Lei de 1934 e burocracia atrasam movimento de contêineres em Santos

Publicado em 10/06/2016 07:19

Contêineres que chegam ao Brasil podem perder até 10 dias parados nos portos sem necessidade, em parte por causa de uma lei de 1934 que jamais foi alterada.

Somente no porto de Santos (SP), o maior do país, a burocracia da Vigilância Agropecuária e da Receita Federal causa perdas estimadas em R$ 57 milhões por ano em atrasos no transporte e pagamentos de custos desnecessários.

O diagnóstico foi apresentado em auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) que determinou providências da Receita Federal e da Vigilância Agropecuária do Ministério da Agricultura para que atualize sistemas de informática e a legislação para evitar a lentidão na liberação das cargas.

Em 2015, o país movimentou 4 milhões de contêineres cheios. Essas embalagens são a cada ano mais utilizadas para transportar mercadorias porque facilitam a movimentação. Produtos que antes seguiam soltos em navios, agora, vão dentro dos contêineres.

A velocidade da movimentação dos contêineres é fundamental para baratear custos do setor produtivo. Por causa da demora dos portos brasileiros nessa movimentação, o país em geral ganha notas baixas em rankings mundiais sobre eficiência do setor portuário. Num deles, do Fórum Econômico Mundial de três anos atrás, o país aparecia entre os 10 piores.

O trabalho feito pelo TCU, relatado pela ministra Ana Arraes, mostrou que a inspeção sanitária obrigatória (devido à possibilidade da entrada de pragas no país) das embalagens de madeiras que separam os produtos nos contêineres atrasa a liberação dos importados em média em 2 dias, causando perdas de R$ 40 milhões/ano só no porto de Santos, onde 35% dos contêineres do país são movimentados.

Essa inspeção é feita em um grande número de embalagens porque, segundo o TCU, não há critério de seleção prévio do Ministério da Agricultura. Parte dos contêineres nem teriam madeira. Além disso, segundo o relatório, não há incentivo para que a madeira seja regularizada fora do Brasil, o que tornaria o processo mais rápido.

Para o Tribunal, isso ocorre porque a punição prevista para quem estiver com madeira irregular está numa lei de 1934 com valores escritos ainda em réis (1:000$000 era o máximo) que nunca foram atualizados. O órgão diz que há 10 anos já determinou que o Ministério da Agricultura proponha a atualização da legislação, o que ainda não foi feito.

"Enquanto a burocracia está ocorrendo, a carga está pagando para ficar armazenada", reclama André de Seixas, presidente da Usuport, associação que defende os usuários de portos no país, que sugere que os procedimentos de liberação dos contêineres comecem quando a carga entra no navio, ainda fora do país, como já ocorre em outros países.

Outro problema está em sistemas da Receita Federal, considerados de baixa eficiência. De acordo com o levantamento, que visitou terminais em todo o país, a Receita ainda usa registros em papel para liberar o contêiner que chega do navio e vai para terminais fora da área do cais. Nesses terminais longe do cais, também há funcionários da Receita para inspecioná­las.

Os sistemas de papel da Receita fazem com que um caminhão demore 4 horas e meia para sair com a carga. Enquanto isso, as empresas que operam dentro da cidade de Santos desenvolveram na sua associação, a Abtra (Associação Brasileira de Terminais Alfandegados), um sistema totalmente eletrônico para fazer o mesmo serviço.

Leia a notícia na íntegra no site Folha de S.Paulo.

Fonte: Folha de S.Paulo

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Rota dos Sertões: ANTT aprova audiência pública para tratar da concessão de trecho estratégico da BR-116 e da BR-324
Armazenagem: Soluções para problema crônico no BR é tema de Seminário Modelo Harvard para produtores brasileiros
Preço do frete por quilômetro cai pela primeira vez desde maio e fecha outubro em R$ 6,40, aponta Edenred Repom
Taxa de juros Selic: especialistas comentam expectativa para decisão do Copom
Fechamento dos portos da costa oeste do Canadá entra no segundo dia
VLI planeja investir R$10,5 bi no Corredor Sudeste e indica alta de 80% no volume em 30 anos
undefined