Dia Mundial do Leite - Atividade sustenta famílias em todos os municípios e alimenta o País

Publicado em 01/06/2021 11:35

O leite é um alimento completo. Fornece cálcio, é rico em proteína e contém inúmeros nutrientes, como o magnésio e a vitamina B12, que contribuem para a redução de diversas doenças. Nesta terça, 1º de junho, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) comemora o Dia Mundial do Leite.

A bovinocultura de leite está presente em todos os municípios. De acordo com o Censo Agropecuário 2017, o Brasil possui 1,1 milhão de propriedades leiteiras. Juntas, produzem cerca de 35 bilhões de litros de leite por ano, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019.

A partir do leite uma série de derivados são produzidos, como queijo, manteiga, requeijão e iogurte, presentes no café da manhã, em receitas e, principalmente, na alimentação infanto-juvenil, participando do desenvolvimento e formação do organismo.

Assim como outras atividades produtivas, a pecuária de leite não é simples nem fácil. O supervisor da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) das cadeias de leite e corte do Senar Goiás, André Milhardes, afirmou que para ter sucesso na atividade, o pecuarista precisa estar atento aos manejos reprodutivo e sanitário dos animais e manter os custos operacionais da propriedade dentro das referências.

“De modo geral, a atividade leiteira tem suas complexidades em todas as etapas. Por exemplo, um bom manejo de cria e cuidados com o bezerreiro na fase inicial garantem um melhor desenvolvimento das fêmeas, que futuramente serão os animais produtivos. Atenção também para a recria, que bem conduzida, a novilha chega com a idade ideal de 24 meses no primeiro parto. Para as vacas em lactação, a atenção é para a nutrição correta”, explicou.

E para quem tem interesse em iniciar na atividade, o supervisor André Milhardes deu algumas dicas: “Busque capacitações, informações e conhecimentos com outros produtores que já estão na atividade; forneça água de qualidade aos animas; faça uma boa produção de volumoso na propriedade em quantidade e qualidade para passar o período seco sem surpresas; quando for adquirir animal para produção procure saber o histórico e forneça para os animais um ambiente com bom conforto térmico”.

A Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA trabalha para defender os interesses do produtor brasileiro e fomentar a cadeia produtiva de lácteos. Algumas propostas do colegiado incluem: articulação de estratégias de seguros para a atividade; mecanismos de proteção às oscilações de mercado, de preços ou de custos; trabalhar estratégias de previsibilidade de mercado e indexação das cotações.

Outro tema importante que a Comissão tem trabalhado são as estratégias e o maior envolvimento em iniciativas de exportação de lácteos. “Precisamos alavancar as exportações brasileiras como uma forma de equilibrar a oferta e demanda e ter previsibilidade de preços“, disse o presidente Ronei Volpi.

Em 2020, o setor comemorou uma conquista importante para o enfrentamento da pandemia do coronavírus: laticínios com o Selo de Inspeção Federal (SIF) foram autorizados a comprar leite de pequenas indústrias com selos de inspeção estaduais ou municipais. A medida foi renovada até 31 de dezembro deste ano, uma vez que a continuidade da pandemia levou a novas restrições nos comércios em todo o país.

Confira o depoimento de alguns produtores:

RICARDO FERREIRA GODINHO

São João Batista do Glória – Minas Gerais

Ricardo e seus irmãos estão envolvidos na pecuária de leite desde 1965, quando o pai começou. Desde então, Ricardo permaneceu na atividade. O fato de gostar e ser uma atividade interessante economicamente, permitindo uma qualidade de vida, foi o que o motivou a continuar o que o pai fazia.

“Cresci em meio às vacas, estudei para trabalhar com o gado. Produzir leite é uma realização pessoal pela continuidade do trabalho iniciado pelo nosso pai, profissional por poder trabalhar com o que se gosta e econômica por ser viável e conseguir pagar as contas”, disse.

Para obter mais sucesso na pecuária de leite, o produtor já participou de vários cursos do Senar, tanto presencial, como a distância.

LISIANE ROCHA CZECH

Teixeira Soares – Paraná

Lisiane Rocha está na bovinocultura de leite desde 1992. Antes, criava gado de corte na propriedade adquirida pelo pai em 1974. “O espaço da propriedade ficou pequeno para a produção de carne, então migrei para o leite. Também fui inspirada por amigas produtoras”.

Para Lisiane, é gratificante ter um produto de qualidade para oferecer de alimento para as pessoas. “Ouvi de uma professora numa capacitação que somos produtores da paz e concordo com ela. Onde não falta alimento, temos paz”.

A produtora do Paraná contou que participa de cursos do Senar junto ao Sindicato Rural de Teixeira Soares. “Nossa propriedade é toda focada nos treinamentos, tanto na área técnica, quanto gestão. Com relação à Assistência Técnica e Gerencial, desde o primeiro curso que fiz, de manejo de gado de leite, formamos um grupo de produtores”.

LEONEL FONSECA

Pelotas – Rio Grande do Sul

Em 1982 Leonel assumiu a propriedade rural, adquirida pelo pai, no município de Pelotas. Além da pecuária de corte, começaram a investir gradativamente na atividade leiteira. “Lembro claramente do dia em que entregamos 50 litros”, disse. Ao longo dos anos, a família usou recursos próprios para investir na produção de leite. “Sempre enxergamos a atividade como negócio. Porém, muitas vezes a paixão se sobrepõe, pois economicamente, por alguns ciclos, a atividade não remunera como deveria”.

Para Fonseca, o modelo atual da atividade não serve mais. “Precisamos evoluir. Numa economia dinâmica e globalizada, trabalhamos sem segurança jurídica, sem previsibilidade”.

Atualmente Leonel participa da ATeG com foco na ovinocultura e coordena a Comissão de Leite e Derivados do Sistema Farsul.

WILSON BRAZ DA COSTA

Anápolis – Goiás

A atividade leiteira iniciou de forma gradativa na vida de Wilson Braz. Em 2015, fez a aquisição de duas matrizes para atender o consumo de leite do caseiro que trabalhava na fazenda. Cerca de um ano depois, o trabalhador e sua família foram embora e as vacas ficaram.

“Por não conseguir consumir todo o leite, comecei a vender parte dele, cerca de 40 litros por dia. Com a reprodução dos animais, eles se tornaram quatro, depois oito, dezesseis, até chegar em 46 animais”, afirmou.

Embora o leite não seja a principal atividade da fazenda, depois de ter sido contemplado com dois anos de Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás, a atividade se desenvolveu ao ponto de se tornar uma excelente fonte de renda. “O leite é fundamental para a manutenção da família e da propriedade”.

Wilson contou que mesmo não sendo de origem rural, o que o faz permanecer na pecuária de leite e enfrentar os desafios que são muitos, é o apoio recebido do Senar Goiás. “As capacitações e assistências que me fortalecem dia após dia”.

CARLOS ALBERTO BEZERRA DE SOUZA

Nossa Senhora da Glória – Sergipe

Carlos Alberto está na atividade desde 2015. Tudo começou quando teve que deixar sua profissão de análise de sistemas em Salvador para ajudar seu pai, que administrava uma fazenda em Nossa Senhora da Glória, em Sergipe. “Chegou um momento em que a idade pesou e ele pediu para que eu viesse embora para cuidar da propriedade”.

Apesar de não ter conhecimento sobre a área e ter iniciado apenas para ajudar o pai, Carlos foi ganhando gosto pelo trabalho. Em 2017 comprou mais animais, mesmo tendo resistência de seu pai, já que o objetivo era criação de gado para corte. “Hoje em dia eu vejo que o leite representa minha liberdade, meu sustento. Sinto muito orgulho de ser produtor e quero passar isso adiante, para que meu filho dê continuidade ao negócio”.

Carlos recebe acompanhamento do Senar desde 2018. Segundo ele, a ATeG foi extremamente importante para o seu crescimento na área. “Passei de uma produção diária de 100 litros de leite, em 2015, para 600 litros, em 2021, com média de produção de 20,5 quilos de leite por vaca”, disse.

Fonte: CNA

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