Moagem de amêndoas de cacau em fevereiro fica estável
A moagem de amêndoas de cacau das indústrias processadoras instaladas no Brasil ficou praticamente estável em fevereiro, de acordo com o levantamento dos dados feitos pelo SindiDados – Campos Consultores e divulgados pela Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). Ao todo foram processadas 17.484 toneladas, ante 18.570 toneladas em janeiro. Se comparado a fevereiro de 2021, quando foram processadas 17.524 toneladas, o volume também segue estável. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, o volume de moagem chega a 36.054 toneladas, ante 37.785 toneladas no mesmo período do ano passado.
Já o recebimento em fevereiro registrou leve queda em relação a janeiro, de 24,4%, fechando o período em 8.904 toneladas ante 11.791 toneladas. Segundo Anna Paula Losi, diretora executiva da AIPC, a queda no início do ano já era esperada, por se tratar do período final da safra. Apesar disso, os dados acumulados nos dois primeiros meses do ano apontam um aumento de 118% no volume total recebido, que somou 20.695 toneladas, ante 9.456 toneladas do mesmo período do ano passado. Esse movimento indica uma melhora na produção, que no ano passado sofreu com os efeitos das oscilações climáticas, especialmente no Pará. “Nos próximos meses será possível verificar se teremos também uma recuperação da safra temporã”, pondera Anna Paula.
Recebimento por estado
A Bahia segue como principal origem das amêndoas recebidas pelas indústrias em fevereiro, com 5.208 toneladas, ante 3.009 toneladas em fevereiro passado, aumento de 73% no período. Em seguida vem o recebimento do Pará com 3.137 toneladas, ante 564 toneladas em fevereiro de 2021, alta de 456%. O volume de recebimento do Espírito Santo também aumentou no comparativo, com 535 toneladas em fevereiro desse ano, ante 324 toneladas em fevereiro passado, enquanto o recebimento de Rondônia ficou praticamente estável em 24 toneladas.
No acumulado do ano, a Bahia já enviou 12.043 toneladas para as processadoras, Pará 7.201 toneladas, Espírito Santo 1.410 toneladas e Rondônia 41 toneladas.
Exportações
As exportações de derivados de cacau nos dois primeiros meses de 2022 somaram 8.851 toneladas, recuo de 5,3% ante as 9.347 toneladas registradas nos dois primeiros meses de 2021. Entre os principais destinos dos produtos estão a Argentina, com 46,6% do volume total, seguida por Estados Unidos com 19,9% e Chile com 11%.
Conjuntura internacional
O mês de fevereiro começou com o cacau em alta, mas as oscilações do cenário político e econômico mundial acabaram por afetar o mercado de commodities. De acordo com o analista da StoneX, Caio Santos, no decorrer do mês, as telas de cacau negociadas na ICE, em Nova York, operaram majoritariamente em duas fortes tendências: com ganhos recorrentes até o 11⁰ dia e seguindo em um considerável movimento baixista até o último pregão do mês. A priori, “as altas vigentes na primeira metade do mês refletiram o expressivo aumento de posições compradas por parte dos agentes, embasado principalmente pela considerável apreciação do euro e um reforço na perspectiva deficitária para a safra atual, assim levando o mercado a seu maior patamar dos últimos dois anos, em U$2.838”, explica o analista.
No entanto, com a escalada das tensões no Leste Europeu, que culminaram na invasão da Ucrânia ao final do mês, o analista explica que o cacau, assim como diversos outros mercados de capitais, apresentou um expressivo movimento de aversão ao risco por parte dos investidores, levando à erosão de mais de 300 pontos no segundo futuro da bolsa e reorganizando os preços nos mesmos patamares vistos ao final de janeiro, quando a média ficou em US$ 2550. “No curto prazo, agentes ainda devem monitorar o avanço do conflito e de seus desdobramentos, principalmente em relação aos prejuízos econômicos e restrições de tráfego, antes do mercado se voltar plenamente aos fundamentos intrínsecos do mercado de cacau, como as entregas de safra e perspectivas quanto a demanda por chocolate”, pondera.