Produtores rurais serão motivados a preservar nascentes
Para garantir água de qualidade e suficiente para atender as necessidades do campo, da cidade e da rica biodiversidade brasileira é necessário preservar as nascentes. Com o objetivo de orientar o produtor rural e estimular a proteção ambiental, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC) firmou parceria com a Cooperativa Central Aurora Alimentos para expandir o programa Nacional de Proteção de Nascentes. Serão ministrados 50 treinamentos, mediante investimento de R$ 100 mil. A iniciativa foi idealizada pela Confederação da Agricultura do Brasil (CNA) e o Senar, e visa proteger uma nascente em um dia, com cinco passos: identificar a nascente; cercar; limpar a área; controlar a erosão e replantar espécies nativas.
Estratégias de como viabilizar o programa nas cooperativas, metas de número de treinamentos realizados no ano e definição de ações complementares para otimizar os resultados nas propriedades rurais foram debatidas, na última semana, durante reunião no Frigorífico Aurora Chapecó II (Antigo Saic), em Chapecó. Participaram do encontro os coordenadores do programa de Olho na Qualidade Rural, ação que integra o Encadeamento Produtivo desenvolvido pelo Sebrae/SC em parceria com a Cooperativa Central Aurora Alimentos, Senar, Sescoop, Sicoob, Fundação Aury Luiz Bodanese, Cooperalfa, Itaipu, Auriverde, Coolacer, Copérdia, Caslo, Cooper A1 e Coopervil.
O programa Nacional de Proteção de Nascentes em parceria com as cooperativas será executado pelo Senar/SC, responsável pela contratação dos prestadores de serviço em instrutoria, entrega do material didático e alimentação dos responsáveis. A mobilização dos empresários rurais será feita pelas cooperativas que encaminharão às solicitações de treinamento aos Sindicatos Rurais dos municípios.
De acordo com o coordenador da área de assessorias de filiadas na Aurora Alimentos,Joel José Pinto, neste primeiro momento serão identificados nos programas QT Rural e De Olho os produtores rurais que possuem nascentes e que não estejam protegidas para formar as equipe de capacitação. “Nossa meta para 2016 é de realizar 50 treinamentos, com o resgate de vários mananciais de água. Posteriormente, a ação poderá ser estendida a outros programas como o Leite Legal, Propriedade Sustentável, Suíno Ideal e Frango Ideal”, observou.
No treinamento, com 8 horas/aula, serão apresentados os conteúdos sobre a importância da água, legislação ambiental, segurança e saúde no trabalho, cuidados com o meio ambiente, tipos de nascentes e formas de proteção. “Manter a nascente preservada minimiza os riscos de erosão, poluição ou outros acidentes naturais ou provocados pela intervenção humana. Desta maneira, a preservação é necessária para manter a qualidade, quantidade e regularidade da água, indispensável para a vida e a produtividade”, explica o superintendente do Senar/SC, Gilmar Antônio Zanluchi.
O vice-presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos, Neivor Canton, destacou a importância de empreender o programa no sistema cooperativo. “Essa iniciativa vem ao encontro aos princípios do cooperativismo e agrega aos programas já realizados nas propriedades rurais. Por isso, vamos traçar metas e estimular os parceiros para que assumam esse compromisso, uma vez que água não pode ser vista como problema, mas sim como solução”, argumentou.
CINCO PASSOS
Nas propriedades rurais são desenvolvidas atividades que incluem os cinco passos do programa. Primeiro é necessário conhecer e identificar o tipo de nascente para definir o melhor caminho para sua proteção. Há três tipos de nascentes: de fundo de vale (brejo), também conhecida como olho d’água, que é proveniente do afloramento à superfície do lençol freático nas depressões do terreno; de encosta pode ser derivada de aquíferos empoleirados e seu fluxo pode ser temporário ou perene; de contato ou anticlinal manifesta-se na superfície, em virtude das falhas geológicas nas ondulações convexas.
O segundo passo compreende cercar a nascente para impedir danos causados por animais, homens ou veículos. Para isso é necessário observar a cobertura de vegetação nativa do seu entorno em até 50 metros. A medida minimiza os riscos de erosão, poluição ou outros acidentes naturais ou provocados pela intervenção humana.
Na terceira etapa faz-se a limpeza da área, com retirada do material excedente (plástico, garrafa, resto de comidas, e plantas invasoras) e cuidado para não expor o solo.
Controlar a erosão é o quarto passo. Existem várias técnicas para impedir que enxurradas soterrem a nascente ou ocorra a compactação exagerada do solo que impeça a infiltração da água. O último passo compreende preparar o terreno e adubar as covas onde serão plantadas as mudas de espécies nativas, que garantirá a estabilidade do solo e a produção com qualidade e em quantidade. Para distribuir as plantas, a melhor técnica é imitar a natureza, reproduzindo a vegetação original.