Soja: Sem grandes ajustes, USDA aumenta estoque dos EUA e ignora alterações na safra do Brasil
“Em modo de espera para o relatório de maio – a clássica atualização de inclusão da safra nova – o USDA trouxe agora em abril apenas ajustes marginais no quadro de oferta e demanda de soja nos EUA e simplesmente ignorou o cenário da produção brasileira”, diz Alef Dias, analista de Grãos e Macroeconomia da Hedgepoint Global Markets.
“Nos EUA, o departamento confirmou menor demanda, ajustando para baixo as linhas de exportação e de uso para sementes”, pontua.
O ritmo de vendas de exportação embarcadas está perto das mínimas dos últimos 5 anos. Quanto ao uso de semente, o corte é em linha com o fato de a área reportada no relatório de intenção de plantio ter vindo abaixo da área do Fórum Agrícola.
“Já com relação ao Brasil, a diferença entre a leitura do USDA para a produção de soja e a da Conab é a maior da história, 155M mt contra 146,5M mt, respectivamente”, destaca.
Milho: Consumo doméstico a todo vapor nos EUA
“Em linha com as expectativas do mercado, o USDA ajustou para cima duas linhas importantes de consumo de milho nos EUA: ração animal e uso para etanol. Dessa forma, o estoque final norte-americano foi reduzido, atingindo a expectativa do mercado dado os números do último relatório trimestral de estoque”, afirma Alef.
“Para a América do Sul, o USDA trouxe menor leitura para a safra da Argentina, de 56 para 55M mt, refletindo corte no potencial produtivo. Já no Brasil, a decisão do departamento foi de manter sua leitura inalterada mesmo diante dos recentes cortes feitos pela Conab. Assim como na soja, as leituras das duas entidades para milho se distanciam mês a mês, com USDA estimando 124M mt enquanto a Conab trabalha com 111M mt”, observa.
Cabe destacar que a projeção de importação de milho pela China segue mantida em 23M mt, apesar dos recentes sinais de desaquecimento do apetite do gigante asiático.
Trigo: Números baixistas nos EUA roubam atenção do mercado
Os números baixistas dos estoques finais dos EUA pesaram sobre os preços em meio aos números globais altistas. No balanço dos EUA, o consumo doméstico foi reduzido devido ao uso implícito de ração e resíduos abaixo do esperado no segundo e terceiro trimestres, com base no último relatório NASS Grain Stocks. Consequentemente, os estoques finais foram aumentados em 25M bu, mais do que a estimativa mediana.
“No entanto, os números mundiais trouxeram alguns pontos de alta a serem considerados. Embora o mercado estivesse esperando estoques finais mundiais mais altos, o USDA apresentou um corte de 0,5M mt, devido ao aumento das exportações da Ucrânia e do consumo interno na Índia”, pontua.
O uso de alimentos, sementes e industrial na Índia aumentou 2M mt neste mês, para 106,2M mt. Os últimos relatórios mensais de estoques emitidos pela Food Corporation of India mostram a continuidade das vendas no mercado aberto, já que o governo da Índia tenta limitar a inflação dos preços dos alimentos antes das eleições, que começam no final deste mês.
As exportações da Ucrânia aumentaram 1,5M mt chegando a 17,5M mt, pois os preços competitivos e a ampliação do horário de funcionamento dos portos de Odessa este ano permitiram o aumento da atividade exportadora.