Produtor se diz refém da cultura de trigo

Publicado em 20/04/2010 08:36

Os produtores de trigo dizem que, neste ano, tiveram a prova de que estão presos à cultura. Só não escapam por que não podem, alegam. A redução estadual de 12% na área só não teria sido maior porque a alternativa de in­­verno mais plantada no Oeste, o milho 2ª safra, está com preço abaixo do custo (R$ 14 a saca) e porque não há outra cultura comercial tecnicamente desenvolvida para as regiões mais frias.

Sem a opção de plantar milho, Willem Bauwman, de Tibagi (Campos Gerais), reduziu a área do trigo de 1,2 mil para 1,1 mil hectares seguindo planejamento técnico-agronômico. “Nesse planejamento, não consideramos o mercado ou as novas regras. Agora estamos muito apreensivos.” Ele considera que as novas exigências de padrão podem trazer também certa tranquilidade. “Ter regras claras é melhor do que brigar com a indústria lá na frente.”

Para quem ainda não vendeu o trigo da safra passada e teme que o quadro se repita, as mudanças são uma preocupação extra. O agricultor Enio Pasquale, de Campo Mourão (Centro-Oeste), plantou 726 hectares um ano atrás, colheu uma média 37 sacas por hectare e não sabe o que fazer com 7 mil sacas estocadas na cooperativa à espera de comprador. Por conta disso, nesta safra, reduziu em 80% a área de plantio. “Vou plantar em apenas 145,2 hectares porque tenho semente e para fazer cobertura de solo. Investir no trigo é o mesmo que rasgar dinheiro.”

Albino Nespolo, da mesma região, que planeja plantar o cereal em 96,8 hectares, já prevê prejuízo. “Além de ser uma lavoura de alto risco, sequer preço tem. Vou plantar para ocupar a terra e porque tenho sementes, mas não sei para quem vou vender a produção”, reclama. Vale lembrar: o Brasil chega a importar 5 milhões de toneladas de trigo por ano.

Tags:

Fonte: Gazeta do Povo

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ibrafe: Produtores do Paraná estão ocupados tentando colher Feijões em meio às chuvas
Conab: Equipe técnica realiza pesquisa para atualizar o levantamento da Safra de Grãos 2024/2025
Boa produção e reabertura de exportações asiáticas tendem a favorecer oferta de arroz no mercado mundial
Ibrafe: Mercado do feijão está especulado
Novos leilões de contrato de opção de venda de arroz são marcados para próximo dia 20
China promoverá modernização das fazendas para sustentar produção de grãos
undefined