Detecção do greening em Santa Catarina mobiliza citricultores do Vale do Caí para ações preventivas
A detecção do greening em Santa Catarina ligou o sinal de alerta para a citricultura gaúcha. Considerada a mais letal praga para os pomares, a doença é causada por uma bactéria que se estabelece nas folhas das árvores, impedindo a distribuição da seiva. Sem cura, seus efeitos são devastadores, indo desde o amarelecimento dos ramos e galhos, especialmente da copa, até chegar ao abortamento de sementes e à redução e a deformação dos frutos. “O segredo, portanto, é antecipar o problema e reduzir assim os impactos”, afirma o fiscal agropecuário da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) Alonso Andrade.
Andrade integra uma equipe ligada ao Governo do Estado, que tem realizado uma série de capacitações em parceria com a Emater/RS-Ascar, voltadas a agricultores do Vale do Caí. O objetivo é trabalhar estratégias de prevenção ao greening na região, um dos principais polos citrícolas do Rio Grande do Sul. Na noite de terça-feira (06/12), agricultores dos municípios de São José do Sul e Salvador do Sul estiveram reunidos para acompanhar orientações, especialmente após ter sido identificada a presença da doença em pomares de Xanxerê, Abelardo Luz e São Domingos, em Santa Catarina.
A hipótese, de acordo com o fiscal agropecuário, é de que a introdução da bactéria possa ter ocorrido por meio de mudas contaminadas, decorrentes de comércio clandestino. Dada a gravidade do assunto, que pode dizimar pomares, já que a única solução existente até o momento é a derrubada das plantas infectadas, por não haver uma cura, a intenção da Seapdr é orientar os citricultores na intenção de evitar que a doença cruze a fronteira. “É um trabalho amplo de controle, que deve ser coletivo”, salienta Alonso. “O que envolve especialmente a aquisição de mudas sadias, de viveiros certificados”, observa o fiscal.
Integrante da Câmara Regional de Citricultura, que apoia o projeto, o extensionista da Emater/RS-Ascar Marcos Schafer participou recentemente da entrega de um relatório sobre o greening, um estudo que prevê que as perdas podem alcançar até 64% da produção regional de laranjas, bergamotas e limões. “E pela dificuldade de evitar a disseminação da doença por meio do manejo integrado de pragas, que tem pouca eficiência e alto custo, se torna importante divulgar ações do tipo para que atores de toda a cadeia trabalhem juntos na prevenção”, aponta o extensionista.
Nesse sentido, a fiscal agropecuária da Seapdr Danielle Oliveira da Rosa explica que duas reuniões com citricultores, comerciantes e viveiristas já foram realizadas – além de São José do Sul e Salvador do Sul, Pareci Novo já recebeu o encontro. Nesta quarta-feira (07/12) será a vez de Tupandi, no Centro de Eventos, a partir das 19h. Em Harmonia a ação ocorre na quinta-feira (08/12), no Centro de Convivência do Parque Municipal, a partir das 13h. No mesmo dia, a reunião em São Sebastião do Caí inicia às 19h, no salão de Campestre Teresinha. A rodada será concluída em Montenegro, às 16h do dia 09, na Oase Campo do Meio.
Há duas semanas lideranças estiveram reunidas em Bom Princípio para discutir a estratégia de trabalho. “A ação deverá se estender por todo o Estado, nos principais polos citrícolas”, observa Danielle. Presente no encontro de terça, a prefeita de São José do Sul, Juliane Bender, valorizou o esforço de todos na campanha. “Essa é uma ameaça que pode comprometer nossa produção, sendo importante estar atento”, frisou. A iniciativa tem o apoio das prefeituras dos municípios envolvidos, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) e da cooperativa Sicredi Montenegro.
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Também conhecido como Huanglongbing (HLB), o greening é atualmente a doença de maior importância econômica nas regiões citricultoras do mundo. O agente causal, transmitido pelo inseto psilídeo Diaphorina citri, é a bactéria Candidatus liberibacter spp., que se aloja no floema da planta causando sua obstrução e impedindo a distribuição da seiva. Com isto as plantas jovens tem seu desenvolvimento reduzido e as adultas se tornam improdutivas. As normas de controle são estabelecidas pela Instrução Normativa nº 53, de outubro de 2008.
Os sintomas característicos do greening são manchas cloróticas difusas nas folhas das plantas, formando um mosqueado assimétrico em relação à nervura central, incluindo ainda manchas conhecidas como “ilhas verdes”. Com a evolução da doença, podem surgir ramos com folhas totalmente amareladas, havendo queda prematura de folhas e frutos. Nos frutos geralmente ocorrem deformações em relação à columela central, presença de goma, redução de tamanho, espessamento do albedo, abortamento das sementes e amadurecimento desuniforme.
O RS, como medida de prevenção contra a HLB, publicou em 10 de agosto de 2011 a Portaria Estadual 133, que proíbe a entrada de plantas, partes de plantas e mudas de murta produzidas nos estados com ocorrência da bactéria. Além disso, adotou desde 2008 o monitoramento do vetor Diaphorina citri, por meio da instalação de armadilhas adesivas em pomares de citros. A Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) também realiza levantamentos periódicos em todas as regiões de citros do Estado. Em caso de suspeita de sintomas de HLB contate imediatamente a Divisão de Defesa Sanitária Vegetal (DDVS) da Seapdr. Mais informações podem ser obtidas pelo fone (51) 3288-6294 ou pelo e-mail defesavegetal@agricultura.rs.gov.br