Safra 2015/16: Área com Mandioca Industrial deve ser menor em São Paulo
Em 2015, a produção nacional de mandioca deverá se situar em 24,1 milhões de toneladas, 4,4% superior ao resultado obtido no ano anterior, segundo estimativa de junho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora 3% menor que a média dos últimos dez anos, a recuperação da produção, aliada à redução do nível de atividade econômica, deve estar contribuindo para o encolhimento dos preços recebidos pelos produtores, informa a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Em 2012 e 2013, a região Nordeste foi afetada por severa estiagem, o que elevou os preços a níveis recordes, consequência da pressão da demanda nordestina por produto paulista.
Em termos reais, os preços recebidos pelos produtores paulistas atingiram R$537,00 por tonelada em dezembro de 2013. A partir de então, iniciou-se movimento de queda, atingindo R$126,00/t em julho de 2015. Conforme levantamento diário de preços efetuado pelo Instituto de Economia Agrícola, em 25 de agosto os preços estavam em R$114,90/t. “O movimento cíclico histórico dos preços da mandioca industrial é um comportamento conhecido no mercado do produto. Entre as causas apontadas frequentemente, encontram-se os períodos de seca no Nordeste e também a concorrência com o milho como fonte de amido", afirma José Roberto da Silva, pesquisador do IEA.
Em junho do ano passado, em plena safra, os preços ainda estavam situados em patamares viáveis, R$244,28, comparativamente ao preço mínimo vigente na safra atual, relação que pode explicar em parte porque, mesmo nessa trajetória descendente de preços, o 5º Levantamento de Previsão e Estimativas de Safra do Instituto de Economia Agrícola, realizado em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral em junho deste ano, mostra expansão de área e produção em 2015, respectivamente de 6,2% e 14%.
Enquanto a produção nacional de milho evoluiu de 57,4 milhões de toneladas, na safra 2010/11, para 84,3 milhões de toneladas, na safra 2014/15, a de mandioca caiu de 24,9 milhões de toneladas para 23,1 milhões de toneladas, no mesmo período. A intensificação do fenômeno El Niño, que vem sendo veiculada pela mídia, pode levar ao recrudescimento da seca na região nordestina e permitir a reversão da atual trajetória dos preços, em decorrência da menor oferta do produto. Mas o setor não pode ficar dependente desses tipos de eventos. “É preciso construir um sistema de governança que dê ênfase ao planejamento da produção, e isso é possível principalmente em regiões onde a atividade se apresenta com caráter predominantemente comercial, como é o caso da cultura no Estado de São Paulo”, ressalta José Roberto da Silva.
Como o Sudoeste Paulista, especialmente os EDRs (Escritórios de Desenvolvimento Rural) de Assis, Ourinhos, Tupã, Presidente Prudente e Mogi-Mirim, concentra mais de 70% da produção do Estado, qualquer desequilíbrio pode afetar seriamente a economia da região, afirma o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim. “As análises de mercado elaboradas pelo Instituto de Economia Agrícola são importante instrumento de tomada de decisão em situações como essa. Informações como estas servem de subsídio para a discussão que deve ser realizada no âmbito da Câmara Setorial. Dessa forma, estamos atendendo a orientação do governador Geraldo Alckmin que é de encurtar os elos e favorecer o diálogo entre os componentes da cadeia produtiva, no sentido de dinamizar cada vez a agropecuária paulista”, concluiu o secretário.