Situação se agrava entre MT e PA com mais de 4 mil caminhões parados no congestionamento

Publicado em 24/02/2017 08:45
Excesso de chuvas trava escoamento de soja do MT para porto de Miritituba no PA

O caos está instalado na BR-163 no trecho entre Cuiabá/MT e Santarém/PA. O excesso de chuvas das últimas semanas tem dificultado o escoamento de grãos do Centro-Oeste para o porto de Miritituba, no Pará. As precipitações combinadas às más condições da rodovia BR-163 criaram um caminho intransitável, congestionamento de caminhões e a soja da nova safra espalhada pelas estradas. 

Como explica Luis Felipe Di Domenico, diretor da DDB Agronegócios, de Guarantã do Norte até os terminais de Miritituba são cerca de 700 quilômetros e desses, aproximadamente, 150 são de estradas de chão, sem asfalto. E onde há asfalto, há pontes de madeira que estão caindo. "Ou seja, concluíram o asfalto, não as pontes. Tem um atoleiro de 35 km com uma fila de mais de 50 quilômetros entre 3 Boeiros e o Caracol", diz. 

Assista também a entrevista com Edeon Vaz Ferreira - Movimento Pró-logística quer Exército na BR-163 para organizar tráfego e liberar escoamento da safra de soja de MT

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o diretor-executivo da Associação dos Transportadores de Carga de Mato Grosso (ATC-MT), Miguel Mendes, afirmou que nesta sexta-feira (24) está sendo realizada uma reunião de emergência no Palácio do Planalto para que seja traçado um plano de ação para amenizar a situação na rodovia Cuiabá-Santarém. São cerca de 4 mil a 5 mil caminhões no congestionamento. 

Segundo Mendes, estarão reunidos a cúpulo do governo, o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), o Ministério dos Transportes, a Polícia Rodovia e mais lideranças e autoridades com o objetivo de definir uma estratégia para que ao menos as obras emergenciais comecem a ser realizadas. "E já há uma solicitação também da suspensão das ordens de carregamento na região. A orientação é de que não mandem mais caminhões para lá porque a situação ainda é muito séria, muito crítica", diz. 

Tanto Mendes, quanto Domênico relatam ainda a situção preocupante em que se encontram as pessoas. Há caminhoneiros com suas famílias no local, "em condições degradantes", segundo o diretor da ATC-MT. "Os motoristas estão sem dinheiro para comer, coletando água da chuva para beber, fazer comida e tomar banho. As tradings e transportadoras maiores estão fornecendo alimentação onde chegam os veículos", disse o diretor da DDB. 

E os problemas no pós colheita, em meio a este caos, se multiplicam. "O Nortão de Mato Grosso já está sem espaço para recebimento. Justamente em um momento crítico, onde estamos colhendo soja com um alto grau de avariados, devido as chuvas da semana passada e que pode  comprometer a qualidade do grãos dentro dos armazéns", diz Domênico. "E o fato mais grave é que está iniciando a safra de arroz no MT e os armazéns estão sem espaço físico para receber este produto, que é a principal fonte de nossa alimentação", completa. 

O quadro já começa a gerar revolta e protestos, já que o ambiente é de muita tensão e cansaço. Alguns caminhoneiros, justamente para protestar, estão despejando a soja na rodovia. Além disso, imagens mostram caminhões depredados.  

As imagens a seguir são de produtores que estão escoando soja de Mato Grosso para o porto paraense. Os municípios de Trairão e Novo Progresso, no estado da região Norte, já decretaram situação de emergência e há, até mesmo, comunidades isoladas devido à essa situação. Há muitos trechos, afinal, onde as rodovias ainda não foram asfaltadas. 

Um vídeo que já corre as redes sociais mostra a enorme fila de caminhões no trecho Cuiabá-Santarém. 

As lideranças do setor, como a Aprosoja MT, já está levantando as informações e se reunindo para tentar amenizar os efeitos desses problemas.

Segundo o caminhoneiro Danilo Júnior Gigliott, que também enfrentou o problema, o cenário se agravou na região e muitos motoristas e suas famílias já passam necessidades. "Há muitas mulheres e crianças no local ainda e caminhões pipas estão ajudando no abastecimento de água", destaca. O caminhoneiro demorou 6 dias para percorrer um trajeto de 35 km na região. "Fiquei a semana anterior parado tentando concluir o percurso de Sinop (MT) até Miritituba (PA)", completa.

Veja ainda:

Na Folha Progresso: Revolta – Motorista descarrega soja na rodovia BR-163

Na manhã desta quinta-feira (23), um caminhoneiro despejou uma carga de soja na rodovia e foi seguido por outros que estão na mesma situação, abandonados na rodovia BR-163.

Segundo o caminhoneiro, ele transportava a carga para Miritituba, esta há 15 dias na rodovia sem poder seguir viagem, a única coisa que tem é a solidariedade de fazendeiros que estão abatendo bovinos para alimentar os motoristas ao contrário estariam passando fome,  o Governo nada faz e a situação cada dia piora, reclamou via WhatsApp ao Jornal Folha do Progresso. “Vou embora deste lugar, nunca mais volto aqui neste inferno , o frete pode custar 100 mil  a tonelada eu não venho mais neste lugar do capeta”, em áudio declarou o motorista enraivecido! “Eles estão descarregando soja para chamar atenção das autoridades”.

Leia a notícia na íntegra no site da Folha Progresso

No G1 PA: Atoleiro em trecho da rodovia BR-163 provoca 50 km de congestionamento

O grande atoleiro formado no trecho da rodovia BR-163, que fica entre os municípios de Trairão e Novo Progresso, no sudeste do Pará, provoca um congestionamento de 50 quilômetros. Todos os tipos de veículos estão com dificuldades de passar pelo local.

As péssimas condições da rodovia já prejudicam o transporte de grãos entre o Mato Grosso e o porto de Miritituba, em Itaituba, no sudoeste do Pará. Os caminhoneiros não conseguem seguir viagem e muitos estão parados na estrada há cinco dias.

De acordo com o decreto, o trecho que não é asfaltado da Cuiabá-Santarém está intrafegável e deixa as comunidades sem ter acesso à sede do município, o que já está provocando desabastecimento de alimentação, combustível e água. Alunos estão sem transporte escolar.

Leia a notícia na íntegra no site do G1 PA

Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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