Leite/Cepea: Preço ao produtor reage diante de captação limitada

Publicado em 22/01/2024 16:08

Depois de cair por seis meses consecutivos, o preço do leite captado em novembro subiu 1,3% na “Média Brasil”, chegando a R$ 1,9981/litro. Esse valor, contudo, é 24,5% menor que o registrado em novembro/22. E, no acumulado de 2023, a queda ainda é de 23,8%, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de novembro/23).

Até outubro, a desvalorização do leite esteve atrelada ao excesso de oferta, em decorrência, por sua vez, do aumento da produção doméstica e das importações crescentes. Porém, a captação dos laticínios tem se desacelerado desde setembro, o que explica a mudança no comportamento dos preços em novembro. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que esse cenário altista deve permanecer pelo menos até o segundo bimestre de 2024, em razão da menor produção.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 0,7% de outubro para novembro, pressionado por recuos mais intensos nos estados do Sul do País. Além da questão climática, as margens espremidas dos pecuaristas explicam a menor produção de leite.

A pesquisa do Cepea mostra que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na “Média Brasil” seguiu em alta em dezembro, registrando aumento de 0,48%. No acumulado de 2023, o COE caiu 4,38% na “Média Brasil” – redução muito inferior à da receita, resultando em margens apertadas para os produtores. O Cepea estima que a margem bruta dos produtores tenha recuado 67% em 2023, o que explica a diminuição dos investimentos na atividade e o enxugamento da oferta (ver seção Custos de Produção, na página 6).

Com a queda no preço do leite, as importações chegaram a perder força em setembro, porém, voltaram a crescer nos meses seguintes, tendo em vista a limitação da captação. Dados da Secex mostram que as compras externas somaram 2,25 bilhões de litros em equivalente leite em 2023, volume 68,8% maior que o adquirido em 2022 (ver seção Mercado Internacional, na página 5).

Mesmo com a alta da matéria-prima, os laticínios não conseguiram fazer o repasse para os canais de distribuição em dezembro, e os preços dos lácteos voltaram a registrar quedas. Segundo colaboradores consultados pelo Cepea, a desvalorização dos derivados se explicou pela maior pressão dos canais de distribuição, aumento da disputa entre laticínios na venda e pela concorrência com os produtos importados. Porém, há indícios de que esse cenário mude em janeiro, diante da maior dificuldade das indústrias em assegurar a captação (ver seção Derivados, na página 4).

Veja o Boletim do Leite completo abaixo: 

Fonte: Cepea

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Leite/Cepea: Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
Comissão Nacional de Pecuária de Leite discute mercado futuro
Brasil exporta tecnologia para melhoramento genético de bovinos leiteiros
Preço do leite pago ao produtor para o produto captado em outubro deve ficar mais perto da estabilidade, segundo economista
Pela primeira vez, ferramenta genômica vai reunir três raças de bovinos leiteiros
Setor lácteo prevê 2025 positivo, mas com desafios
undefined