Santa Catarina amplia cobertura de mata nativa no meio rural
Santa Catarina alia produção agrícola e preservação ambiental. Um estudo realizado pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), comparando os números do Censo Agropecuário de 1980 e 2017, demonstrou as mudanças que ocorreram na área agrícola do estado em quase 40 anos. Santa Catarina conseguiu se tornar um gigante do agronegócio brasileiro, aumentando a produtividade, reduzindo a área de lavouras e cuidando das florestas nativas. Hoje, a mata nativa ocupa 26,2% da área das propriedades rurais catarinenses, o maior índice desde 1970, início da série histórica e quando começou a expansão agrícola no estado.
Atualmente, as propriedades rurais ocupam 67,3% do território catarinense, são 6,4 milhões de hectares destinados à produção agropecuária. Dessa área, 40,4% estão cobertas de florestas nativas ou plantadas (2,6 milhões de hectares); 28,4% são utilizadas para pastagem (1,8 milhões de hectares) e 22,9% para lavouras (1,5 milhão de hectares).
“Santa Catarina mostra que é possível produzir mais alimentos e diminuir a pressão sobre os recursos ambientais. A nossa intenção é fazer com que a produção agropecuária ande de mãos dadas com a preservação ambiental. Essa transformação observada no meio rural catarinense tende a ser cada vez maior. A expectativa é de que a produção de alimentos aumente ainda mais nos próximos anos, em áreas menores e com florestas nativas mais extensas”, explica o Secretário da Agricultura e da Pesca, Ricardo de Gouvêa.
Segundo análise da Epagri/Cepa, houve uma redução na área total de lavouras e pastagens nas últimas décadas em Santa Catarina. Ao mesmo passo que as terras ocupadas com matas nativas e plantadas vêm aumentando ao longo do tempo. Hoje, Santa Catarina tem uma cobertura 20% maior de mata nativa do que nos anos 80, com 278,8 mil hectares a mais de vegetação natural. Sem contar a área destinada às florestas plantadas, que também aumentou 145,4% no mesmo período.
De acordo com o analista da Epagri/Cepa, Luiz Toresan, a tendência é de que as áreas de floresta nativa aumentem ainda mais ao longo dos anos devido à regeneração de novas áreas e também à legislação que impede o desmatamento em áreas maiores.
Produção e preservação
Com matas preservadas e uma área menor destinada às culturas anuais, os produtores catarinenses investiram em tecnologias para aumentar a produtividade. Um bom exemplo é a queda de 27,8% na área plantada de grãos, entre 1980 e 2017, e o aumento de 106% na quantidade produzida.
Essa relação acontece também com o milho, um dos grãos mais importantes para o agronegócio catarinense, a produção aumentou 46,3% nesse período mesmo com uma área 54,8% menor. A explicação é o aumento na produtividade das lavouras pelo uso de mais tecnologia. Os produtores, que colhiam 2,3 toneladas de milho por hectare em 1980, passaram a ter uma das maiores produtividades do Brasil com 7,5 toneladas por hectare.
No caso da soja, os produtores ampliaram a área plantada em 24,8% e o crescimento na produção foi de 261,5%, com uma produtividade três vezes maior. As estimativas da Epagri/Cepa apontam para uma produtividade média cada vez maior nas lavouras catarinenses, já que muitos produtores ainda podem obter um rendimento melhor por hectare.
De 1980 a 2017, a área ocupada com pastagens também perdeu espaço, com diminuição de 39,4% nas pastagens nativas. Contudo, as pastagens plantadas, destinadas à produção de carne e leite, aumentaram 15,5% no mesmo período.
Postos de trabalho
A diminuição na área plantada, as economias de escala, o crescente uso de tecnologias tiveram impacto direto também no número de postos de trabalho gerados pela agropecuária catarinense. Em 1980, eram 858,7 mil pessoas ocupadas. Esse número passou para 497,8 mil pessoas em 2017 – redução de 42%.
“A tendência é de termos um meio rural cada vez mais profissionalizado, com uso de tecnologias que permitam produzir mais alimentos em áreas menores e utilizando menos mão de obra. Essa é uma tendência mundial e não será diferente em Santa Catarina. O que queremos construir é um meio rural competitivo, que gere renda e qualidade de vida para quem permanecer no campo. Queremos continuar sendo uma referência na produção de alimentos de qualidade e na preservação dos recursos naturais”, destaca o secretário Ricardo de Gouvêa.