Governos adotam visão otimista de projeções climáticas antes da COP-21
Por Alister Doyle
OSLO (Reuters) - Na iminência da cúpula climática da Organização das Nações Unidas (ONU) na semana que vem em Paris, conhecida como COP-21, muitos governos estão citando estudos científicos que indicam que seus planos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2030 ficarão 0,7 grau Celsius acima da meta combinada de 2 graus Celsius para limitar o aquecimento global neste século.
Mas os estudos que eles escolheram para mencionar são só os mais otimistas de uma série de projeções, e supõem que os governos farão cortes de emissões ainda mais profundos depois de 2030, o que está longe de ser uma certeza.
Sem ação, uma comissão científica da ONU estima que a média das temperaturas de superfície globais em 2100 ficará em torno de 4,8 graus Celsius acima da era pré-industrial, aumentando dramaticamente a frequência de eventos climáticos extremos e causando a elevação do nível dos mares.
Para evitar o pior destes efeitos, um teto de 2 graus Celsius foi acordado, e cerca de 170 governos submeteram planos nacionais, a serem apresentados na cúpula entre 30 de novembro e 11 de dezembro, para conter as emissões a partir de 2020-2030.
Ansiosos para demonstrar que suas políticas irão funcionar, muitos citam duas estimativas segundo as quais os compromissos assumidos até agora podem limitar o aquecimento a 2,7 graus Celsius.
O enviado do clima dos Estados Unidos, Todd Stern, mencionou essa estimativa em um depoimento a um sub-comitê dos Senado dos EUA no mês passado, dizendo que as políticas nacionais simbolizaram "uma mudança poderosa na direção certa".
Christiana Figueres, diretora do Secretariado de Mudança Climática da ONU, resumiu os planos nacionais em um relatório do mês passado afirmando que eles "são capazes de limitar o aumento previsto da temperatura a cerca de 2,7 o Celsius até 2100".
Este ano está a caminho de se tornar o mais quente já registrado, tendo alcançado 1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais.