Produtor colhe 12.500 toneladas de melão por safra em pleno semiárido do Rio Grande do Norte

Publicado em 24/08/2023 17:32 e atualizado em 25/08/2023 08:25
Produção na região só é possível graças a irrigação e mercados compradores vão do Brasil até a China

No semiárido do Rio Grande do Norte, a região de Mossoró se destaca pela produção de frutas, em especial o melão. De acordo com dados da Prefeitura Municipal de Mossoró/RN, na safra 2022/23 o município colheu cerca de 400 mil toneladas de melão, o que movimentou mais de R$ 1 bilhão no ciclo. 

Deste total, aproximadamente 12.500 toneladas vieram dos 500 hectares de seo Ajax Dantas, que cultiva a fruta na Zona Rural do município desde o início dos anos 2.000, começando aos poucos e expandindo sua área hectare por hectare. 

Atualmente 60% da produção de melão é destinada à exportação de mercados como o Europeu e a China, e os 40% restantes ficam para o mercado interno. 

“Hoje o grupo Coopyfrutas (cooperativa de produtores da região e soma 2 mil hectares produzidos) representa 10% de todo o melão brasileiro que vai para a Europa com cerca de 70 containers de 20 toneladas por semana. A cada 70 contêiners mandados para a exportação, outros 30 ou 40 ficam no mercado interno”, diz o produtor. 

A fazenda Dina, nome dado em homenagem à Dona Geraldina, mãe de seo Ajax, organiza sua produção de maneira a escalonar as atividades ao longo de todo ano, de tal forma que toda semana haja atividades tanto de plantio quanto de colheita dos melões que ficam em campo cerca de 60 dias. 

O escalonamento também ajuda na questão da rastreabilidade, já que as parcelas são todas numeradas e essa identificação se mantem desde a colheita, embalagem e distribuição ao mercado. 

“Fazemos o nosso manejo por parcelas para escalonar o plantio e para controle fitossanitário. As parcelas são divididas por quebra ventos de milho ou sorgo para facilitar a divisão. Todos os colaboradores da operação sabem onde está cada parcela e, uma vez chamada aquela parcela 53, ela fica chamada 53 para sempre, mesmo se não plantar fica sendo o pousio 53, pode plantar variedades diferentes ou aumentar a área, mas aquela é a parcela 53 com referência geográfica”, explica Dantas. 

Depois de colhidas, as frutas são destinadas à uma packing house dentro da mesma propriedade, onde são separadas, encaixotadas e preparadas para a retirada de caminhões que vão levar os contêiners cheios de frutas para os portos da região ou para outros mercados brasileiros. 

Importância da Irrigação 

O município de Mossóro/RN tem média pluviométrica de apenas 555 milímetros por ano, de acordo com dados coletados pela Climate-Data.org. Sendo assim, essa produção de frutas na região é extremamente dependente da irrigação. 

“Você vê toda essa riqueza da região e a irrigação é muito importante, sem a água nada disso iria acontecer. Ou chove por cima, ou você tem que fazer chove por baixo pela irrigação”, aponta seo Ajax. 

A água que abastece a propriedade vem do Aquífero Açú, que fica à 700 metros de profundidade, e do calcário Jandaíra, que fica à 70 metros de profundidade. O produtor explica que uma bomba de 180 cavalos de potência puxa essas águas, que se misturam no reservatório e são jogadas no campo, com capacidade de irrigação de 60 metros cúbicos por hora por hectare no auge da safra. 

“Nós temos uma segurança hídrica muito bacana na região e a chegada das águas do São Francisco consolidou ainda mais essa segurança no Rio Grande do Norte. Nós temos água também no subsolo que ajuda muito com o Arenito Açú”, destaca o Secretário de Agricultura do Rio Grande do Norte, Guilherme Saldanha. 

A liderança estadual ainda ressalta as facilidades que o governo potiguar busca trazer para os produtores seguirem investindo e aumento as áreas de produção de frutas irrigadas na região. “Hoje no Rio Grande do Norte você consegue tirar uma outorga de água no computador da mesa de qualquer fazenda. Isso é muito importante, principalmente para os pequenos produtores que só tem o benefício na energia elétrica se ele tiver a outorga de água, e a diferença do benefício da energia elétrica chega a ser de 83%”, diz. 

Por: Guilherme Dorigatti
Fonte: Notícias Agrícolas

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