Cacau: produção revela legado familiar e cultural na Amazônia

Publicado em 19/09/2024 14:02

O mercado do cacau movimenta quase R$ 3,5 milhões por ano no Brasil, e o Pará se destaca como o maior produtor nacional, gerando mais da metade desse valor (R$ 1,8 milhão/ano). A família Maia está inserida nesse segmento levando a tradição e a valorização dos povos originários da floresta por meio do empreendedorismo de impacto. Noanny Maia, CEO da Cacauaré, relata que o negócio surgiu da necessidade de valorizar o cacau e o legado de sua família na região de Mocajuba, uma cidade ribeirinha a 240km de Belém.

“Somos a quarta geração de produtoras de Cacau da nossa família em Mocajuba e, com o desafio de seguir o legado do nosso avô, percebemos um cenário bem diferente do que ele havia deixado: os impactos socioambientais sofridos prejudicaram a cultura do cacau na nossa região. Entre eles estão fatores como o crescimento do desmatamento, a má qualidade de vida dos produtores ribeirinhos e a desvalorização do Cacau Nativo, considerado um cacau especial”, relata.

Com um modelo de negócios que atende a empresas e pessoas físicas, a Cacauaré tem como proposta de valor permitir ao consumidor acesso a produtos originais da Amazônia de alta qualidade, com praticidade, preço justo e resgate histórico. “Com as experiências imersivas de ritual e cerimônia do cacau e turismo em Mocajuba vamos além dos produtos físicos”, acrescenta Noanny.

Valorização dos povos originais

Resgatando a tradição que considera o cacau como alimento dos deuses, que fornece nutrição para o corpo e conecta com energias espirituais, a Cacauaré se posiciona como uma marca cerimonial ou medicinal. Em 2023, sua margem de lucro ficou 30% acima da média de produtos florestais no mesmo período.

“Resgatamos o uso ritualístico do cacau para valorizar o cacau nativo da Amazônia, bem como as cadeias produtivas que podem ser impactadas com essa nova abordagem, como as pimentas nativas (comercializamos a pimenta confeccionada pelas indígenas da Tribo Wai Wai). Com nosso trabalho, impactamos mais de 30 famílias entre produtores de cacau, castanha, mandioca e pimenta. Juntos, produzimos mais de cinco toneladas de amêndoas de cacau, contribuímos para a manutenção de mais de 500 hectares de floresta nativa preservada e produtiva e ainda atingimos novos dos 12 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Neste ano, lançaremos a Escola das Guardiãs da Sabedoria da Floresta, nossa corrente de infoprodutos, com objetivo de orientar e divulgar conhecimento das tradições da cultura da Amazônia. Nossa primeira turma já conta com 10 inscritas no Estudo sobre Cerimônia do Cacau de 21 dias”, comemora a empreendedora.

O legado e a tradição são protegidos pela tecnologia, conforme compartilha Noanny. A rastreabilidade dos produtos é feita com tecnologia blockchain, a fim de assegurar a legitimidade e origem.

Oportunidades

A produção de cacau no Brasil é realizada em grande escala para abastecer grandes marcas de chocolate. Para Victor Moreira, pesquisador da Fundação CERTI e coordenador da Jornada Amazônia, as oportunidades para as startups do setor de alimentos e bebidas são para atuar principalmente no mercado de chocolate fino, o que oferece um maior valor agregado.

“O mercado de cacau está muito bem valorizado e, com isso, é possível vender cacau fino a preços mais altos devido à oscilação no mercado mundial. Além disso, podemos usar a fruta para fazer outros produtos como nibs de cacau, cacau em pó e manteiga de cacau, aumentando ainda mais o valor adicional”, afirma Janice.

A Cacauré participou do Sinapse da Bioeconomia, programa de pré-incubação voltado a incentivar a originação de novos negócios que integra a Plataforma Jornada Amazônia. Vale destacar que, através do programa, 71 novos negócios foram apoiados em 2023, e mais 70 serão selecionados neste mês de setembro. Durante a participação, os empreendedores recebem treinamentos e capacitações em trilhas de conhecimento e ajuda para formalizar o negócio. A iniciativa é realizada e coordenada pela Fundação CERTI, ao lado do Instituto CERTI Amazônia, tendo a coparticipação e investimentos do Bradesco, Fundo Vale, Itaú Unibanco e Santander.

Fonte: Assessoria de Comunicação

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