reuters a manifestante Emma Deane do seu lugar no topo de um bloco de gelo, segurando sua filha nos braços.
Cúpula do clima da ONU gera preocupação com resistências a ações ousadas
MADRI (Reuters) - As principais economias resistiram a apelos por compromissos climáticos mais ousados na cúpula do clima da ONU em Madri, que caminhava em direção a uma conclusão tardia neste sábado, diminuindo as esperanças de que os países possam agir a tempo de interromper o aumento das temperaturas que está devastando populações e meio ambiente.
Com o encontro de duas semanas se estendendo para o fim de semana, ativistas e muitos delegados criticaram o Chile, que preside as negociações, por elaborar um esboço do texto de cúpula que, segundo eles, arrisca reverter o Acordo de Paris de 2015 para combater o aquecimento global.
"Em um momento em que os cientistas se alinham para alertar sobre consequências terríveis se as emissões continuarem aumentando e as crianças em idade escolar estão tomando às ruas aos milhões, o que temos aqui em Madri é uma traição a pessoas em todo o mundo", disse Mohamed Adow , diretor do Power Shift Africa, uma entidade de clima e energia em Nairóbi.
A maratona anual climática deveria ter terminado na sexta-feira, mas se arrastou, com ministros envolvidos em várias disputas sobre a implementação do Acordo de Paris, que até agora não conseguiu deter a marcha ascendente das emissões globais de carbono.
Participantes de longa data das negociações expressaram indignação com a falta de vontade dos principais poluidores em mostrar ambição proporcional à gravidade da crise climática, após um ano de incêndios, ciclones, secas e inundações.
A União Europeia, pequenos Estados insulares e muitas outras nações pediram que a decisão de Madri sinalize que os mais de 190 países que participam do processo de Paris apresentarão promessas mais ousadas para reduzir as emissões no próximo ano.
O acordo entra em uma fase crucial de implementação em 2020, quando os países devem aumentar suas metas antes da próxima grande rodada de negociações, em Glasgow.
Se grandes economias como China, Índia, Japão, Brasil, Austrália e outras não concordarem com uma ação climática mais significativa em breve, os cientistas dizem que as esperanças já pequenas de evitar aumentos catastróficos de temperatura desaparecerão.
Embora nenhuma economia avançada ainda esteja no caminho certo para o tipo de ação que os cientistas dizem ser necessário para direcionar o clima para um caminho mais seguro, todos os 28 Estados membros da UE, exceto a Polônia, concordaram em Bruxelas na quinta-feira em atingir emissão líquida zero até 2050.
Protestos violentos agitam a Índia pelo 4º dia por causa da lei de cidadania
KOLKATA/LUCKNOW (Reuters) - Manifestantes no leste da Índia atearam fogo a mais de uma dúzia de ônibus e vandalizaram pelo menos seis estações ferroviárias no sábado, quando protestos violentos contra uma nova lei de cidadania continuavam pelo quarto dia consecutivo.
O governo do primeiro-ministro Narendra Modi diz que a nova lei salvará minorias religiosas como hindus e cristãos das perseguições nos vizinhos Bangladesh, Paquistão e Afeganistão, oferecendo-lhes um caminho para a cidadania indiana. Mas críticos afirmam que a lei, que não traz a mesma disposição para muçulmanos, enfraquece as fundações seculares da Índia.
A promulgação da lei provocou protestos em toda a Índia, mas a parte oriental do país, onde os movimentos contra imigrantes de Bangladesh se agitam há décadas, está entre as mais atingidas.
No sábado, manifestantes queimaram pelo menos 15 ônibus em uma via expressa no Estado de Bengala Ocidental, cerca de 20 km da capital do Estado, Calcutá, retendo o tráfego por várias horas, disseram dois policiais.
Pelo menos meia dúzia de estações ferroviárias no Estado foram vandalizadas e incendiadas, levando ao cancelamento de muitos trens de longa distância, disse à Reuters Sanjoy Ghosh, diretor de relações públicas da South Eastern Railway, acrescentando que é difícil afirmar quando os serviços normais seriam retomados.
No Estado mais populoso da Índia, Uttar Pradesh, no norte do país, os estudantes da Universidade Aligarh Muslim (AMU), uma instituição proeminente criada em 1920, protestaram contra a lei da cidadania e mobilizavam os muçulmanos com convites para um ato maior no domingo.
Protestos também foram realizados em várias outras cidades de Uttar Pradesh, incluindo a cidade sagrada hindu de Prayagraj, cujo nome anterior Allahabad foi alterado pelo governo nacionalista hindu do Estado em 2018.
Milhares participam do maior protesto em anos na capital da Tailândia
BANGCOC, (Reuters) - Milhares de pessoas participaram do maior protesto da Tailândia desde o golpe de 2014 no sábado, depois que as autoridades decidiram proibir um partido que reúne opositores ao governo do ex-comandante militar Prayuth Chan-ocha.
A manifestação em Bangcoc, convocada apenas um dia antes pelo líder do partido Future Forward, Thanathorn Juangroongruangkit, um bilionário de 41 anos, fez lembrar os protestos de rua que assolaram a capital tailandesa periodicamente durante as duas últimas décadas de turbulência política.
Mas não havia sinal de qualquer tentativa de bloquear a maior manifestação desde que Prayuth tomou o poder em 2014 com promessas de acabar com essa agitação.
"Isso é apenas o começo", disse Thanathorn à multidão que se espalhou pelas passarelas e escadas próximas ao shopping MBK Center, no coração do distrito comercial e de negócios de Bangcoc.
Thanathorn surgiu como o oponente mais explícito do governo liderado por Prayuth, de 65 anos, desde uma eleição em março que a oposição disse ter sido manipulada para favorecer o Exército.
O painel eleitoral da Tailândia pediu à Corte Constitucional que dissolva o partido Future Forward, acusando-o de infringir as leis que regem os partidos políticos ao aceitar doações milionárias de Thanathorn.