Campo futuro apresenta resultados da pecuária leiteira

Publicado em 25/10/2022 12:19
Santa Catarina esteve entre os Estados com resultados divulgados na primeira live do Circuito realizada nesta semana

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) iniciou, na segunda (24), o Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro, com a apresentação dos custos de produção da pecuária de leite.

 A primeira live do circuito mostrou os resultados da atividade em 12 municípios de quatro estados brasileiros (Santa Catarina, Sergipe, Pernambuco e Rio de Janeiro). De acordo com os dados coletados, os fatores climáticos e a alta nos custos de produção trouxeram desafios aos produtores e limitaram as margens da atividade no último ano.

Durante o encontro, o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias, afirmou que, com base nos dados analisados, a produtividade segue como fator determinante para a competividade da pecuária de leite.

 “Do ponto de vista da eficiência, é necessário ter uma visão mais abrangente, considerando a eficiência não somente dos animais em produção, mas da mão-de-obra e da terra, no sentido de diluir custos em maiores volumes de produção”, explicou Dias.

O pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Caio Monteiro, apresentou os resultados dos painéis realizados em cada região. Segundo ele, em Santa Catarina, houve uma mudança do perfil produtivo, principalmente no município de Chapecó, em relação ao último painel realizado.

“Em 2019, a propriedade modal trabalhava com o sistema semiconfinado e em 2022 constatamos a transição para o sistema confinado. Entretanto, os animais de Chapecó e também de São Miguel do Oeste ainda não estão demonstrando todo o potencial produtivo para um sistema confinado”, disse Caio.

Já em Sergipe, foram observadas duas realidades distintas no que diz respeito à produtividade. Na propriedade modal de Aracaju, por exemplo, são produzidos 700 litros de leite por dia, e em Nossa Senhora da Glória, 300 litros/dia. “Apesar da diferença, ambos os municípios obtiveram margens bruta e líquida positivas e apresentaram planejamento forrageiro satisfatório para o rebanho”, explicou Monteiro.

Em Pernambuco, nos municípios analisados (Bodocó, Buíque e Garanhuns), o clima foi favorável durante o ciclo de produção e foi observado o uso da palma forrageira como suprimento alimentar, bastante comum na região. Já no Rio de Janeiro, os técnicos do Projeto Campo Futuro constataram um menor grau de especialização em relação às outras regiões, pouco investimento na produção de volumoso, forte influência da pecuária de corte e margens líquidas negativas.

De acordo com o pesquisador do Cepea, foi constatada a presença da palma forrageira e de outras estratégias para conservação de forragens como recurso alimentar na maioria das regiões analisadas. “A silagem é fundamental na pecuária de leite e impacta positivamente nos custos de produção, uma vez que uma boa produção permite ao produtor suprimir a necessidade de compra de volumoso de fora da propriedade e até reduzir o concentrado na alimentação animal”.

Para o assessor da CNA, Guilherme Dias, essa estratégia se torna ainda mais importante no cenário de custos de produção elevados. “As altas nos preços do milho enfrentadas pelos produtores ano passado prejudicaram sobremaneira a produção de leite”, avaliou. Dias ponderou que “o cenário de margens estreitas limitou os investimentos no aumento ou até mesmo na manutenção da produção. O resultado foi uma queda na captação nacional de leite superior à um bilhão de litros no primeiro semestre de 2022, conforme pontuado pelo IBGE”.

O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Samuel Oliveira, também participou da live e apresentou um panorama da atividade leiteira no Brasil e no mundo e pontuou os desafios nos principais países produtores, como a redução do número de fazendas produtoras de leite.

“Nós ainda somos um país com baixa produtividade em relação aos principais países produtores de leite. Entretanto, está havendo uma transformação tecnológica em todas as regiões, que tem impactado no resultado da produção de leite por vaca ao ano”.

Em sua apresentação, Samuel destacou a variação do preço pago ao produtor pelo litro de leite entre janeiro de 2020 a setembro de 2022 e a relação de troca ao produtor, ou seja, quantos litros de leite são necessários para comprar 60 quilos de mistura, sendo 70% composto por milho e 30% por soja. “Os números mostram que atravessamos um período em que os preços pagos ao produtor não foram satisfatórios”.

Por fim, o pesquisador da Embrapa Gado de Leite falou sobre os principais desafios da pecuária leiteira, como a tecnologia e o agrupamento de regiões especializadas na atividade; a gestão da propriedade; custos fixos e a necessidade de diluir os custos variáveis; aumento na escala de produção do delineamento de estratégias para o pagamento aos produtores por serviços ambientais.

Projeto Campo Futuro – É uma iniciativa realizada pela CNA e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em parceria com universidades e centros de pesquisa para levantamento dos custos de produção e geração de informação para o aprimorar a gestão rural, auxiliando o produtor na tomada de decisões no dia a dia na sua atividade. 

Assista a live na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=HrgZYC3T5Sk

Fonte: CNA

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