Fundecitrus: Pesquisa confirma resistência de psilídeos a piretroides e neonicotinoides

Publicado em 01/06/2023 16:38
Inseticidas à base dos ingredientes ativos bifentrina e imidacloprido já não estão sendo eficientes no controle do inseto transmissor do greening em algumas localidades e devem ser evitados temporariamente caso sejam observadas falhas de controle após seu uso

Psilídeos coletados em pomares de quatro microrregiões do Cinturão Citrícola  de São Paulo e Triângulo e Sudoeste Mineiro apresentaram redução da sua  suscetibilidade aos inseticidas dos grupos químicos piretroide e neonicotinoide.  A informação foi divulgada na tarde de hoje (01/06) pelo engenheiro-agrônomo  e pesquisador do Laboratório de Resistência de Artrópodes da Esalq/USP  Fernando Amaral, na palestra "Relevância da rotação de inseticidas no manejo  do psilídeo dos citros para maximizar eficácia e minimizar resistência",  ministrada na 44ª Semana da Citricultura/48ª Expocitros, no Centro de  Citricultura "Sylvio Moreira" (IAC), em Cordeirópolis (SP). 

Na palestra, Amaral disse que já foram identificados 123 casos de resistência  do psilídeo no mundo, para nove ingredientes ativos diferentes. Essa situação já  foi observada em pomares da Flórida (EUA), México, China e Paquistão e, agora,  é confirmada pela primeira vez no Brasil. Os estudos foram coordenados pelo  professor titular do Departamento de Entomologia e Acarologia da Esalq/USP  Celso Omoto, com amostras das microrregiões de Novo Horizonte (Noroeste),  Bebedouro (Norte), Santa Cruz do Rio Pardo (Sudoeste) e Limeira (Sul). "A  redução na suscetibilidade deve-se principalmente à alta frequência do uso de  inseticidas de um mesmo grupo químico sem a correta rotação", explica Amaral. 

O que fazer? 

O combate ao greening é baseado estruturalmente no chamado tripé de manejo,  que consiste no plantio de mudas sadias, eliminação de plantas doentes e  controle do psilídeo. Para que o controle do psilídeo seja eficaz, é importante que  não haja seleção de psilídeos resistentes, ou seja, indivíduos capazes de  sobreviver às aplicações de determinado defensivo e passar essa característica  para seus descendentes. Portanto, segundo o coordenador dos estudos, Celso  Omoto, os piretroides e neonicotinoides, neste momento, assim que observadas  falhas de controle, precisam sair temporariamente da lista de opções do  citricultor para controlar o inseto.

"Em caráter emergencial e temporário, é imprescindível evitar o uso de  inseticidas desses dois grupos químicos até que a suscetibilidade dos psilídeos  a esses produtos seja restabelecida", afirma Omoto. "Além disso, para impedir  que os psilídeos venham a apresentar resistência a outros grupos químicos, é  essencial que seja feita a rotação de inseticidas com pelo menos quatro grupos  químicos diferentes, sem que ocorram aplicações sequenciais de inseticidas do  mesmo grupo químico. Recomenda-se ainda utilizar inseticidas de grupos  químicos pouco utilizados na citricultura. Essas ações devem ser realizadas por  todos os produtores da região para serem mais efetivas", completa. 

Em regiões onde os produtores realizaram conjuntamente a rotação de  inseticidas e evitaram o uso de produtos desses grupos químicos com  resistência verificada, a população do psilídeo reduziu significativamente. 

Para saber como fazer a rotação de grupos químicos, acesse: 

https://www.fundecitrus.com.br/comunicacao/manual_detalhes/guia-de rotacao-de-inseticidas-para-controle-do-psilideo-2022/104.  

Baixe o Guia de Rotação de Inseticidas para Controle do Psilídeo do Fundecitrus.

Fonte: Fundecitrus

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