Brasil autoriza importação de uva e alho do Egito
Após o Egito abrir o mercado para os produtos lácteos brasileiros, o Brasil irá iniciar o processo de importação de uva e alho egípcios. A decisão foi comunicada neste domingo (15) pela ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) em reunião com o ministro da Agricultura e Recuperação de Terras do Egito, Ezz el-Din Abu Steit, no Cairo.
Outros temas do encontro foram a importação de laranjas pelo Brasil e o envio de caprinos e ovinos para o Egito, medida que pode beneficiar o Nordeste brasileiro, onde há um centro avançado de pesquisas da Embrapa sobre a atividade, localizado em Sobral (CE). Os ministros trataram ainda da equivalência de normas consulares e certificados sanitários.
“Durante muitos anos ficamos fechados, o Brasil agora tem pressa por essa abertura [de mercado]”, disse a ministra.
O ministro Ezz el-Din Abu Steit elogiou os avanços alcançados até agora e afirmou que alguns acordos não foram fechados por exigirem mais discussão. Conforme o ministro, o Egito tem a intenção de aumentar as importações de produtos agropecuários brasileiros, bem como incrementar a parceria na área de pesquisa.
Os dois países estão revisando protocolo de parceria entre a Embrapa e o Centro de Pesquisas do Egito.
Agropecuária sustentável
Antes da reunião, Tereza Cristina participou de seminário com empresários na Federação das Câmaras Egípcias de Comércio.
Em discurso, a ministra ressaltou que 75% das exportações para o Egito estão concentradas em carne bovina, açúcar e milho, e que a pauta agrícola entre os países pode ser diversificada, com a venda de café e suco de frutas, por exemplo. “O potencial de comércio e investimentos entre Brasil e Egito é enorme e precisa ser aprofundado”, afirmou.
Tereza Cristina destacou que a produtividade da agropecuária brasileira cresceu significativamente nas últimas décadas, caminhando junto com a sustentabilidade. Quanto às queimadas na Amazônia, está é uma preocupação do governo federal, assim como dos produtores rurais, e medidas de combate estão sendo tomadas. “O Brasil nunca deixou de reconhecer a gravidade da questão [das queimadas]. Entretanto, associá-la à produção agropecuária brasileira é um oportunismo criminoso. O que é preciso fazer, e está sendo feito, é identificar e punir os verdadeiros culpados. A preservação ambiental é uma preocupação não apenas do governo brasileiro, mas dos próprios produtores rurais”.
E declarou que a ambição do país “é continuar a divulgar a imagem internacional da agricultura brasileira, de forma a apresentá-la a parceiros exatamente como ela é: inovadora, dinâmica, responsável, lucrativa e sustentável”.
Segundo o presidente da Federação das Câmaras Egípcias de Comércio, Ibrahim Al- Arabi, 11% dos produtos alimentícios consumidos no Egito são provenientes do Brasil. Para ele, é preciso fortalecer a logística e o transporte para ampliar a relação bilateral. Ele mencionou o acordo de livre comércio com o Mercosul, firmado em 2010, como forma de favorecer os negócios. “Os ventos da Primavera trouxeram mais investimentos para o Egito e o Brasil é parceiro neste caminho”.
Já o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Rubens Hannun, defendeu menos burocracia nas exportações, custos mais baixos e prazos menores nos trâmites. No último dia 5, de acordo com ele, a Liga dos Estados Árabes abriu linha direta de diálogo com o Brasil, especialmente o Egito.
Entre os dias 11 e 23 de setembro, a ministra Tereza Cristina visitará quatros países do Oriente Médio: Egito, Arábia Saudita, Kuwait e os Emirados Árabes Unidos.